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Como calcular o período fértil?

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O que é e como calcular o período fértil?

Chama-se período fértil ao espaço de tempo do ciclo menstrual em que a mulher tem mais chances de fertilizar um espermatozoide1 e engravidar. No período fértil, os hormônios femininos ficam mais ativos e preparam o corpo para obter uma gravidez2, além de que a libido3 da mulher aumenta, tornando-a mais receptiva às relações sexuais. Quando o espermatozoide1 encontra o óvulo4 nessas condições, dá-se início ao primeiro estágio da gravidez2.

Isso se repete a cada 28 dias num ciclo menstrual normal, desde a chegada da menarca5 (primeira menstruação6) até a menopausa7. A mulher que deseja engravidar deve intensificar suas relações sexuais nesse período fértil e as que não desejam uma gravidez2 devem evitá-las nesse período.

Contudo, o ciclo menstrual frequentemente sofre variações, tornando-se irregular. Isso torna mais difícil reconhecer com clareza o período fértil e pode acontecer secundariamente a várias patologias endócrinas ou ginecológicas.

Leia sobre "Menstruação6 atrasada", "Vaginismo" e "Mitos e verdade sobre menstruação6".

Como calcular o período fértil?

Antes de tudo, é preciso se atentar à duração média do ciclo menstrual da mulher em causa. Em geral, numa mulher sadia o ciclo menstrual regular dura 28-30 dias. Mas podem haver marcadas variações de uma pessoa para outra e essas alterações podem ainda ser maiores em função de alguma patologia8. Algumas mulheres têm ciclos irregulares, às vezes mais curtos, às vezes mais longos, o que dificulta muito o cálculo9 do período fértil.

Para as mulheres com ciclos menstruais regulares de 28 dias, a contar do primeiro dia de menstruação6, o período fértil começa três dias antes do 14º dia e termina três dias depois dessa data. Portanto, ele ocorre entre o 11º e o 17º dias do ciclo menstrual.

Para as mulheres que têm ciclo menstrual irregular, é menos seguro calcular o período fértil e isso não deve ser feito antes de um ano de observação e registro dos ciclos irregulares. Para estimar quando é o período fértil em ciclos irregulares, é necessário subtrair 18 dias do ciclo mais curto e 11 dias do ciclo mais longo, registrados ao longo do ano, contando sempre a partir do primeiro dia de menstruação6. Por exemplo: se o ciclo mais curto foi de 20 dias e o ciclo mais longo de 34 dias, deve ser feita a seguinte conta: 20 – 18 = 2 e 34 – 11 = 23, ou seja, o período fértil será entre o 2º e o 23º dias do ciclo.

Algumas pessoas usam o cálculo9 dos períodos férteis como critério para evitar ou obter a gravidez2, mas ele é bastante impreciso, sobretudo nas mulheres de ciclos irregulares. Outra forma igualmente imprecisa de obter indícios sobre o período fértil é recorrer ao teste de ovulação10 de farmácia ou ao método da arborização.

O que ocorre no organismo durante o período fértil?

Em meio ao período fértil, acontece a ovulação10. Ou seja, a liberação de um óvulo4 do ovário11 para a trompa de Falópio. Normalmente, em ciclos regulares, ela ocorre cerca de 13 a 15 dias antes do início de cada menstruação6, mas tal como a menstruação6, em ciclos irregulares, o momento da ovulação10 pode variar de ciclo para ciclo, e pode nem acontecer.

O óvulo4 liberado é captado pela trompa de Falópio e deve encontrar-se com o espermatozoide1 e ser fecundado por ele em 12 a 24 horas. Se isso não acontecer, ele degenera e morre. Se acontecer, ele continua caminhando por 6 a 12 dias em direção ao útero12, onde se aninhará para dar origem a uma gestação.

Nesse tempo, o útero12 estará se preparando para receber o óvulo fecundado13 (ovo14), espessando seu endométrio15 que, em caso negativo, será eliminado juntamente com algum sangue16 na menstruação6. Em caso de gravidez2, outras modificações continuarão a ocorrer, de modo a possibilitar a continuidade da gestação.

Tudo isso acontece pela ação de hormônios. Antes da ovulação10, o cérebro17 produz rajadas contínuas de Hormônio18 Estimulante Folicular (FSH), que estimula os folículos ovarianos, que contêm os óvulos, a se desenvolverem. Quando um folículo19 dominante é selecionado para liberar o óvulo4, os níveis de estrogênio começam a aumentar, e quando a quantidade desse hormônio18 atinge o seu máximo, o óvulo4 está pronto para ser liberado.

