Sialorreia - em que consiste?
O que é sialorreia1?
A sialorreia1, também conhecida como hipersalivação ou ptialismo, significa literalmente fluxo excessivo de saliva. É um sintoma2 debilitante que ocorre quando há excesso de saliva na boca3. Esse problema pode se manifestar por uma das duas maneiras:
- sialorreia1 anterior, que é quando os pacientes apresentam derramamento excessivo de saliva a partir da boca3 (baba)
- sialorreia1 posterior, quando os pacientes apresentam derramamento posterior excessivo de saliva da boca3, afetando as vias aéreas
Quais são as causas da sialorreia1?
Em bebês4, uma proporção maior de saliva é um fato fisiológico5 que deve cessar entre as idades de 15 a 36 meses, com o estabelecimento da continência salivar, e só deve ser considerada anormal se persiste após os 4 anos de idade.
A sialorreia1 patológica pode ser um fenômeno isolado devido à hipersalivação ou ocorrer em conjunto com vários distúrbios neurológicos, como esclerose6 lateral amiotrófica, paralisia7 cerebral, doença de Parkinson8 ou como um efeito colateral9 de medicamentos. Em crianças, a causa mais comum de sialorreia1 é a paralisia7 cerebral, que persiste em 10% a 38% dos casos. Em adultos, a doença de Parkinson8 é a causa mais comum, ocorrendo em 70% a 80% dos pacientes.
Enfim, a sialorreia1 pode ser decorrente do aumento da produção de saliva (idiopática10 ou induzida por drogas) ou relacionada à falha dos mecanismos de remoção da saliva da cavidade oral11. Perturbações na coordenação da musculatura orofacial e do palato12 podem levar ao acúmulo de saliva na porção anterior da boca3. Essa incoordenação também inibe o início do reflexo de deglutição13, interrompendo ainda mais o caminho da saliva da boca3 para a orofaringe14.
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Como é produzida a saliva?
As principais glândulas17 produtoras de saliva são as parótidas18 (a maior delas), as submandibulares e as sublinguais. A saliva que elas secretam tem papel importante na lubrificação, digestão19, imunidade20 e manutenção da homeostase no corpo humano21.
A glândula parótida22 está localizada na região pré-auricular, ao longo da superfície posterior da mandíbula23, e é dividida pelo nervo facial24 em um lobo superficial e um lobo profundo. A glândula submandibular25 é a segunda maior glândula26 salivar, está localizada no triângulo submandibular. A glândula sublingual27 é a menor das três e fica no assoalho anterior da boca3.
A saliva é produzida em grandes volumes em relação à massa de cada glândula26 e é quase completamente controlada extrinsecamente pelo sistema nervoso autônomo28. A produção diária de saliva é de 500 ml a 2 litros. Quando estimulada (pela mastigação, por exemplo), 70% da saliva é secretada pelas glândulas17 submandibulares e sublinguais, mas no estado de repouso as glândulas parótidas29 fornecem a maior parte da saliva.
Quais são as características clínicas da sialorreia1?
Em situações normais, toda a saliva produzida pelas glândulas salivares30 deve ser deglutida pela pessoa. Então, a deglutição13 espontânea é necessária para o controle da salivação e ela envolve a coordenação eficiente de várias estruturas, incluindo cavidade oral11, faringe31, laringe32 e esôfago33.
A sialorreia1 que ocorre nas doenças neurológicas é devida à deglutição13 prejudicada em razão de mau funcionamento neuromuscular. Em crianças com distúrbios neurológicos, a salivação parece ser mais um efeito do controle ineficiente da língua34, ao invés do aumento da secreção salivar.
Independentemente da causa da sialorreia1, a baba em si é problemática, levando a complicações clínicas e funcionais, como prejuízo no funcionamento social, aspiração, lesões35 da pele36, mau odor e infecção37.
Como o médico trata a sialorreia1?
A sialorreia1 é conhecida como de difícil tratamento. O manejo pode ser conservador ou invasivo. Os tratamentos conservadores incluem mudanças na dieta ou hábitos, exercícios motores orais, dispositivos intraorais, como dispositivos de treinamento palatino, e tratamentos médicos, como medicamentos ou injeções.
A modificação do comportamento tem sido defendida por muitas décadas, mas os resultados são inconsistentes e demorados. A terapia oral para a sialorreia1 envolve o uso de medicamentos que atuam diminuindo a secreção de saliva através do sistema nervoso autônomo28.
Os tratamentos mais invasivos incluem cirurgia ou radiação. A radiação raramente é aplicada e normalmente é reservada para pacientes38 idosos que não são candidatos à cirurgia e não podem tolerar outras terapias médicas. Embora os casos cirúrgicos pareçam oferecer resultados mais permanentes, eles têm efeitos colaterais39.
Vários procedimentos cirúrgicos foram sugeridos para o tratamento da salivação, abrangendo uma alteração na anatomia das glândulas salivares30, excisão das glândulas17, denervação40 das glândulas salivares30 e transposição ou ligadura dos ductos salivares41. Esses procedimentos são reservados para casos graves e, como dito, têm seus efeitos colaterais39.
Quais são as complicações possíveis com a sialorreia1?
A sialorreia1 anterior normalmente causa a baba, levando à dificuldade de limpeza no rosto e nas roupas, exigindo maiores cuidados com a pele36 e prejudicando a socialização. A sialorreia1 posterior pode causar irritação pulmonar crônica (aspiração), que às vezes pode progredir para pneumonia42.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da American Academy of Family Physicians, da Science Direct e da University of Iowa Health Care.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.