Síndrome de Aicardi-Goutières
O que é a síndrome1 de Aicardi-Goutières?
A síndrome1 de Aicardi-Goutières é um raro distúrbio genético congênito2 (presente já no nascimento) que afeta principalmente o cérebro3, a medula espinhal4, o sistema imunológico5 e a pele6. Embora a combinação de sinais7 e sintomas8 presente no momento do nascimento seja tipicamente associada à resposta do sistema imunológico5 a uma infecção9 viral, nenhuma infecção9 real é encontrada nesses bebês10. Por esse motivo, a síndrome1 de Aicardi-Goutières às vezes é chamada de "mímica de infecção9 congênita11".
Quais são as causas da síndrome1 de Aicardi-Goutières?
A síndrome1 de Aicardi-Goutières é uma doença geneticamente heterogênea resultante de mutações em qualquer um dos genes que codificam as exonucleases (enzimas que atuam na clivagem de nucleotídeos, que formam o DNA e o RNA). Na maioria dos casos, essas mutações seguem um padrão de herança autossômica12 recessiva e, portanto, os pais de uma criança afetada têm um risco de 1 em 4 de ter outro filho afetado da mesma forma em toda nova concepção13. Estas mutações patogênicas podem ocorrer em qualquer um dos sete genes conhecidos por estarem envolvidos na síndrome1 de Aicardi-Goutières.
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Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Aicardi-Goutières?
A síndrome1 de Aicardi-Goutières produz uma queda de substância branca no cérebro3 (leucodistrofia15). Essa substância branca consiste em fibras nervosas cobertas por mielina16, que é uma substância que envolve e protege os nervos e assegura a transmissão rápida dos impulsos nervosos. Os indivíduos afetados também têm depósitos anormais de cálcio (calcificação17) no cérebro3. Além disso, o sistema imunológico5 se volta contra o próprio corpo, de maneira destrutiva, visando à mielina16. É a perda dessa substância que é responsável por quase todos os sintomas8 da síndrome1 de Aicardi-Goutières.
Quais são as características clínicas da síndrome1 de Aicardi-Goutières?
A maioria dos recém-nascidos com síndrome1 de Aicardi-Goutières não apresenta nenhum sinal18 ou sintoma19 da doença ao nascerem. No entanto, cerca de 20% nascem com uma combinação de características que inclui fígado20 e baço21 aumentados, níveis sanguíneos elevados de enzimas hepáticas22 e baixa de plaquetas23.
Durante o primeiro ano de vida, grande parte dos bebês10 com essa síndrome1 experimenta uma encefalopatia24 grave em que ficam extremamente irritáveis e não se alimentam bem. Essa encefalopatia24 causa danos neurológicos permanentes e, como resultado, a maioria das crianças com a síndrome1 apresenta deficiência intelectual profunda.
Também apresentam espasticidade25 muscular; tensão involuntária26 de vários músculos27 (distonia28), especialmente os dos braços; e tônus muscular fraco (hipotonia29) dos músculos27 do tronco.
Algumas pessoas com síndrome1 de Aicardi-Goutières apresentam lúpus30 eritematoso31 sistêmico32 e/ou outros distúrbios autoimunes33. Algumas pessoas sofrem frieiras (lesões34 cutâneas35 que aparecem nos dedos das mãos36, dos pés e orelhas37). Elas são causadas por inflamação38 de pequenos vasos sanguíneos39 e podem ser provocadas ou agravadas pela exposição ao frio. Problemas de visão40, rigidez articular e úlceras41 na boca42 são outras características que podem ocorrer em ambos os distúrbios.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Aicardi-Goutières?
Na fase inicial da síndrome1 de Aicardi-Goutières, os glóbulos brancos (particularmente linfócitos) e outras moléculas do sistema imunológico5 associadas à inflamação38 podem ser detectados no líquido cefalorraquidiano43 (LCR), que é o fluido que envolve e protege o cérebro3 e a medula espinhal4. Esses achados anormais são consistentes com inflamação38 e dano tecidual do sistema nervoso central44.
A neurorradiologia mostrará um amplo espectro de sinais7 caracterizados por:
- Calcificações cerebrais, geralmente bilaterais e localizadas nos gânglios45 da base, que podem ser vistas na tomografia computadorizada46.
- Anormalidades da substância branca, encontradas em 75-100% dos casos e que são melhor visualizadas na ressonância magnética47.
- Atrofia48 cerebral, vista com frequência em imagens do cérebro3.
Como o médico trata síndrome1 de Aicardi-Goutières?
Não há cura conhecida para a síndrome1 de Aicardi-Goutières. Os tratamentos aplicados visam controlar ou minorar os sintomas8 e ajudar a manter as crianças o mais confortáveis possível. Como as crianças com a síndrome1 de Aicardi-Goutières apresentam sintomas8 variados e diferentes em cada caso, o plano de tratamento deve ser individualizado.
Por exemplo, algumas crianças precisarão de tratamento para problemas respiratórios, outras precisarão de apoio na alimentação e outras, ainda, de serem medicadas para as convulsões, etc.
As crianças com a síndrome1 de Aicardi-Goutières devem ser acompanhadas e monitoradas para vários outros problemas de saúde49, conforme orientação do médico assistente. Muitas crianças com a síndrome1 se beneficiam de fisioterapia50 e fonoaudiologia para combater os déficits causados pelos danos neurológicos.
Como evolui a síndrome1 de Aicardi-Goutières?
A maioria das pessoas com esse distúrbio não sobrevive à infância. No entanto, alguns indivíduos afetados que desenvolvem a condição mais tarde ou que têm problemas neurológicos mais leves podem viver até a idade adulta.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do GARD – Genetic and Rare Diseases Information Center e do Children’s Hospital of Philadelphia.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.