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Oligospermia: causas, diagnóstico e tratamento da baixa contagem de espermatozoides

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O que é oligospermia?

A oligospermia, também chamada de oligozoospermia e, popularmente, de oligoespermia, é uma condição caracterizada pela baixa concentração de espermatozoides1 no sêmen2.

De acordo com os critérios da Organização Mundial da Saúde3 (OMS), a concentração normal de espermatozoides1 deve ser igual ou superior a 15 milhões por mililitro (mL) de sêmen2. Assim, a oligospermia é diagnosticada quando essa contagem é inferior a 15 milhões/mL. O grau é considerado grave quando o número é inferior a 5 milhões/mL.

Quando não há espermatozoides1 no ejaculado, o quadro é denominado azoospermia4.

Quais são as causas da oligospermia?

A quantidade de espermatozoides1 no sêmen2 depende da produção testicular e do transporte adequado dos gametas5 masculinos, processos que podem ser influenciados por fatores hormonais, genéticos, ambientais e comportamentais.

Entre as principais causas da baixa contagem de espermatozoides1 estão:

  • Alterações hormonais (como deficiência de FSH, LH ou testosterona)
  • Infecções6 testiculares (orquites virais ou bacterianas)
  • Varicocele7 (dilatação anormal das veias8 testiculares)
  • Exposição a toxinas9, metais pesados, pesticidas ou calor excessivo
  • Uso de drogas ilícitas10, álcool e tabaco
  • Estresse crônico11 e estilo de vida inadequado
  • Tratamentos oncológicos, como quimioterapia12 e radioterapia13 (podem danificar as células germinativas14 e comprometer a espermatogênese)

Qual é o substrato fisiopatológico da oligospermia?

A espermatogênese é regulada pelo eixo hipotálamo15-hipófise16-gonadal, responsável por controlar a produção hormonal e a função testicular. Qualquer disfunção nesse eixo pode resultar em oligospermia.

Do ponto de vista endócrino17, alterações na secreção ou ação do LH e do FSH, ou deficiência de GnRH, reduzem o estímulo à produção espermática.

Do ponto de vista genético, a oligospermia pode ocorrer na síndrome18 de Klinefelter, em microdeleções do cromossomo19 Y e em outras anomalias cromossômicas ou mutações que afetam a diferenciação das células germinativas14.

Entre os fatores testiculares, destacam-se traumas, torções, infecções6 e varicocele7, que causam danos diretos às células20 produtoras de espermatozoides1 (células de Sertoli21 e germinativas).

Há também causas obstrutivas, como obstrução dos ductos deferentes ou epidídimos e ejaculação22 retrógrada, nas quais o número de espermatozoides1 no ejaculado é reduzido, embora a produção seja normal.

O calor excessivo e algumas ocupações profissionais (motoristas, padeiros, fundidores) podem igualmente prejudicar a espermatogênese, alterando o microambiente testicular.

Leia também sobre "O desejo de maternidade e de paternidade", "Alguns conceitos ligados à reprodução23 humana" e "Inseminação artificial".

Quais são as características clínicas da oligospermia?

Ao contrário da mulher, que já nasce com seus óvulos, o homem produz espermatozoides1 continuamente ao longo da vida. Essa produção pode ser afetada por múltiplos fatores, resultando em oligospermia.

A condição é classificada conforme a concentração de espermatozoides1 por mililitro de sêmen2:

  • Leve: 10-15 milhões/mL
  • Moderada: 5-10 milhões/mL
  • Grave: menos de 5 milhões/mL

A oligospermia geralmente não apresenta sintomas24 específicos. O sêmen2 pode se tornar mais fluido ou menos opaco, mas essa alteração não é suficiente para o diagnóstico25. O principal indício é a infertilidade26 conjugal, definida como ausência de gravidez27 após 12 meses de relações sexuais regulares sem contracepção28. Hoje se reconhece que fatores masculinos são responsáveis por cerca de 40% dos casos de infertilidade26 do casal, isoladamente ou em associação com causas femininas.

Como o médico diagnostica a oligospermia?

