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Verdades sobre a alimentação: 10 mitos nutricionais que precisam ser abandonados de vez

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A alimentação é um dos pilares da saúde1, mas também um terreno fértil para desinformação. Redes sociais, modismos e até conselhos bem-intencionados contribuem para a propagação de mitos que, muitas vezes, levam a escolhas alimentares equivocadas e à exclusão desnecessária de nutrientes importantes.

A seguir, esclarecemos 10 dos principais mitos nutricionais que merecem ser definitivamente descartados, com base na opinião de especialistas em nutrição2 e medicina.

Mito 1: Carboidratos engordam e devem ser evitados.

A verdade: Os carboidratos não são inimigos da dieta. Eles são a principal fonte de energia para o corpo, especialmente para o cérebro3 e os músculos4. O problema está no tipo e na qualidade dos carboidratos consumidos.

Os carboidratos simples e refinados, como açúcares e farinhas brancas, são rapidamente absorvidos e favorecem o ganho de peso quando consumidos em excesso. Já os carboidratos complexos, presentes em frutas, legumes, leguminosas e grãos integrais, fornecem fibras, vitaminas e minerais, além de promoverem saciedade e equilíbrio metabólico. O segredo está em escolher bem, não em eliminar.

Mito 2: Toda gordura5 é ruim.

A verdade: As gorduras são essenciais para o organismo, participando da produção hormonal, da absorção de vitaminas (A, D, E e K) e da proteção das células6. O equívoco surgiu quando, nas décadas de 1970 e 1980, campanhas de saúde1 incentivaram dietas “sem gordura”, o que levou ao aumento do consumo de carboidratos refinados.

Hoje se sabe que gorduras boas, como as monoinsaturadas (presentes no azeite, abacate e castanhas) e as poli-insaturadas (encontradas em peixes e sementes de linhaça), são benéficas à saúde1 cardiovascular. Já as gorduras trans7 e o excesso de gorduras saturadas8 devem ser limitados. Produtos com rótulo “sem gordura” podem, na verdade, conter altos teores de açúcar9 e aditivos, portanto, leia sempre os rótulos.

Mito 3: Comer à noite engorda.

A verdade: O ganho de peso depende do balanço calórico total ao longo do dia, não do horário das refeições. Comer à noite só é prejudicial se houver excesso de calorias10, consumo de ultraprocessados ou grandes intervalos sem se alimentar, o que pode levar a exageros noturnos.

Uma refeição leve e equilibrada à noite, com proteínas11 magras, vegetais e pequenas porções de carboidratos complexos, não causa ganho de peso e pode até melhorar o sono e a recuperação muscular.

Saiba mais sobre "Macronutrientes12", "Nutrientes" e "Micronutrientes13".

Mito 4: Pessoas com diabetes tipo 214 não podem comer frutas.

A verdade: Frutas inteiras são fontes de fibras, vitaminas e antioxidantes e não devem ser excluídas da dieta, mesmo para quem tem diabetes15. O problema está nos sucos de frutas, que concentram o açúcar9 e perdem as fibras, elevando rapidamente a glicemia16.

Estudos mostram que o consumo moderado de frutas, especialmente maçãs, uvas e frutas vermelhas, está associado à melhor regulação glicêmica e à redução do risco cardiovascular. O segredo é controlar as porções e preferir frutas inteiras, consumidas junto às refeições.

Mito 5: Alimentos sem glúten17 são mais saudáveis.

A verdade: A retirada do glúten17 só é necessária em casos de doença celíaca ou sensibilidade comprovada ao glúten17. Fora dessas situações, o glúten17 (uma proteína presente no trigo, centeio e cevada) não faz mal.

Muitos produtos “sem glúten” disponíveis no mercado são altamente processados, ricos em amido e pobres em fibras. Para a maioria das pessoas, eliminar o glúten17 sem indicação médica não traz benefícios e pode até empobrecer a dieta.

Mito 6: Suplementos vitamínicos substituem uma alimentação saudável.

A verdade: Nenhum suplemento é capaz de reproduzir a complexidade e a sinergia dos nutrientes de uma alimentação equilibrada.

Os suplementos devem ser usados apenas em casos de deficiências diagnosticadas ou necessidades específicas, como gestação, veganismo ou doenças que prejudiquem a absorção de nutrientes. O uso indiscriminado pode causar excesso de vitaminas ou minerais e até efeitos adversos. A prioridade deve ser sempre uma dieta variada e colorida.

Mito 7: Frutas e vegetais frescos são sempre mais nutritivos que os congelados ou enlatados.

A verdade: A crença de que “fresco é sempre melhor” não é totalmente verdadeira. Frutas e legumes congelados ou enlatados mantêm grande parte dos nutrientes, já que são processados logo após a colheita.

Além disso, esses alimentos podem ser mais acessíveis e ajudar na manutenção de uma dieta equilibrada ao longo do tempo. A única atenção deve ser ao rótulo: prefira opções sem açúcar9, sal ou gorduras adicionadas.

Veja sobre "Suplementos "anti-idade" prolongam a vida?", "O processo de envelhecimento" e "A medicina do estilo de vida e seus pilares".

Mito 8: Dietas detox limpam o organismo.

A verdade: Nenhum suco ou plano detox é capaz de “desintoxicar” o corpo. O organismo já possui um sistema eficiente de desintoxicação, comandado principalmente pelo fígado18, rins19 e sistema linfático20.

