Confusão mental - é possível evitar?
O que é confusão mental?
A confusão mental não é uma doença em si, mas uma síndrome1 que pode estar presente em várias doenças que faz com que a pessoa sinta que não pode pensar com clareza. Ela é um estado de perturbação que pode tanto estar associado ao rebaixamento do nível de consciência quanto a alterações importantes no fluxo do pensamento e no desempenho de funções cognitivas como atenção, concentração, memória e funções executivas.
A pessoa pode se sentir desorientada, não conseguir reconhecer sua localização no espaço e no tempo (não saber onde está, ou que dia é hoje, ou que horas são) e ter dificuldade para se concentrar, reconhecer pessoas de seu convívio, concluir tarefas simples ou tomar decisões. Por isso, a confusão também é conhecida como desorientação.
Em seu estado extremo, ela pode levar ao delirium2 (não ao delírio3). O delirium2 é uma síndrome1 aguda secundária a uma doença física, intoxicação medicamentosa e abstinência a hipnossedativos, álcool ou outra droga de abuso, com diminuição da consciência, desatenção e alterações na cognição4. É também o distúrbio psiquiátrico mais comum em pacientes idosos hospitalizados.
Quais são as causas da confusão mental?
A confusão mental pode ser causada tanto por alterações fisiológicas5 bastante comuns e passageiras, como por eventos patológicos e graves. Entre os fatores que contribuem para a confusão mental, destacam-se a privação do sono, infecções6, hipoglicemia7, baixa oxigenação, estresse ou ansiedade elevados, febre8, tumores encefálicos, traumatismo9 craniano, evento traumático intenso, doenças neurológicas causadoras de demência10 e uso de substâncias psicoativas.
Leia sobre "Delirium2 em idosos", "Como exercitar seu cérebro11", "Insônia", "Quando a perda de memória não é normal".
Qual é o substrato fisiológico12 da confusão mental?
O encéfalo13 humano é o órgão responsável por processar e decodificar estímulos, integrando-os e atribuindo emoções e sentimentos aos estímulos sensoriais que o indivíduo recebe. É por conta das múltiplas funções que são processadas concomitantemente em nível neuronal que o indivíduo interage com o meio e com os outros indivíduos de forma adaptativa e assertiva, permitindo um pensamento lógico e adequado.
O estado de vigília, a consciência e a preservação de funções cognitivas é o que permite ao indivíduo realizar certas tarefas, incluindo orientar-se e comunicar-se adequadamente. Porém, declínios da função cognitiva14 e alterações neurofisiológicas podem comprometer essas habilidades. É o que ocorre, por exemplo, durante o estado de confusão mental, o qual será caracterizado a seguir.
Quais são as características clínicas da confusão mental?
A confusão mental pode surgir repentinamente ou desenvolver-se gradualmente com o tempo. Alguns sinais15 de confusão incluem palavras arrastadas, com longas pausas durante a fala, fala anormal ou incoerente, falta de conhecimento da localização no tempo e no espaço, esquecimento de uma tarefa enquanto está sendo realizada e mudanças repentinas nas emoções, como agitação repentina. Uma pessoa confusa pode precisar de ajuda com coisas que antes conseguia fazer sozinha. Em alguns casos, o indivíduo pode ainda apresentar pensamentos desconexos, tendo um discurso desorganizado e ilógico, em desconexão com a realidade.
Como o médico diagnostica a confusão mental?
O diagnóstico16 de confusão mental é eminentemente17 clínico e dependente dos sinais15 e sintomas18 relatados ou exibidos pelo paciente. O diagnóstico16 do evento causador da confusão mental demanda obrigatoriamente algum exame que permita avaliar a função neurológica de forma mais específica. Existem diferentes exames neurológicos para esta finalidade, cada um voltado mais especificamente para avaliar um determinado conjunto de funções.
Como as principais alterações causadoras de confusão mental são alterações funcionais, o principal exame é o eletroencefalograma19 (EEG). Em casos raros e muito específicos, o padrão observado no EEG pode exigir um exame de ressonância magnética20 para descartar alterações estruturais do cérebro11.
Como o médico trata a confusão mental?
Não existe tratamento específico para a confusão mental. O tratamento deve ser direcionado à doença ou à condição que está precipitando o estado confusional. Se o paciente confuso estiver muito agitado, o uso de drogas para acalmá-lo e para controlar a agitação podem ser utilizadas. Em casos extremos, e que ao máximo devem ser evitados, pode ser necessário conter o paciente no leito, principalmente se o mesmo estiver sob risco de queda da cama ou tentando arrancar soros e medicações administradas por via venosa.
Como prevenir a confusão mental e o delirium2?
Procura-se evitar a confusão mental tratando de maneira adequada e o mais rapidamente possível as condições de base que podem levar a ela. Mais importante que tratar o delirium2, é tentar prevenir o seu aparecimento. Para isso, deve-se:
- Evitar manter o paciente internado por longos períodos.
- Controlar adequadamente a sua dor.
- Evitar uso excessivo de medicamentos.
- Evitar o uso prolongado de cateteres e sondas.
- Estimular o paciente a não ficar restrito ao leito.
- Tratar as infecções6 por ventura existentes em tempo hábil.
- Dormir bem.
- Medicar as febres, principalmente aquelas acima de 38,5°C, encontrando as suas causas.
- Acompanhar adequadamente pessoas com dependência a drogas.
Veja também sobre "Alterações da consciência", "Estado de coma21", "Estado crepuscular" e "Alucinações22".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Harvard Health Publishing, da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.