O diagnóstico25 envolve avaliação clínica, laboratorial e, quando necessário, genética. A investigação começa com uma história clínica detalhada, incluindo histórico de doenças, cirurgias urogenitais, uso de medicamentos, exposição a agentes tóxicos e hábitos de vida. O exame físico deve contemplar a avaliação testicular, epididimária e dos canais deferentes, além da pesquisa de varicocele7 ou alterações anatômicas.

O espermograma é o exame fundamental, permitindo a análise do volume seminal, contagem, motilidade e morfologia dos espermatozoides1. Devem ser realizados pelo menos dois espermogramas, com intervalo de 2 a 3 semanas, respeitando abstinência sexual de 2 a 7 dias antes da coleta, para garantir resultados consistentes.

Exames hormonais (FSH, LH, testosterona total, prolactina29 e estradiol) auxiliam na avaliação do eixo endócrino17. A ultrassonografia30 testicular pode identificar varicocele7, lesões31 estruturais ou alterações do parênquima32 testicular.

Nos casos de suspeita de origem genética, devem ser solicitados cariótipo e pesquisa de microdeleções do cromossomo19 Y. Testes complementares, como biópsia33 testicular, podem ser indicados quando há dúvida entre oligospermia severa e azoospermia4 obstrutiva.

Como o médico trata a oligospermia?

O tratamento depende da causa subjacente e deve ser individualizado. Nos casos infecciosos, utilizam-se antibióticos específicos, conforme o agente identificado. Quando há varicocele7, pode ser indicada a correção cirúrgica (varicocelectomia), que frequentemente melhora os parâmetros seminais. Nos casos de deficiência hormonal, pode-se empregar terapia de reposição ou estimulação gonadotrófica, conforme avaliação endocrinológica.

Mudanças no estilo de vida são fundamentais: cessar o tabagismo e o consumo de álcool, controlar o peso corporal, reduzir o estresse, praticar atividade física regularmente e adotar dieta rica em antioxidantes, vitaminas (C e E), ácido fólico, zinco e selênio. A suplementação34 antioxidante tem efeito modesto, mas pode contribuir para a melhora da qualidade seminal em casos leves a moderados.

Quando há obstruções anatômicas, podem ser realizadas cirurgias reconstrutivas dos ductos deferentes ou epididimários.

Nos casos em que o casal deseja engravidar e os tratamentos clínicos ou cirúrgicos não são eficazes, podem ser indicadas técnicas de reprodução23 assistida, como inseminação intrauterina, fertilização35 in vitro (FIV) ou injeção36 intracitoplasmática de espermatozoide37 (ICSI).

O acompanhamento deve ser multidisciplinar, envolvendo urologista38/andrologista, endocrinologista39 e especialista em reprodução23 humana, de modo a garantir abordagem integral e otimização das chances de sucesso reprodutivo.

Veja mais sobre "Reprodução23 assistida", "Fertilização35 in vitro", "Infertilidade26 masculina" e "Infertilidade26 feminina".

 