O cérebro17 produz então um pico de hormônio18 luteinizante (LH) e desencadeia a ovulação10. O hormônio18 luteinizante transforma o grande folículo19 produtor de estrogênio em uma “máquina” de fazer progesterona, chamada de corpo lúteo. Se a fertilização20 não acontecer, a mulher não terá esse pico de progesterona. O corpo lúteo começa a se degradar e os níveis hormonais caem, desencadeando a menstruação6. Se, ao contrário, ocorrer uma gravidez2, o corpo lúteo fornece progesterona suficiente para que a gravidez2 se desenvolva, até que a placenta possa assumir o controle.

Em termos clínicos, a mulher deve ficar atenta aos sinais21 e sintomas22 do período fértil. A secreção vaginal, que é o muco que conduzirá o espermatozoide1 ao encontro do óvulo4, se torna mais fina e transparente e assume um aspecto de clara de ovo14. Ocorre ligeiro aumento da temperatura basal (cerca de 0,5 grau) medida pela manhã, antes de se levantar. É preciso certeza de que não haja nenhuma outra condição que possa fazer a temperatura variar.

A libido3, a vontade de manter relações sexuais, aumenta em função da presença de estrogênios no organismo. Leves dores no baixo ventre e/ou na pelve23, às vezes quase imperceptíveis, podem ocorrer no momento em que o óvulo4 está se soltando do ovário11. Pode ainda haver o aparecimento de espinhas na pele24, irritação e instabilidade emocional como consequências das mudanças hormonais do período.

Todos esses sinais21, contudo, são pouco precisos e podem sofrer a influência de muitos outros fatores orgânicos, e por isso não devem ser usados com exclusividade como método anticoncepcional único por uma mulher que não deseja engravidar.

Veja também sobre "Anticoncepção — métodos reversíveis e métodos irreversíveis", "Pílulas anticoncepcionais" e "Diagnóstico25 precoce de gravidez2".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

ABCMED, 2021. Como calcular o período fértil?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-mulher/1405565/como-calcular-o-periodo-fertil.htm>. Acesso em: 5 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Espermatozóide: Célula reprodutiva masculina.
2 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
3 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
4 Óvulo: Célula germinativa feminina (haplóide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO.
5 Menarca: Refere-se à ocorrência da primeira menstruação.
6 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
7 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
8 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
9 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
10 Ovulação: Ovocitação, oocitação ou ovulação nos seres humanos, bem como na maioria dos mamíferos, é o processo que libera o ovócito II em metáfase II do ovário. (Em outras espécies em vez desta célula é liberado o óvulo.) Nos dias anteriores à ovocitação, o folículo secundário cresce rapidamente, sob a influência do FSH e do LH. Ao mesmo tempo que há o desenvolvimento final do folículo, há um aumento abrupto de LH, fazendo com que o ovócito I no seu interior complete a meiose I, e o folículo passe ao estágio de pré-ovocitação. A meiose II também é iniciada, mas é interrompida em metáfase II aproximadamente 3 horas antes da ovocitação, caracterizando a formação do ovócito II. A elevada concentração de LH provoca a digestão das fibras colágenas em torno do folículo, e os níveis mais altos de prostaglandinas causam contrações na parede ovariana, que provocam a extrusão do ovócito II.
11 Ovário: Órgão reprodutor (GÔNADAS) feminino. Nos vertebrados, o ovário contém duas partes funcionais Sinônimos: Ovários
12 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
13 Óvulo Fecundado: ÓVULO fecundado, resultante da fusão entre um gameta feminino e um masculino.
14 Ovo: 1. Célula germinativa feminina (haploide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO. 2. Em alguns animais, como aves, répteis e peixes, é a estrutura expelida do corpo da mãe, que consiste no óvulo fecundado, com as reservas alimentares e os envoltórios protetores.
15 Endométrio: Membrana mucosa que reveste a cavidade uterina (responsável hormonalmente) durante o CICLO MENSTRUAL e GRAVIDEZ. O endométrio sofre transformações cíclicas que caracterizam a MENSTRUAÇÃO. Após FERTILIZAÇÃO bem sucedida, serve para sustentar o desenvolvimento do embrião.
16 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
17 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
18 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
19 Folículo: 1. Bolsa, cavidade em forma de saco. 2. Fruto simples, seco e unicarpelar, cuja deiscência se dá pela sutura que pode conter uma ou mais sementes (Ex.: fruto da magnólia).
20 Fertilização: Contato entre espermatozóide e ovo, determinando sua união.
21 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
22 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
23 Pelve: 1. Cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ossos ilíacos), sacro e cóccix; bacia. 2. Qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
24 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
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