Aspectos médicos e psicológicos da adoção
A questão da adoção
A adoção é uma questão multifacetada, envolvendo aspectos jurídicos, médicos, psicológicos e vários outros. Esse texto se atem apenas às questões médico-psicológicas.
Ter um filho, seja natural ou adotivo, requer uma preparação prévia do casal. Antes de mais nada, é importantíssimo criar um ambiente interpessoal que favoreça a inserção de uma terceira pessoa, ainda incompleta e frágil, que exigirá muitos cuidados.
Essa preparação deve levar em conta os motivos para a adoção, os quais determinarão em grande medida o clima em que a criança adotada será recebida: ela vem para salvar o casamento? Para fazer companhia a um dos pais? Para substituir um filho morto? Para suprir a falta de afeto entre o casal? Para diminuir a tensão e, com isso, talvez, facilitar a ocorrência de uma gravidez1?
São várias questões a serem pensadas e trabalhadas para que a adoção tenha sucesso. Além disso, o casal deve considerar a possibilidade de vir a ter um filho natural após a adoção e avaliar o impacto que isso terá sobre a adoção, bem como a possibilidade de que o adotado seja uma criança saudável ou doente e da responsabilidade que assume pelo desenvolvimento de sua personalidade.
Antes da adoção, também é fundamental que os pais adotantes curem as suas feridas em relação à questão da infertilidade2, caso elas estejam presentes.
A escolha da criança a ser adotada é uma outra questão de vital importância. A adoção é facilitada quando a criança é um recém-nascido, por ele ainda não ter nenhum vínculo familiar anterior. A criança mais velha pode ter maior dificuldade para formar vínculos, uma vez que perdeu os seus laços afetivos anteriores, seu ambiente, seu modo de viver, isto é, suas referências, sendo assim mais difícil de ser reeducada.
Leia sobre "Infertilidade2 feminina" e "Infertilidade2 masculina".
Quais são os aspectos médicos da adoção?
Do ponto de vista médico, é importante conhecer aspectos ligados à saúde3 da criança, seja para entender os aspectos atuais de saúde3, seja para prever futuras possíveis intercorrências. Uma vez adotada, é conveniente que a criança passe por exames médicos abrangentes, que podem incluir avaliação física, exames de sangue4, exames de imagem, exames genéticos e avaliação do desenvolvimento, com o objetivo de identificar quaisquer condições médicas existentes, buscando garantir que a criança esteja saudável ou então corrigir eventuais doenças ou anomalias.
É importante também procurar conhecer o histórico médico da criança, que pode incluir informações sobre doenças genéticas, condições médicas preexistentes, eventuais alergias, intolerâncias e vacinas recebidas, entre outros aspectos relevantes para a saúde3 da criança. Essas informações são valiosas para garantir o cuidado adequado e informar os profissionais de saúde3 sobre a saúde3 geral da criança.
Os pais adotivos, portanto, devem buscar acesso aos registros médicos completos da criança, incluindo exames anteriores, tratamentos médicos e histórico de saúde3, os quais são essenciais para ajudar os médicos a fornecer um cuidado adequado e contínuo.
Logo em seguida à adoção, é recomendável que os pais adotivos agendem uma consulta médica inicial para a criança com um pediatra que a seguirá nos anos seguintes e se acostumará com ela. Durante essa consulta, além de fazer um exame completo, o médico fornecerá orientações sobre cuidados médicos contínuos, incluindo vacinação, nutrição5 e desenvolvimento adequado.
É importante que a criança tenha acesso a cuidados médicos contínuos e regulares, incluindo exames de rotina, vacinação adequada e atendimento especializado, se necessário, além de monitoramento do crescimento e do desenvolvimento.
Quais são os aspectos psicológicos da adoção?
Do ponto de vista psicológico, é ainda necessário levar em conta as reações emocionais de pais e filhos adotivos à questão da adoção. Pais e filhos (naturais ou adotivos) constroem um relacionamento no dia a dia, com a convivência, com a formação de laços afetivos. Um dos aspectos psicológicos da adoção, é a confiança. Uma das dúvidas mais comuns que cerca as famílias adotantes é se devem ou não contar para a criança sobre a adoção e, se sim, quando fazê-lo.
Muitas famílias optam por não contar ou ainda por criarem outras histórias, dizendo, por exemplo, que a mãe biológica morreu no parto ou num acidente, ou inventam outras histórias fantasiosas para encobrir a realidade da adoção, acreditando que assim será mais fácil ou menos traumático para a criança adotada encarar a rejeição da família biológica e aceitar a adoção.
Entretanto, as mentiras podem gerar, na criança, fantasias não reais ainda mais difíceis e provocar-lhes sentimentos que não condizem com a realidade. Isso sem falar na extrema decepção que experimentarão no futuro, quando a verdade for comunicada ou se tornar conhecida por elas.
A história da vida de uma criança interfere diretamente na sua formação posterior. Uma história que não seja sua verdadeira história pode gerar mais traumas do que conhecer a verdade desde sempre.
Uma criança revoltada, que não tenha sido capaz de superar o trauma de um abandono anterior, pode parecer ingrata em relação a quem lhe deu um lar. É provável, também, por exemplo, que, ao entrar em um novo ambiente, a criança se mostre insegura, pois, ao mesmo tempo em que pode estar feliz por ter um lar, tem medo de perdê-lo. Cabe ao casal compreender e manejar adequadamente essas reações.
Leia também sobre "O desenvolvimento da personalidade" e "Dificuldades de adaptação das crianças à escola".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Centro Universitário de Brasília e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.