Agentes teratogênicos e Teratologia
O que é teratologia?
A teratologia (do grego: τερατο = “monstro” + λογία = estudo) é a especialidade médica que busca estudar a influência ambiental nas alterações do desenvolvimento pré-natal, embrionário ou fetal, ou seja, estuda as causas, mecanismos e padrões do desenvolvimento anormal que podem variar desde malformações1 defeituosas de um ou mais órgãos até a ausência completa deles.
Para o estudo desse ramo da ciência, é fundamental o conhecimento das etapas do desenvolvimento, pois alguns estágios do desenvolvimento são mais vulneráveis à perturbação do que outros.
O que são agentes teratogênicos2?
Um agente teratogênico3 é definido como qualquer substância, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz alteração na estrutura ou função do corpo do bebê em gestação.
Hoje em dia, existe consenso de que o período de evolução gestacional é o mais susceptível a estes agentes. A barreira placentária não é capaz de reter todos os agentes nocivos ao feto4 e assim muitos agentes, a que mãe se expõe ou a que ela involuntariamente é exposta, atingem o feto4 e produzem efeitos sobre ele.
Quais são os principais efeitos dos agentes teratogênicos2?
Os principais efeitos dos agentes teratogênicos2 são anomalias congênitas5, isto é, defeitos estruturais e/ou funcionais presentes já no momento do nascimento. Eles também podem ser metabólicos ou comportamentais. Os defeitos de nascença (congênitos6) são a maior causa de mortalidade infantil7.
Mais comumente, fala-se em anomalia congênita8 quando há qualquer tipo de anormalidade estrutural que se repercute funcionalmente. No entanto, nem todas as variações do desenvolvimento são anomalias. Pequenas variações anatômicas podem existir, sem prejuízo da função do órgão.
As anomalias congênitas5 significativas são de três tipos clínicos principais:
- Malformação9, que é toda anomalia funcional ou estrutural ocorrida no desenvolvimento do feto4, decorrente de fatores originados antes do nascimento.
- Deformação, que é o estado de quem sofreu algum distúrbio físico ou emocional.
- Displasia10, em que ocorre num órgão ou tecido11 corporal uma proliferação celular que resulta em células12 com tamanho, forma e características alteradas.
Leia sobre "Pré-natal", "Malformações1 congênitas5", "Sífilis13 congênita8", "Fumo e gestação" e "Síndrome14 alcoólica fetal".
Quais são as causas dos defeitos teratogênicos2?
Os defeitos teratogênicos2 podem se dever a (1) fatores genéticos, ligados aos genes e/ou aos cromossomas e a (2) fatores ambientais.
Os fatores genéticos gênicos são aqueles que passam dos pais para os filhos e são ditos hereditários, enquanto os genéticos cromossômicos se referem ao número ou estrutura anormais dos cromossomas da espécie e não são hereditários, embora congênitos6.
Os fatores ambientais são aqueles determinados por infecções15, drogas e radiações.
Muitas anomalias congênitas5 comuns são causadas por uma conjunção de fatores genéticos e ambientais atuando ao mesmo tempo. No entanto, grande número das anomalias congênitas5 são devidas a causas desconhecidas.
Quais são os principais agentes teratogênicos2?
Os principais agentes teratogênicos2 podem ser dispostos em três categorias: biológicos, químicos e físicos.
Agentes biológicos
Entre os agentes biológicos estão as bactérias, vírus16, fungos e vermes, causadores de doenças como:
- A rubéola17 materna, que causa cataratas congênitas5 no recém-nascido.
- A AIDS, causadora de malformações1 craniofaciais e atraso no crescimento intrauterino.
- A sífilis13, que pode levar à surdez, hidrocefalia18, atraso mental, dentes e ossos anormais.
- A varicela19, que ocasiona distrofia20 muscular e atraso mental.
- O herpes simples, que quando acomete a mãe no início da gestação aumenta três vezes a proporção de abortos, enquanto se a infecção21 ocorre após a 20ª semana de gestação está associado a uma proporção mais alta de nascimentos prematuros. As anormalidades congênitas5 observadas nos recém-nascidos incluem lesões22 cutâneas23 e, em alguns casos, microcefalia24, microftalmia, espasticidade25, displasia10 retiniana e retardo mental.
- A toxoplasmose26, que pode levar à hidrocefalia18, cegueira e retardo mental.
Agentes químicos
Entre os agentes químicos figuram:
- O álcool, causador da síndrome14 do alcoolismo fetal.
- Os andrógenos27, que causam masculinização da genitália28 externa feminina.
- A aspirina, que pode causar fenda palatina.
- A hidantoína, responsável por anormalidades craniofaciais, defeitos nos membros e deficiência do crescimento e do desenvolvimento intelectual.
- A nicotina, que leva a um retardo no crescimento intrauterino.
- A talidomida, que ocasiona várias malformações1 congênitas5.
- O mercúrio, responsável por malformações1 do sistema nervoso central29.
- A varfarina, causadora de anormalidades ósseas e atraso mental.
Agentes físicos
Entre os agentes teratogênicos2 físicos aparecem como mais significativos:
- A radiação ionizante, que pode levar a malformação9 dos órgãos e retardo mental.
- A hipertermia.
- Os traumatismos durante a gestação.
Relações entre a Covid-19 e a teratogênese30
A Covid-19 é uma doença nova que ainda não permite conclusões definitivas sobre esse e outros pontos. Ainda não há estudos sérios publicados considerando grávidas que tenham sido infectadas pelo novo coronavírus.
Observações não sistemáticas de profissionais médicos, contudo, não mostram evidências de um risco aumentado de aborto espontâneo, teratogenicidade ou transmissão vertical da Covid-19. Mas, ainda são necessários mais estudos científicos com altos níveis de evidência para analisar como esse coronavírus recém-emergente afeta gestantes e seus bebês31.
Saiba mais sobre "Covid-19, Gravidez32 e Parto", "Covid-19, gravidez32 e amamentação33","Ultrassonografia34 na gravidez32", "Gestação semana a semana" e "Cariótipo fetal".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da FEBRASGO e da Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.