Síndrome Perisylviana - conceito, sintomas, diagnóstico, tratamento
O que é síndrome1 Perisylviana?
A síndrome1 Perisylviana é uma doença neurológica muito rara caracterizada por danos na fissura2 sylviana, ou fissura2 de Sylvius, daí o seu nome. A fissura2 de Sylvius está presente em todas as pessoas e é uma área do cérebro3 envolvida na linguagem e na fala, sendo responsável tanto pela codificação articulatória como pela programação motora da linguagem falada.
A síndrome1 só foi descrita em detalhes há pouco mais de dez anos e, antes disso, esse assunto era quase desconhecido.
Quais são as causas da síndrome1 Perisylviana?
Acredita-se que os sintomas4 e demais achados associados à síndrome1 perisylviana sejam devidos ao desenvolvimento inadequado da superfície externa do cérebro3 (córtex cerebral) durante o crescimento embrionário. Na maioria dos casos, a síndrome1 perisylviana parece ocorrer aleatoriamente por razões desconhecidas, na ausência de histórico familiar. No entanto, já foram relatadas famílias em que mais de um membro foi afetado.
Nesses casos, os pesquisadores sugerem que a condição pode ser potencialmente devida a uma anormalidade genética subjacente que pode ter herança autossômica5 recessiva. Em distúrbios recessivos, a condição não aparece, a menos que a pessoa herde um gene defeituoso ou mutante para a mesma característica de cada um dos pais. Essa eventualidade, contudo, só acontece raramente. Daí, a raridade da síndrome1.
Leia também sobre "Genética - Alguns conceitos básicos", "Deficiência intelectual" e "Paralisia6 cerebral infantil".
Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 Perisylviana?
A camada externa do cérebro3 normalmente assume uma forma ondulada, uniforme em toda a sua extensão, formando saliências chamadas “giros”. Essa camada cerebral é constituída por zonas responsáveis pelo movimento e pensamento conscientes e pela elaboração dos impulsos sensitivos que chegam a ela, além da linguagem e da fala.
No entanto, nos casos da síndrome1 perisylviana, as células7 embrionárias chamadas neuroblastos não conseguem migrar para seus locais de destino na porção externa do cérebro3. Como resultado, o córtex cerebral não desenvolve o número normal de camadas celulares e nem os sulcos nas laterais de ambos os hemisférios cerebrais, em torno do Sulco de Sylvius.
A síndrome1 perisylviana é identificada por meio da polimicrogiria8 (inúmeros giros muito pequenos) no cérebro3, na região do sulco de Sylvius. Isso resulta de uma malformação9 no desenvolvimento cortical caracterizada por um número excessivo de pequenos giros, dando à superfície cortical uma aparência irregular e grosseiramente distinta. A gravidade clínica da síndrome1 parece ter correlação com a significância dessa anomalia cortical.
Em alguns casos, os giros em torno do sulco que separa as porções frontal e lateral do cérebro3 (fissura2 de Rolando) também podem estar malformados.
Quais são as características clínicas da síndrome1 Perisylviana?
A síndrome1 perisylviana bilateral congênita10 é um distúrbio neurológico extremamente raro que pode ser aparente no nascimento (congênito11), na infância ou mais tarde durante a infância.
Caracteriza-se por:
- baixo tônus muscular12;
- paralisia6 parcial dos músculos13 de ambos os lados da face14, da língua15, mandíbula16 e garganta17;
- dificuldades na fala, na mastigação e na deglutição18;
- e/ou episódios súbitos de atividade elétrica descontrolada no cérebro3, gerando uma epilepsia19 de difícil controle medicamentoso.
Na maioria dos casos, também está presente uma dificuldade de mobilidade e uma deficiência intelectual leve a grave.
Como o médico diagnostica a síndrome1 Perisylviana?
A síndrome1 perisylviana pode ser diagnosticada no nascimento ou no início da vida, com base em uma avaliação clínica completa, um histórico detalhado do paciente e uma avaliação neurológica completa, incluindo técnicas de imagem como eletroencefalografia20, tomografia computadorizada21 e/ou ressonância magnética22.
Imagens de tomografia computadorizada21 e ressonância magnética22 podem confirmar malformações23 perisylvianas e/ou perirolândicas e anormalidades das dobras e sulcos profundos do cérebro3. Além disso, a análise das alterações da fala devido ao controle muscular prejudicado pode revelar padrões característicos em indivíduos com síndrome1 perisylviana, como dificuldade em determinadas vogais ou intervalos de ruído.
Como o médico trata a síndrome1 Perisylviana?
O tratamento é direcionado para os sintomas4 específicos aparentes em cada indivíduo e pode exigir os esforços de uma equipe multidisciplinar, com pediatras, neurologistas, neurocirurgiões, fisioterapeutas e outros especialistas, para abranger de forma sistemática o tratamento de uma criança afetada.
O tratamento com medicamentos anticonvulsivantes, embora com dificuldades, pode ajudar a prevenir, reduzir ou controlar vários tipos de epilepsia19 associados à síndrome1 perisylviana. Em lactentes24 afetados, o hormônio25 adrenocorticotrófico (ACTH) dá bons resultados quanto às convulsões, em alguns casos. Nos casos em que a terapia medicamentosa é ineficaz na prevenção ou controle de convulsões (epilepsia19 intratável), a remoção cirúrgica de tecido26 em certas áreas do cérebro3 pode resultar em melhora das convulsões.
A intervenção precoce é importante para garantir que as crianças com a síndrome1 perisylviana atinjam seu potencial máximo de desenvolvimento. Os atendimentos especiais que podem ser benéficos para as crianças afetadas podem incluir fisioterapia27, educação corretiva especial, fonoaudiologia e outros serviços médicos, sociais e/ou vocacionais.
Veja sobre "Distrofias28 musculares", "Terapia ocupacional29" e "Quando uma criança começa a falar?"
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Genetic and Rare Diseases Information Center e da Universidade de Campinas.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.