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Ozonioterapia

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O que é ozônio?

O ozônio é um gás incolor, contendo 3 átomos de oxigênio (O3). Ele foi descoberto pelo químico alemão Christian Frederick Schonbein, nos anos de 1840, e inicialmente foi usado para higienizar ambientes ou vasilhames. Após isso, ele foi aplicado em alguns processos terapêuticos médicos e se espalhou para várias áreas da Medicina. In natura ele é irritante para as vias respiratórias.

O que é ozonioterapia?

A ozonioterapia é um tratamento médico alternativo que busca introduzir o ozônio no corpo com a finalidade de tratar doenças e ferimentos. Ela surgiu da mistura do oxigênio e ozônio em um aparelho chamado gerador de ozônio medicinal.

Supostamente, o ozônio possui propriedades entorpecentes, funciona como anti-inflamatório e ajuda a fortalecer o sistema imune1 melhorando a sua oxigenação. Em 2003, contudo, a FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos proibiu o uso médico do ozônio porque julgou não haver provas da sua segurança e efetividade.

Por que utilizar a ozonioterapia?

A terapia com o ozônio tem sido utilizada há mais de um século. Alguns de seus efeitos são comprovados, consistentes e seguros, com um mínimo de efeitos colaterais2 evitáveis. De maneira geral, o ozônio é usado para desinfecção3 de instrumental médico e tratamento de várias doenças.

As pesquisas sobre a terapia com o ozônio mostram resultados discordantes, embora muitas delas sejam bastante sólidas e outras muito promissoras. Vários testes clínicos estão em andamento para diversas enfermidades, que vão desde doenças cardíacas até artrites, bem como em relação a diversos procedimentos dentários.

Leia sobre "Reumatismos inflamatórios sistêmicos4", "Úlceras5 de perna" e "Cuidados simples para prevenir o pé diabético".

Qual é o substrato fisiológico6 da ozonioterapia?

O ozônio é uma forma de oxigênio, consistindo de uma molécula contendo três átomos de oxigênio. O uso médico do gás foi descoberto em meados do século XIX. Na camada superior da atmosfera, o ozônio protege a Terra da radiação solar ultravioleta, mas ao nível do solo é um “poderoso agente poluente”, levando à irritação da garganta7 e dos pulmões8, tosse e piora dos sintomas9 da asma10.

No uso terapêutico, o mecanismo de ação é por inativação de bactérias, vírus11, fungos, leveduras e protozoários12, estimulação do metabolismo13 do oxigênio e ativação do sistema imunológico14. O ozônio desmantela a integridade da membrana das células15 bacterianas por meio da oxidação de fosfolípides e proteínas16. Nos fungos, o ozônio inibe o crescimento celular. Com os vírus11, ele danifica o invólucro viral e perturba o ciclo reprodutivo.

A ozonioterapia causa um aumento da liberação de oxigênio nos tecidos e ativa o ciclo de Krebs, de metabolização da glicose17. Ela também estimula a produção de enzimas que atuam ativando os sequestradores de radicais livres. O ozônio ainda aumenta a produção do interferon e libera em grau maior o fator de necrose18 tumoral e a interleucina 2, a qual desencadeia uma cascata de reações imunológicas subsequentes. Nos pulmões8, o ozônio causa um decréscimo significativo na capacidade vital19 e aumenta a resistência à circulação20 do ar, mas não altera o desempenho dinâmico do órgão.

Quais são as indicações clínicas da ozonioterapia?

Embora tenha sido condenado pela FDA americana, muitos médicos acham que o ozônio pode continuar sendo usado para estimular o sistema imunológico14, para desinfecção3 de instrumental médico e para tratamento de uma gama de enfermidades.

A terapia de ozônio fortalece o sistema imunológico14, dá maior resistência ao corpo e retarda o processo de envelhecimento. Nos hospitais, o ozônio pode ser usado para ajudar a graduar as fontes de oxigênio. Para ser efetivo como germicida, o ozônio deveria estar presente numa concentração maior do que a que pode ser suportada pelo ser humano e pelos animais.

Medicamentos gasosos são um tanto incomuns na Medicina e por isso técnicas especiais de aplicação tiveram que ser desenvolvidas para o uso seguro do ozônio.

No tratamento de feridas externas, ele é usado em aplicações locais.

Aplicada de forma ideal em spray ou compressa, a água ozonizada é particularmente conhecida na medicina dentária (odontologia).

As doenças tratadas pela ozonioterapia são feridas infectadas, distúrbios circulatórios, condições geriátricas, degeneração macular21, doenças virais, reumatismo22 / artrite23, câncer24, SARS e AIDS.

Como administrar o ozônio?

Há muitas maneiras de administrar o ozônio. As três formas principais são:

  1. Diretamente nos tecidos, quando ele for aplicado para tratar um problema nas extremidades ou um ferimento.
  2. Por via intravenosa, para tratar problemas internos. Nestes casos, o gás deve ser misturado a uma amostra de sangue25 previamente obtida do próprio paciente e então novamente injetada nele. Este procedimento, contudo, tem o risco de causar embolismo26, devido à formação de pequenas bolhas de gás.
  3. Por via intramuscular, em que um soro27 é frequentemente misturado com oxigênio antes da administração.

