Herpes Simples. O que é?
O que é o herpes simples?
É uma virose de distribuição universal, recorrente, geralmente benigna, altamente transmissível inclusive pelo contato sexual orogenital. Ela pode ser transmitida pelo contato direto com as lesões1 ou por objetos contaminados.
Acredita-se que a maioria dos casos de transmissão ocorre a partir de pessoas que não sabem que estão infectadas ou são assintomáticas.
De 50 a 90% dos adultos tem anticorpos2 circulantes contra o herpes vírus3 humano tipo-1 (HSV-1) e 20 a 30% contra o herpes vírus3 humano tipo-2 (HSV-2).
A doença traz incômodo aos indivíduos portadores, não tem cura, mas seus sintomas4 podem ser controlados com medicações.
O que sente uma pessoa com herpes simples?
A pessoa sente uma ardência, prurido5 ou dor em locais onde se formam lesões1 tipo vesículas6 que, em poucos dias, transformam-se em pequenas úlceras7. As lesões1 geralmente aparecem em membranas mucosas8 ou na pele9, ao redor da cavidade oral10 (herpes orolabial) e da genitália11 (herpes anogenital). Determina quadros benignos ou graves, com manifestações clínicas distintas e relacionadas ao estado imunológico do hospedeiro.
As vesículas6 contêm um líquido rico em vírus3. Após a sua ruptura, elas desaparecem e reaparecem sem deixar marcas ou cicatrizes12.
O que causa o herpes simples?
A doença é causada pelo herpes vírus3 humano tipo 1 (HSV-1), responsável por infecções13 na face14 e no tronco, e tipo 2 (HSV-2), relacionado às infecções13 na genitália11, este com transmissão geralmente sexual.
É um vírus3 DNA da mesma família do Citomegalovírus15 (CMV), do Varicela16 Zoster17 Vírus3 (VZV), do Epstein-Barr Vírus3 (EBV), do Herpesvírus humano 6 (HHV-6) e do Herpesvírus humano 8 (HHV 8).
Como a infecção18 acontece?
A primeira infecção18 pelo vírus3 do herpes simples é, em geral, subclínica e passa despercebida. O indivíduo torna-se portador do vírus3 sem apresentar sintomas4. Em pequena porcentagem de indivíduos, a infecção18 é grave e prolongada. Após a infecção18 primária, o vírus3 pode ficar em estado de latência19 em gânglios20 de nervos cranianos ou da medula21. Quando reativado por várias causas, migra através do nervo periférico, retorna a pele9 ou mucosa22 e produz a erupção23 do herpes simples recidivante24.
As crianças podem ter herpes?
Podem sim. A gengivoestomatite herpética primária é mais comum em crianças. O quadro clínico pode ser leve, com algumas lesões1 vesicoerosivas e estado subfebril, ou grave, com lesões1 vesiculosas, febre25 alta, adenopatias26 e comprometimento do estado geral. Quando as vesículas6 se rompem, formam-se exulcerações, a gengiva incha e a alimentação torna-se difícil.
Posso ter herpes simples mais de uma vez?
Após a infecção18 genital primária por HSV-2 ou HSV-1, respectivamente, 90 e 60% dos pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação dos vírus3. A recorrência27 das lesões1 pode estar associada à febre25, exposição à radiação ultravioleta, traumatismos, menstruação28, estresse físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada e imunodeficiência29. O quadro clínico das recorrências30 é menos intenso que o observado na primoinfecção, precedido de pródromos31 característicos: aumento de sensibilidade, prurido5, “queimação”, mialgias32 e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital.
O que é herpes genital?
O vírus3 é transmitido, mais frequentemente, por contato direto com lesões1 ou objetos contaminados. É necessário que haja solução de continuidade, pois não há penetração do vírus3 em pele9 ou mucosas8 íntegras. Pode não produzir sintomatologia ou pródromos31.
No homem, localiza-se, geralmente, na glande e prepúcio33; na mulher, nos pequenos lábios, clitóris, grandes lábios, fúrcula e colo do útero34. As lesões1 são, inicialmente, pápulas35 eritematosas36 de 2 a 3 mm, seguindo-se por vesículas6 agrupadas com conteúdo citrino, que se rompem dando origem a ulcerações37. A adenopatia38 inguinal dolorosa bilateral pode estar presente em 50% dos casos. As lesões1 cervicais (cervicite39 herpética), frequentes na primoinfecção, podem estar associadas a corrimento genital aquoso. No homem, não raramente, pode haver secreção uretral40 hialina, acompanhada de ardência miccional. Podem ocorrer sintomas4 gerais, como febre25 e mal-estar. Com ou sem sintomatologia, após a infecção18 primária, o HSV ascende pelos nervos periféricos sensoriais, penetra nos núcleos das células41 ganglionares e entra em latência19.
Existem outros tipos de infecções13 causadas pelo mesmo vírus3?
O mesmo vírus3 pode causar outras infecções13, tais como:
- Ceratoconjuntivite Herpética: acomete a conjuntiva42 e a córnea43. Após a regressão, as recidivas44 podem determinar ulcerações37 profundas, eventualmente causando cegueira.
- Herpes Simples Neonatal: ocorre quando a parturiente apresenta herpes genital com contaminação do neonato45 no canal do parto. É um quadro grave e, muitas vezes, fatal. Dos sobreviventes, 50% apresentam sequelas46 neurológicas ou oculares.
- Panarício Herpético: infecção18 recidivante24, atingindo os dedos das mãos47 e pés.
O Herpes Simples pode causar Doença Neurológica, uma vez que é um vírus3 neurotrópico. As complicações do sistema nervoso central48 são meningite49, encefalite50, radiculopatia, mielite51.
Como é feito o diagnóstico52?
O diagnóstico52 é eminentemente53 clínico. O diagnóstico52 citológico de Tzanck pode ser utilizado, a coloração pelo Papanicolau54 tem baixa sensibilidade. O isolamento do vírus3 em cultura de tecido55 é a técnica mais específica para diagnóstico52 da infecção18 herpética, mas não é um método disponível na prática diária; sua sensibilidade é maior nas lesões1 vesiculosas e, progressivamente, menor nas fases de pústulas56, úlcera57 e crostas. O PCR58 é altamente sensível, embora seja pouco acessível, disponível em alguns laboratórios de referência, para pesquisa. A sorologia só tem seu papel na identificação da soroprevalência ou confirmação de soroconversão, porém não se aplica na rotina diagnóstica.
Como é feito o tratamento?
Somente o médico pode indicar o melhor tratamento para cada caso. Existem medicamentos a serem usados como o aciclovir59, o valaciclovir ou o fanciclovir tanto para tratar a infecção18 aguda quanto para evitar as recorrências30. O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível, de preferência, ao aparecimento dos primeiros pródromos31 (aumento de sensibilidade, ardor60, dor, prurido5).
Os casos recidivantes61 podem se beneficiar com terapias supressivas. Procure orientação de um médico para evitar novas infecções13 pelo herpesvírus.
Fonte: Doenças Infecciosas e Parasitárias – Guia de Bolso - Ministério da Saúde62
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.