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Estado crepuscular - o que é? Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?

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O que é o estado crepuscular?

O que se chama estado crepuscular é um estreitamento súbito e transitório do campo da consciência, com a conservação de uma atividade automática e mais ou menos bem coordenada. O contato com a realidade é menor, mas não totalmente abolido e a consciência não sofre alteração de nível ou grau, permanecendo lúcida.

O paciente parece estar totalmente voltado para dentro de si mesmo, mas normalmente dá a falsa aparência de que está compreendendo corretamente a situação ao seu redor. Durante a crise pode manifestar-se um pavor ou uma agressividade irracional e comportamentos não usuais para o paciente, inclusive o cometimento de atos criminais.

A palavra crepuscular deriva do latim crepusculum, que se refere à luminosidade que precede o nascer do sol ou persiste por algum tempo após o pôr do sol, quando a luz não é totalmente clara. O estado crepuscular, portanto, difere tanto do comportamento diurno como do noturno.

Quais são as causas do estado crepuscular?

Esse distúrbio nunca aparece de forma primária, geralmente é uma manifestação de alguma doença subjacente. Na grande maioria das vezes ocorre em epilépticos, mas também se dá com o abuso de sustâncias e lesões1 cerebrais de diversas naturezas. Alguns estados crepusculares podem ser psicogenéticos, acometendo principalmente pacientes histéricos.

Os estados crepusculares quase sempre estão associados com despertar do sono, epilepsia2, histeria e sonambulismo.

Leia sobre "Alterações da consciência", "Sonambulismo", "Crises de ausência" e "Epilepsias".

Quais são as principais características clínicas do estado crepuscular?

O estado crepuscular tem início abrupto e duração variável de algumas horas a alguns dias e termina também repentinamente. Em alguns casos, é possível observar a presença de alucinações3 e ideias deliroides (ideias semelhantes ao delírio4, mas secundárias a uma alteração da consciência), mas isso não é a regra. A conduta do enfermo durante o episódio, à primeira vista, pode parecer bem ordenada, mas na realidade em sua maioria as atitudes são automáticas e não são completamente organizadas, nem têm uma finalidade prática reconhecível. Por exemplo, andar sem destino, mas respeitando a sinalização do trânsito; comprar uma passagem, pegar um ônibus e fazer uma viagem sem objetivo; tirar o carro da garagem e dirigir a esmo, por algum tempo, etc.

Nas alterações devidas ao estreitamento do campo da consciência pode haver uma aparente diminuição no nível de alerta cerebral. O paciente sofre uma desorientação espacial e temporal e uma amnésia5 ocorre logo após o episódio. Depois de se recuperarem, os pacientes não conseguem lembrar do que se passou durante o estado crepuscular ou, se o fazem, apresentam uma memória muito fraca do que se passou.

Como o médico diagnostica o estado crepuscular?

O diagnóstico6 dos estados crepusculares é eminentemente7 clínico. Não há qualquer exame capaz de confirmá-los. Exames podem ser solicitados para avaliar as enfermidades de base e nesse caso variam conforme suspeita estabelecida.

Como o médico trata o estado crepuscular?

Não há tratamento específico para os estados crepusculares e tratá-los significa tratar a sua causa. Nos casos da epilepsia2, a supressão das convulsões não suprime igualmente os estados crepusculares.

Quais são as complicações possíveis do estado crepuscular?

As complicações ocasionadas pelos estados crepusculares são mais de ordem comportamental do que física. O paciente desperta deles em situações inusitadas, sem compreender a razão delas. Desperta numa cidade diferente da sua, sem saber como foi parar ali, ou desperta com sua casa toda modificada, sem saber que fez as mudanças...

Saiba mais sobre "Alucinações3", "Convulsões", "Perda de memória" e "Parassonias".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da U.S. National Library of Medicine - NIH e do Neurology.org.

ABCMED, 2020. Estado crepuscular - o que é? Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1362173/estado-crepuscular-o-que-e-como-sao-feitos-o-diagnostico-e-o-tratamento.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
2 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
3 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
4 Delírio: Delirio é uma crença sem evidência, acompanhada de uma excepcional convicção irrefutável pelo argumento lógico. Ele se dá com plena lucidez de consciência e não há fatores orgânicos.
5 Amnésia: Perda parcial ou total da memória.
6 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
7 Eminentemente: De modo eminente; em alto grau; acima de tudo.
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