Dietas restritivas e sucos detox podem causar deficiências nutricionais e efeito rebote no apetite. A verdadeira “desintoxicação” vem de uma alimentação equilibrada, rica em fibras e antioxidantes, boa hidratação e prática regular de atividade física.

Mito 9: Pular refeições ajuda a emagrecer.

A verdade: Embora pareça lógico comer menos para emagrecer, pular refeições tende a causar fome intensa e compensação calórica posterior, além de prejudicar o metabolismo21.

Manter intervalos regulares entre as refeições ajuda a controlar o apetite, equilibrar os níveis de glicose22 e preservar a massa magra23. Estratégias como o jejum intermitente24 podem ser úteis em alguns casos, mas devem ser individualizadas e supervisionadas por um profissional.

Mito 10: Açúcar9 mascavo e mel são muito mais saudáveis que o açúcar9 refinado.

A verdade: Embora mel e açúcar9 mascavo contenham pequenas quantidades de minerais e compostos bioativos, a diferença nutricional em relação ao açúcar9 branco é mínima.

Todos são fontes concentradas de sacarose e devem ser consumidos com moderação. O importante é reduzir o consumo total de açúcares adicionados, independentemente da origem, priorizando frutas e alimentos in natura como fontes de doçura natural.

Como reconhecer informações falsas sobre alimentação?

Em tempos de redes sociais, é fácil se deparar com “novidades” nutricionais que prometem resultados milagrosos. Para evitar cair em armadilhas, siga alguns critérios simples:

  • Desconfie de promessas extremas, como “cura rápida”, “detox em 3 dias” ou “alimentos que queimam gordura”.
  • Verifique a fonte da informação: conteúdos assinados por profissionais de saúde1 qualificados e respaldados por instituições científicas são mais confiáveis.
  • Prefira evidências científicas a experiências pessoais ou influenciadores sem formação técnica.
  • Consulte sempre o rótulo: produtos “fit”, “zero” ou “natural” podem conter adoçantes, sódio e aditivos em excesso.
  • Evite dietas da moda, que eliminam grupos alimentares inteiros ou restringem calorias10 de forma drástica; elas são difíceis de manter e podem causar deficiências nutricionais.

Quando procurar orientação profissional?

É importante procurar um nutricionista25 ou médico sempre que houver dúvidas sobre alimentação, mudanças de peso sem explicação, fadiga26 persistente, queda de cabelo27, distúrbios gastrointestinais ou vontade de adotar dietas restritivas, como o vegetarianismo ou o jejum intermitente24.

Cada organismo tem necessidades específicas, que variam conforme idade, rotina, histórico familiar e condições de saúde1. O acompanhamento profissional ajuda a identificar carências nutricionais, planejar cardápios equilibrados, avaliar o uso de suplementos e monitorar resultados com segurança.

Buscar essa orientação é o caminho mais seguro para garantir saúde1, bem-estar e uma relação consciente com a comida, longe dos mitos e próxima das evidências científicas.

Leia também: "Blue zones - cinco lugares no mundo onde as pessoas vivem mais", "Psiquiatria nutricional" e "Estresse oxidativo".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital Israelita Albert Einstein, do European Food Information Council e da Biblioteca Virtual em Saúde.

ABCMED, 2025. Verdades sobre a alimentação: 10 mitos nutricionais que precisam ser abandonados de vez. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1496285/verdades-sobre-a-alimentacao-10-mitos-nutricionais-que-precisam-ser-abandonados-de-vez.htm>. Acesso em: 16 out. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
3 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
4 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
5 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
6 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
7 Gorduras trans: Tipo específico de gordura formada por um processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen de animais) ou industrial. Esta hidrogenação industrial transforma óleos vegetais líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente e são utilizadas para melhorar a consistência dos alimentos e também aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. Mas o consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode causar aumento do colesterol total e do colesterol ruim (LDL-colesterol) e também redução dos níveis de colesterol bom (HDL-colesterol).
8 Gorduras saturadas: Elas são encontradas principalmente em produtos de origem animal. Em temperatura ambiente, apresentam-se em estado sólido. Estão nas carnes vermelhas e brancas (principalmente gordura da carne e pele das aves e peixes), leite e seus derivados integrais (manteiga, creme de leite, iogurte, nata) e azeite de dendê.
9 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
10 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
11 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
12 Macronutrientes: Os macronutrientes fornecem as calorias aos alimentos. São eles: carboidratos, proteínas e lipídeos.
13 Micronutrientes: No grupo dos micronutrientes estão as vitaminas e os minerais. Esses nutrientes estão presentes nos alimentos em pequenas quantidades e são indispensáveis para o funcionamento adequado do nosso organismo. Exemplos: cálcio, ferro, sódio, etc.
14 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
15 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
16 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
17 Glúten: Substância viscosa, extraída de cereais, depois de eliminado o amido. É uma proteína composta pela mistura das proteínas gliadina e glutenina.
18 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
19 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
20 Sistema Linfático: Um sistema de órgãos e tecidos que processa e transporta células imunes e LINFA.
21 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
22 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
24 Intermitente: Nos quais ou em que ocorrem interrupções; que cessa e recomeça por intervalos; intervalado, descontínuo. Em medicina, diz-se de episódios de febre alta que se alternam com intervalos de temperatura normal ou cujas pulsações têm intervalos desiguais entre si.
25 Nutricionista: Especialista em nutricionismo, ou seja, especialista no estudo das necessidades alimentares dos seres humanos e animais, e dos problemas relativos à nutrição.
26 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
27 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.

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