Medicina nuclear - O que é? Quais são os usos clínicos?
O que é medicina nuclear?
A medicina nuclear é uma especialidade médica radiológica que utiliza quantidades muito pequenas de materiais radioativos (radiofármacos) introduzidos no corpo, com finalidade diagnóstica e/ou terapêutica1. Seus métodos são seguros, indolores e não invasivos. Ela usa quantidades mínimas de substâncias radioativas como ferramenta para acessar o funcionamento e/ou a estrutura dos órgãos e tecidos vivos, realizando imagens diagnósticas ou tratamentos.
Para que serve a medicina nuclear?
A técnica da medicina nuclear é utilizada há mais de 50 anos. Ela é bastante segura, uma vez que as doses de radiação que emprega são pequenas e geram praticamente a mesma quantidade de radiação do que um raio X comum.
A medicina nuclear atua em diversas áreas, como a cardiologia, a oncologia, a hematologia, a neurologia e outras, e é usada tanto no diagnóstico2 quanto no tratamento de várias doenças como, por exemplo, embolia3 pulmonar, infecções4 agudas, infarto do miocárdio5, câncer6, obstruções renais, demências, etc. Além disso, ela pode também definir o quanto o câncer6 está circunscrito ou espalhado no organismo, o que ajuda o médico na decisão sobre a conduta terapêutica1 mais adequada para cada caso.
Usada para diagnóstico2, a medicina nuclear pode mostrar como os órgãos ou tecidos estão funcionando. Os usos mais comuns da medicina nuclear para diagnóstico2 incluem exames do coração7, pulmão8, rins9, vesícula biliar10 e tireoide11.
Em um tipo de exame da medicina nuclear chamado tomografia por emissão de pósitrons (positron emission tomography - PET), o radioisótopo é usado para mostrar a atividade das células12, fornecendo informações mais detalhadas sobre como os órgãos estão funcionando e se há danos às células12. O principal objetivo dos exames de PET é detectar o câncer6 e monitorar sua progressão, sua resposta ao tratamento e descobrir eventuais metástases13. Os exames PET são frequentemente combinados com tomografia computadorizada14 ou ressonância magnética15, que fornecem imagens detalhadas do órgão em causa.
Quando usada no tratamento, o traçador radioativo16 tem como alvo um órgão ou tecido17 doente e a radioatividade visa danificar ou interromper o crescimento de suas células12. Dentre esse tipo de uso da medicina nuclear, dois usos muito comuns incluem:
- Terapia com iodo radioativo16, que é largamente captado pela glândula18 tireoide11, para o tratamento do hipertireoidismo19 ou de tumores da tireoide11.
- Braquiterapia20, uma forma de tratamento com radiação em que uma fonte de radiação é colocada dentro ou próxima à área que requer tratamento e promove uma irradiação local.
Veja também sobre "Cintilografia21 renal22", "Cintilografia21 da tireoide11", "Cintilografia21 pulmonar" e "Cintilografia21 óssea".
Em que consiste a medicina nuclear?
Quando a medicina nuclear é usada para procedimentos de diagnóstico2, um marcador, que contém o material radioativo16 (radioisótopo), é injetado, ingerido ou inalado. Os radioisótopos23 são ligados a moléculas carreadoras, as quais variam de acordo com a região a ser observada e o objetivo do posterior escaneamento. Pode-se usar, com tal finalidade, moléculas que são metabolizadas como açúcares ou proteínas24 específicas, ou que sejam absorvidas apenas em determinada região do corpo, o que torna mais precisa e específica a formação de imagens.
Os radioisótopos23 emitem energia na forma de fótons ou de pósitrons que são detectados por equipamentos especiais manejados pelo radiologista intervencionista25 e processados por computadores, formando imagens estáticas e/ou dinâmicas que revelam o funcionamento do órgão ou tecidos estudados. Isso dará ao médico informações sobre o quão bem eles estão funcionando.
Pode-se, também, “marcar” certas moléculas com radioisótopos23 e avaliar como elas se distribuem pelo corpo. Exemplos disso são:
- a marcação de leucócitos26 para identificar a localização de focos de infecção27;
- a marcação de hemácias28 para avaliar sangramentos.
Como quase todo procedimento médico, a medicina nuclear comporta benefícios e riscos. Por um lado, ela fornece informações dinâmicas sob como os órgãos e tecidos estão funcionando, enquanto outros procedimentos de imagens mostram apenas imagens estruturais. As radiações promovidas por ela podem ser direcionadas para matar ou danificar células12 nocivas e para reduzir o tamanho de tumores o que, frequentemente, implica em diminuição da dor e/ou facilitação de uma cirurgia.
Por outro lado, as radiações necessárias para alguns procedimentos podem ser mais altas, o que pode aumentar a probabilidade de o paciente sofrer câncer6 mais tarde na vida. Além disso, alguns procedimentos são mais longos e duradouros que outros e podem causar vermelhidão na pele29 ou perda de cabelo30 como efeitos colaterais31. A pessoa exposta à radiação pode, logo após o procedimento, liberar pequenas quantidades de radiação, e precisa por isso tomar cuidado quanto à exposição de outras pessoas.
Usos clínicos da medicina nuclear
Depois de administrado o radioisótopo, uma varredura radiológica (scan) pode ser praticada em vários órgãos e tecidos do corpo. As varreduras são usadas para localizar e/ou diagnosticar muitas condições médicas e doenças, bem como acompanhar a evolução delas. Alguns dos exames mais comuns da medicina nuclear incluem:
- exames renais, usados para examinar anormalidades nos rins9;
- exames de tireoide11, usados para avaliar a função dessa glândula18 ou para avaliar melhor um nódulo32 ou massa tireoidiana;
- varreduras ósseas, usadas para avaliar quaisquer alterações degenerativas33 e/ou artríticas nas articulações34, para encontrar doenças ósseas e tumores e/ou para determinar a causa da dor ou inflamação35 óssea;
- varreduras de gálio (elemento químico), usadas para diagnosticar doenças infecciosas e/ou inflamatórias ativas, tumores e abscessos36;
- varreduras do coração7, usadas para identificar o fluxo sanguíneo anormal para o coração7, para determinar a extensão do dano do músculo cardíaco37 após um ataque cardíaco e/ou para medir a função cardíaca;
- varreduras do cérebro38, usadas para investigar problemas dentro do cérebro38 e/ou na circulação39 sanguínea para o cérebro38;
- varreduras de mama40, usadas em conjunto com a mamografia41 para localizar tecido17 canceroso na mama40, etc.
As varreduras tornaram-se recentemente disponíveis para auxiliar no diagnóstico2 da doença de Parkinson42 no cérebro38 e distinguir essa doença de outros distúrbios do movimento e demências anatomicamente relacionados.
Saiba mais sobre "PET Scan" e "Tratamento com iodo radioativo16".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da SBMN – Sociedade Brasileira de Medicina Nuclar, do National Institute of Biomedical Imaging and Bioengineering e da Johns Hopkins Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.