Medicina psicossomática: entenda essa abordagem médica
O que é a medicina psicossomática?
A Medicina Psicossomática é uma abordagem médica que busca compreender e tratar as interações complexas entre os aspectos psicológicos, emocionais e fisiológicos da saúde1 e da doença. Considera que emoções, pensamentos, estresse e outros fatores psicossociais podem desempenhar um papel de grande importância no desenvolvimento e na manifestação das doenças. Ela não é uma especialidade médica, mas uma forma de ver a medicina em seu todo. Isso significa que condições médicas, mesmo as que possuem uma base biológica evidente, podem ser influenciadas ou agravadas por fatores psicológicos.
A Medicina Psicossomática reconhece a conexão mente-corpo e procura entender como emoções negativas, estresse crônico2, traumas e outras experiências psicológicas podem impactar o sistema imunológico3, hormonal e nervoso, levando a sintomas4 físicos ou agravando condições médicas preexistentes. Da mesma forma, também considera como condições físicas podem afetar o bem-estar emocional e mental de uma pessoa.
Os profissionais de Medicina Psicossomática frequentemente trabalham em equipe com outros especialistas, como psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas e médicos de diferentes especialidades para proporcionar uma abordagem holística e integrada ao tratamento.
Saiba mais sobre "Doenças psicossomáticas - como elas são" e "Distinções entre sintomas4 físicos e psicológicos".
Extensão do termo “Medicina Psicossomática”
A denominação “medicina psicossomática”, embora amplie bastante o âmbito da medicina física tradicional, é ainda uma forma restrita de entender as relações do homem com o adoecer. Mais do que um fenômeno no qual intervêm fatores psicológicos, a doença é um acontecimento biográfico, no qual estão implicadas todas as caracterizações da existência humana. Tomada no seu sentido global, a doença deve compreender não só os fatores físicos e psicológicos que atuam como sua causa, mas também as reações pessoais ante ela: a maneira como a pessoa lida com ela e a sua inserção na história individual.
Tomemos um exemplo: a medicina física tradicional diz que os sintomas4 da pneumonia5 são febre6, tosse, taquipneia7, dor no peito8, retração intercostal9, sudorese10, calafrios11, dores musculares, dor de cabeça12, perda de apetite, fraqueza, náuseas13, vômitos14, etc. Mesmo no sentido puramente físico, nenhum paciente tem todos esses sintomas4 e nem os tem na mesma intensidade. Uns pacientes têm tosse, mas não têm retração intercostal9; outros têm febre6, mas não têm taquipneia7; há os que sentem fraqueza, mas não perdem o apetite. A pneumonia5 descrita nos livros é um parâmetro indispensável, mas não existe na realidade.
Além disso, cada pessoa tem uma reação diferente ao fato de enfermar. Algumas exageram em medidas preventivas e se apavoram muito com o fato de estarem doentes, cumprindo com exatidão e até com exageros tudo o que lhes é recomendado. Outras são muito relapsas e parecem não se importar com a possibilidade de adoecerem e, quando doentes, deixam de seguir as orientações médicas.
É preciso ainda considerar que a doença ocorre sempre num determinado instante da vida e tem significações diferentes conforme o momento em que se dê: ou isenta uma pessoa de obrigações desagradáveis ou interrompe planos muito almejados. Isso para não dizer que, em muitos momentos, a enfermidade parece ser uma solução para conflitos difíceis em que a pessoa esteja envolvida. Também devem ser levadas em conta as reações do paciente ao médico, algumas delas motivadas pelas características pessoais do profissional, mas outras inerentes à própria natureza da relação médico-paciente.
Por tudo isso, o conceito “medicina psicossomática” é ainda muito estrito para abarcar toda a realidade do adoecer humano. Melhor seria falar-se de uma “medicina antropológica”, não fora o fato de que essa expressão já tem sido usada para descrever aspectos históricos e culturais das doenças humanas.
Leia sobre "O papel das emoções na vida humana" e "As emoções e os órgãos".
O que são doenças psicossomáticas?
É tradicional falar-se de doenças psicossomáticas como se fossem uma classe especial de doenças. Elas também são conhecidas como somatizações ou transtornos somatiformes e são condições médicas em que os sintomas4 físicos são mais fortemente influenciados ou agravados por fatores psicológicos. Essas doenças têm uma conexão mais nítida entre o aspecto psicológico e o aspecto físico da saúde1 ou da doença de uma pessoa. Em outras palavras, condições físicas são mais diretamente afetadas pelas emoções e pelo estado mental da pessoa.
Embora os fatores emocionais não sejam “a causa” das doenças psicossomáticas, desempenham um papel importante na configuração, gravidade e curso da doença. Ou seja, a medicina psicossomática não nega a base biológica das doenças, mas enfatiza a importância de uma abordagem abrangente que leve em consideração os aspectos psicológicos, emocionais e sociais para um tratamento mais completo e eficaz.
Exemplos comuns das habitualmente chamadas doenças psicossomáticas incluem:
- Asma15
- Rinite16
- Enxaquecas17
- Gastrite18
- Úlceras19 pépticas
- Impotência20
- Hipertensão arterial21
- Síndrome22 do intestino irritável
- Alergias
- Dermatite23 atópica
- Fibromialgia24
- Entre outras...
Em alguns casos, ocorrem também sintomas4 orgânicos sem que nenhuma alteração física possa ser demonstrada, aos quais se atribui uma razão psicológica (conversões). Nem sempre é fácil fazer um diagnóstico25 de quanto o fator psicológico está influenciando as queixas do paciente. Alguns dados, no entanto, podem ajudar nessa diferenciação.
O paciente com marcada participação psicológica em seus sintomas4 físicos está frequentemente procurando consultas médicas ou atendimentos em prontos-socorros, sem, contudo, obter confirmação da causa de seus supostos problemas, embora pareçam muito preocupados com a sua doença. Esses pacientes, em geral, têm uma baixa aderência aos tratamentos. Ademais, as queixas que têm uma forte influência do fator psicológico estão geralmente relacionadas a eventos vivenciais, enquanto as queixas de origem claramente física se relacionam mais nitidamente com eventos fisiológicos ou funcionais.
O tratamento dessas doenças muitas vezes envolve o tratamento médico para os sintomas4 físicos, além de intervenções psicológicas para lidar com os fatores emocionais subjacentes.
Veja também sobre "A dor como relatada pelos pacientes" e "Saúde1 mental - o que é".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Portal São Francisco e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.