Congelamento de embriões
O que é congelamento de embriões?
O congelamento de embriões (também conhecido como criopreservação) é uma técnica de preservação da fertilidade na qual embriões viáveis, compatíveis com gravidez1, isto é, no estágio de blastocistos, são congelados e armazenados a temperaturas extremamente baixas, para o uso futuro.
Esse procedimento é comumente utilizado em muitos tratamentos de fertilização2 in vitro, em que são produzidos vários embriões ao mesmo tempo, permitindo que embriões viáveis em número superior aos que serão aplicados possam ser preservados para utilizações futuras. O processo de congelamento de embriões existe desde a década de 1980.
Por que fazer o congelamento de embriões?
O congelamento de embriões permite preservar a qualidade dos embriões para serem usados no futuro. Isso pode ser útil para casais que desejam manter a fertilidade por meses ou anos, ou em situações onde um dos parceiros tem uma doença, como o câncer3, ou precisa de um tratamento que pode prejudicar a fertilidade.
Normalmente, o congelamento é realizado durante a fertilização2 in vitro, quando são produzidos mais embriões do que o necessário para uma transferência imediata. A quantidade de óvulos coletados pode ultrapassar 10, por exemplo, mas o número de embriões transferidos para o útero4 varia de 1 a 4, dependendo da idade e das condições da mulher. Os embriões que não forem transferidos podem ser congelados para futuras tentativas de gravidez1, caso a primeira não tenha sucesso, ou para uma gestação posterior.
O congelamento também pode ser recomendado quando a mulher apresenta um quadro de hiperestimulação ovariana durante a fertilização2 in vitro. Nesses casos, o congelamento evita que a gravidez1 estimule a produção de hCG, o que agravaria a hiperestimulação.
Além disso, o congelamento de embriões é uma opção para casais que desejam ter filhos no futuro, mas se preocupam com a diminuição da fertilidade relacionada à idade ou a alguma doença. Ele também é uma alternativa para pessoas que desejam adiar a maternidade por razões médicas ou pessoais.
Pessoas transgênero, designadas mulheres ao nascimento, que desejam transicionar para o gênero masculino, podem optar por preservar embriões antes de iniciar o uso de hormônios masculinizantes, para garantir a capacidade de gerar um filho no futuro.
Veja sobre "Fertilização2 in vitro", "Reprodução5 assistida" e "Gestação múltipla".
Como é feito o congelamento de embriões?
O congelamento de embriões segue algumas etapas padrão, embora exista mais de uma técnica. O processo começa com a estimulação dos ovários6 da mulher, que recebe medicamentos hormonais para produzir vários óvulos. Quando os óvulos estão maduros, eles são coletados por meio de um procedimento chamado aspiração folicular, feito com sedação7.
Após a coleta, os óvulos são fertilizados em laboratório com espermatozoides8, e os embriões resultantes são cultivados por alguns dias, geralmente até o estágio de blastocisto (entre cinco e sete dias após a fertilização2).
Em seguida, os embriões são avaliados para verificar a qualidade, e apenas os de boa qualidade são preparados para o congelamento. Antes de serem congelados, os embriões são colocados em uma solução protetora, chamada crioprotetor, que ajuda a proteger as células9 durante o congelamento.
O congelamento pode ser feito de duas formas: congelamento lento ou vitrificação (congelamento ultrarrápido). A vitrificação é a técnica mais comum atualmente, pois oferece maior taxa de sucesso para a sobrevivência10 dos embriões.
Os embriões congelados são armazenados em tanques de nitrogênio líquido, a temperaturas extremamente baixas (-196°C). Eles podem ser mantidos congelados por tempo indeterminado, até que a mulher decida usá-los para tentar engravidar.
Quando isso acontecer, os embriões serão descongelados e, se sobreviverem ao descongelamento, serão transferidos para o útero4. Se tudo correr bem, poderá ocorrer uma gravidez1 e o desenvolvimento de um feto11 saudável.
Quais são as implicações clínicas do congelamento de embriões?
O congelamento de embriões permite armazenar embriões excedentes resultantes da estimulação ovariana para futuras tentativas de gravidez1. Essa técnica oferece maior flexibilidade no planejamento familiar, permitindo que os embriões sejam utilizados no momento mais conveniente para os pais. Além disso, pode ser uma opção para mulheres que desejam adiar a gravidez1 por motivos pessoais ou médicos.
Não há um limite de quanto tempo os embriões podem permanecer congelados. Existem relatos de gestações bem-sucedidas com embriões que ficaram congelados por mais de 20 anos. Há até casos de irmãos nascidos com uma diferença de 13 anos, mas que foram concebidos no mesmo dia!
Embora as técnicas de congelamento tenham melhorado muito, nem todos os embriões sobrevivem ao processo de congelamento e descongelamento. As taxas de sobrevivência10 dos embriões congelados são de cerca de 95%, e as taxas de sucesso entre embriões congelados e frescos são bastante semelhantes, o que mostra que a perda de qualidade durante o congelamento é mínima.
Em casos de mulheres que sofreram hiperestimulação ovariana, as chances de sucesso podem ser ainda maiores com o uso de embriões congelados. Isso porque, após tratar a síndrome12 de hiperestimulação, os embriões podem ser transferidos em um ciclo futuro, sem os riscos imediatos para a saúde13 da mulher.
Quanto ao destino dos embriões congelados, existem várias opções. Eles podem ser mantidos congelados até uma futura tentativa de gravidez1. Se o casal não quiser mais ter filhos, os embriões podem ser doados para outros casais, utilizados para pesquisa científica, ou descartados após cinco anos de congelamento, conforme permitido pelo Conselho Federal de Medicina. No entanto, o descarte de embriões gera debates éticos, religiosos e legais, já que muitos consideram os embriões "seres vivos". As leis sobre o destino dos embriões congelados variam de país para país e, em alguns casos, até entre diferentes estados de um mesmo país.
Leia sobre "Alguns conceitos ligados à reprodução5 humana" e "Espermograma".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do National Cancer Institute (USA) e da Cleveland Clinic (USA).
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.