Além dessas vias, o ozônio pode ser administrado pela vagina28, reto29 e por via subcutânea30.

Quais são os riscos possíveis com a ozonioterapia?

A terapia com ozônio não é sem risco e implica em efeitos colaterais2. Ele é um gás que contém um número ímpar de átomos, o que o torna instável e imprevisível. De maneira nenhuma ele deve ser inalado, porque tem efeito irritante sobre os pulmões8.

A terapia com o ozônio, usada há mais de um século e meio, ajudou a restituir a saúde31 de muitos pacientes. Ela, porém, deve ser usada com cuidado por um profissional especializado.

Saiba mais sobre "Trombose venosa profunda32", "Envelhecimento precoce" e "Embolia33 pulmonar ou embolismo26".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Anvisa e da Associação Brasileira de Ozonioterapia.

ABCMED, 2022. Ozonioterapia. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1430615/ozonioterapia.htm>. Acesso em: 25 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sistema imune: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
2 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
3 Desinfecção: Eliminação de microorganismos de uma superfície contaminada. Em geral utilizam-se diferentes compostos químicos (álcool, clorexidina), ou lavagem com escovas especiais.
4 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
5 Úlceras: Feridas superficiais em tecido cutâneo ou mucoso que podem ocorrer em diversas partes do organismo. Uma afta é, por exemplo, uma úlcera na boca. A úlcera péptica ocorre no estômago ou no duodeno (mais freqüente). Pessoas que sofrem de estresse são mais susceptíveis a úlcera.
6 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
7 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
8 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
10 Asma: Doença das vias aéreas inferiores (brônquios), caracterizada por uma diminuição aguda do calibre bronquial em resposta a um estímulo ambiental. Isto produz obstrução e dificuldade respiratória que pode ser revertida de forma espontânea ou com tratamento médico.
11 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
12 Protozoários: Filo do reino animal, de classificação suplantada, que reunia uma grande parcela dos seres unicelulares que possuem organelas celulares envolvidas por membrana. Atualmente, este grupo consiste em muitos e diferentes filos unicelulares incorporados pelo reino protista.
13 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
14 Sistema imunológico: Sistema de defesa do organismo contra infecções e outros ataques de micro-organismos que enfraquecem o nosso corpo.
15 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
16 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
17 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
18 Necrose: Conjunto de processos irreversíveis através dos quais se produz a degeneração celular seguida de morte da célula.
19 Capacidade vital: Representa o maior volume de ar mobilizado, podendo ser medido tanto na inspiração quanto na expiração.
20 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
21 Degeneração macular: A degeneração macular destrói gradualmente a visão central, afetando a mácula, parte do olho que permite enxergar detalhes finos necessários para realizar tarefas diárias tais como ler e dirigir. Existem duas formas - úmida e seca. Na forma úmida, há crescimento anormal de vasos sanguíneos no fundo do olho, podendo extravasar fluidos que prejudicam a visão central. Na forma seca, que é a mais comum e menos grave, há acúmulo de resíduos do metabolismo celular da retina, aliado a graus variáveis de atrofia do tecido retiniano, causando uma perda visual central, de progressão lenta, podendo dificultar a realização de algumas atividades como ler e escrever ou a identificação de traços de fisionomia.
22 Reumatismo: Termo que é utilizado em geral para se referir ao conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas que afetam as articulações e estruturas vizinhas.
23 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
24 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
25 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
26 Embolismo: É o mesmo que embolia, mas é um termo menos usado. Significa obstrução de um vaso, frequentemente uma artéria, pela migração de um corpo estranho (chamado de êmbolo) levado pela corrente sanguínea.
27 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
28 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
29 Reto: Segmento distal do INTESTINO GROSSO, entre o COLO SIGMÓIDE e o CANAL ANAL.
30 Subcutânea: Feita ou situada sob a pele; hipodérmica.
31 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
32 Trombose Venosa Profunda: Caracteriza-se pela formação de coágulos no interior das veias profundas da perna. O que mais chama a atenção é o edema (inchaço) e a dor, normalmente restritos a uma só perna. O edema pode se localizar apenas na panturrilha e pé ou estar mais exuberante na coxa, indicando que o trombo se localiza nas veias profundas dessa região ou mais acima da virilha. Uma de suas principais conseqüências a curto prazo é a embolia pulmonar, que pode deixar seqüelas ou mesmo levar à morte. Fatores individuais de risco são: varizes de membros inferiores, idade maior que 40 anos, obesidade, trombose prévia, uso de anticoncepcionais, terapia de reposição hormonal, entre outras.
33 Embolia: Impactação de uma substância sólida (trombo, colesterol, vegetação, inóculo bacteriano), líquida ou gasosa (embolia gasosa) em uma região do circuito arterial com a conseqüente obstrução do fluxo e isquemia.
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