ABCMED, 2025. Oligospermia: causas, diagnóstico e tratamento da baixa contagem de espermatozoides. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-do-homem/1496705/oligospermia-causas-diagnostico-e-tratamento-da-baixa-contagem-de-espermatozoides.htm>. Acesso em: 30 out. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Espermatozóides: Células reprodutivas masculinas.
2 Sêmen: Sêmen ou esperma. Líquido denso, gelatinoso, branco acinzentado e opaco, que contém espermatozoides e que serve para conduzi-los até o óvulo. O sêmen é o líquido da ejaculação. Ele é composto de plasma seminal e espermatozoides. Este plasma contém nutrientes que alimentam e protegem os espermatozoides.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Azoospermia: Ausência de espermatozódes no líquido seminal.
5 Gametas: Células reprodutoras encontradas em organismos multicelulares.
6 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
7 Varicocele: Dilatação venosa do cordão espermático. Em geral é assintomática e manifesta-se pelo aumento de tamanho da bolsa escrotal, mas podem ser dolorosas e causar infertilidade.
8 Veias: Vasos sangüíneos que levam o sangue ao coração.
9 Toxinas: Substâncias tóxicas, especialmente uma proteína, produzidas durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capazes de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
10 Ilícitas: 1. Condenadas pela lei e/ou pela moral; proibidas, ilegais. 2. Qualidade das que não são legais ou moralmente aceitáveis; ilicitude.
11 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
12 Quimioterapia: Método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
13 Radioterapia: Método que utiliza diversos tipos de radiação ionizante para tratamento de doenças oncológicas.
14 Células Germinativas: São as células responsáveis pela reprodução sexuada e contêm metade do número total de cromossomos de uma espécie. Os espermatozoides (homem) e os ovócitos (mulher) são células germinativas.
15 Hipotálamo: Parte ventral do diencéfalo extendendo-se da região do quiasma óptico à borda caudal dos corpos mamilares, formando as paredes lateral e inferior do terceiro ventrículo.
16 Hipófise:
17 Endócrino: Relativo a ou próprio de glândula, especialmente de secreção interna; endocrínico.
18 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
19 Cromossomo: Cromossomos (Kroma=cor, soma=corpo) são filamentos espiralados de cromatina, existente no suco nuclear de todas as células, composto por DNA e proteínas, sendo observável à microscopia de luz durante a divisão celular.
20 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
21 Células de Sertoli: Células de sustentação que se projetam interiormente a partir da membrana basal dos TÚBULOS SEMINÍFEROS. Estas células envolvem e nutrem as células germinativas masculinas em desenvolvimento e secretam a PROTEÍNA DE LIGAÇÃO A ANDROGÊNIOS. Suas JUNÇÕES ÍNTIMAS com ESPERMATOGONIA e ESPERMATÓCITOS determinam a BARREIRA HEMATOTESTICULAR.
22 Ejaculação: 1. Ato de ejacular. Expulsão vigorosa; forte derramamento (de líquido); jato. 2. Em fisiologia, emissão de esperma pela uretra no momento do orgasmo. 3. Por extensão de sentido, qualquer emissão. 4. No sentido figurado, fartura de palavras; arrazoado.
23 Reprodução: 1. Função pela qual se perpetua a espécie dos seres vivos. 2. Ato ou efeito de reproduzir (-se). 3. Imitação de quadro, fotografia, gravura, etc.
24 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Infertilidade: Capacidade diminuída ou ausente de gerar uma prole. O termo não implica a completa inabilidade para ter filhos e não deve ser confundido com esterilidade. Os clínicos introduziram elementos físicos e temporais na definição. Infertilidade é, portanto, freqüentemente diagnosticada quando, após um ano de relações sexuais não protegidas, não ocorre a concepção.
27 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
28 Contracepção: Qualquer processo que evite a fertilização do óvulo ou a implantação do ovo. Os métodos de contracepção podem ser classificados de acordo com o seu objetivo em barreiras mecânicas ou químicas, impeditivas de nidação e contracepção hormonal.
29 Prolactina: Hormônio secretado pela adeno-hipófise. Estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias. O aumento de produção da prolactina provoca a hiperprolactinemia, podendo causar alteração menstrual e infertilidade nas mulheres. No homem, gera impotência sexual (por prejudicar a produção de testosterona) e ginecomastia (aumento das mamas).
30 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
31 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
32 Parênquima: 1. Célula específica de uma glândula ou de um órgão, contida no tecido conjuntivo. 2. Na anatomia botânica, é o tecido vegetal fundamental, que constitui a maior parte da massa dos vegetais, formado por células poliédricas, quase isodiamétricas e com paredes não lignificadas, a partir das quais os outros tecidos se desenvolvem. 3. Na anatomia zoológica, é a substância celular mole que preenche o espaço entre os órgãos.
33 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
34 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
35 Fertilização: Contato entre espermatozóide e ovo, determinando sua união.
36 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
37 Espermatozóide: Célula reprodutiva masculina.
38 Urologista: Médico especializado em tratar pessoas com problemas no trato urinário e homens com problemas nos órgãos genitais, como impotência.
39 Endocrinologista: Médico que trata pessoas que apresentam problemas nas glândulas endócrinas.

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