O processo de envelhecimento
O que é o processo de envelhecimento?
O envelhecimento é definido como um processo progressivo, no qual ocorrem alterações biológicas, funcionais e psicológicas que tendem a determinar uma perda da capacidade que o indivíduo possui de se adaptar ao meio ambiente. O acelerado crescimento da população idosa no Brasil e no mundo vem ocorrendo de forma bastante avançada, graças à evolução da medicina, aos maiores cuidados com o saneamento e à insistência que hoje se tem quanto a uma alimentação saudável.
As alterações do envelhecimento começam durante o final da idade adulta. Do ponto de visa clínico, não há uma idade específica para considerar-se uma pessoa como idosa. Usualmente, a pessoa é considerada idosa se tem 65 anos ou mais, mas a razão disso é mais baseada na história que na biologia. Durante muitos anos, essa era a idade com que as pessoas se eximiam de suas atividades e passavam a viver uma vida de ócio, quase sempre amparadas pelas pessoas próximas, e morriam daí a uns poucos anos. Hoje, uma pessoa de 65 anos ainda pode ter pela frente outros 20 ou 30 ou até mesmo 40 anos de vida.
A pergunta “quando uma pessoa fica velha?” pode ser respondida de diferentes modos:
- A idade cronológica é a idade da pessoa contada em anos. Ela tem um significado limitado em termos de saúde1, embora as probabilidades de desenvolver problemas de saúde1 aumentem com a idade cronológica.
- A idade biológica se refere às alterações orgânicas que normalmente ocorrem com o avanço da idade cronológica. Essas alterações afetam algumas pessoas antes de outras. Algumas pessoas são biologicamente velhas aos 65 anos e outras não o são até muitos anos depois.
- A idade psicológica é baseada em como a pessoa age e se sente diante das diversas situações da vida.
Leia sobre "Envelhecimento saudável", "Envelhecimento cerebral", "Idade metabólica versus idade cronológica", "Longevidade" e "Como exercitar o cérebro2 todos os dias".
Qual é o substrato fisiológico3 do processo de envelhecimento?
Todos os órgãos vitais começam a perder alguma função à medida que a pessoa ultrapassa a idade adulta. Alguns sistemas orgânicos começam a envelhecer já aos 30 anos. Há quem diga que o auge da evolução biológica se dá aos 22 anos e daí em diante começam os declínios. Na verdade, muitos esportes que exigem grandes esforços físicos e agilidade, como o tênis e o atletismo, por exemplo, são mais adaptados a pessoas jovens que a outras de meia idade.
Outros processos de envelhecimento não são comuns até muito mais tarde na vida. Embora algumas mudanças sempre ocorram com o envelhecimento, elas acontecem em taxas e extensões diferentes para cada pessoa.
As células4 são os blocos básicos de construção dos tecidos e todas elas experimentam mudanças com o envelhecimento, se tornando maiores e com menores capacidades de se dividir e multiplicar. Muitas células4 perdem também a capacidade de funcionar ou começam a funcionar de forma anormal.
À medida que o envelhecimento continua, a absorção e eliminação de produtos do metabolismo5 (inclusive remédios) tornam-se mais lentas. Assim os produtos residuais do metabolismo5, que normalmente são eliminados, se acumulam nos tecidos, tornando os órgãos, vasos sanguíneos6 e vias aéreas mais rígidos. As membranas celulares também sofrem mudanças.
Devido às mudanças celulares e teciduais, os órgãos também mudam com a idade e lentamente perdem massa e função. A maioria das pessoas custa a perceber essa perda, porque raramente é necessário usar seus órgãos no máximo de sua capacidade. Após os 30 anos, uma média de 1% dessa reserva de capacidade é perdida a cada ano, principalmente no coração7, pulmões8 e rins9. Quando essa reserva diminui muito ou não existe mais, quaisquer demandas maiores ao organismo, como doença, medicação, mudanças do estilo de vida, aumento das demandas físicas do corpo, etc. não podem mais ser respondidas adequadamente. A recuperação de doenças raramente é de 100%, levando a cada vez mais incapacidades.
Em que consiste o envelhecimento normal?
O envelhecimento afeta cada pessoa de uma maneira específica. No entanto, há certos parâmetros que são mais ou menos comuns:
- Há um progressivo enrijecimento dos vasos sanguíneos6 e artérias10, o que aumenta o risco de pressão alta e outros problemas circulatórios.
- Com a idade, os ossos tendem a encolher em tamanho e diminuir a densidade de células4, enfraquecendo-os e tornando-os mais suscetíveis a fraturas. Esse problema em geral começa bem mais cedo nas mulheres que nos homens, por volta de 51 e 71 anos, respectivamente.
- Frequentemente os idosos sofrem de constipação11 intestinal, devido a mudanças estruturais no intestino grosso12. Também contribuem para isso a falta de exercícios, não beber líquidos suficientes, uma dieta pobre em fibras ou efeito colateral13 de certos medicamentos.
- A bexiga14 pode ficar menos elástica com a idade, resultando na necessidade de urinar com mais frequência. O enfraquecimento dos músculos15 da bexiga14 e do assoalho pélvico16 pode dificultar o esvaziamento completo da bexiga14 ou fazer com que a pessoa tenha incontinência urinária17. A incontinência urinária17 pode ainda ser causada por uma próstata18 aumentada ou inflamada, nos homens, pelo excesso de peso, por danos nos nervos causados pelo diabetes19, por medicamentos e pelo consumo excessivo de cafeína ou álcool.
- O cérebro2 passa por mudanças que podem ter efeitos menores ou maiores sobre a memória ou habilidades da pessoa. Os idosos podem esquecer nomes ou palavras familiares ou ter mais dificuldade em realizar tarefas que antes executavam com facilidade. Além de manter uma atividade física regular adaptada à sua idade e uma dieta saudável, a pessoa pode ler, jogar vários jogos de palavras, começar um novo hobby, aprender um novo idioma ou tocar um instrumento para manter o cérebro2 exercitado.
- A interação social ajuda a evitar a depressão e o estresse. A pessoa deve evitar o isolamento. Ela pode fazer um trabalho voluntário numa organização sem fins lucrativos, passar um tempo com a família e amigos ou participar de eventos sociais.
- Com a idade, a pessoa passa a ter problemas oftalmológicos. Pode ter dificuldade em focar em objetos próximos, pode se tornar mais sensível ao brilho e ter dificuldades de se adaptar a diferentes níveis de luz. O envelhecimento também pode afetar o cristalino20, causando visão21 turva (catarata22).
- A audição da pessoa também pode diminuir e ela pode ter dificuldade em acompanhar uma conversa em uma sala lotada ou em ambientes com ruídos.
- As gengivas podem recuar dos dentes e, com isso, dentes e gengivas podem se tornar mais vulneráveis a cáries23 e infecções24.
- Com a idade, a pele25 fica mais fina, menos elástica e mais frágil e o tecido adiposo26 logo abaixo da pele25 diminui e, em alguns casos ela até “rasga” (fissuras27 na pele25) com mais facilidade.
- A maneira como o corpo queima calorias28 diminui com a idade (o metabolismo5 fica mais lento) e a pessoa pode ganhar peso se continuar a comer da mesma forma que de costume.
- Com a idade, as necessidades e o desempenho sexuais podem diminuir suas exigências, o que pode ser agravado por doenças ou medicamentos. Para as mulheres, a secura vaginal pode tornar o sexo desconfortável. Para os homens, a impotência29 pode se tornar uma preocupação.
Veja também sobre "Sedentarismo30", "Parar de fumar", "Estresse", "Distúrbios do sono em idosos" e "Sete passos para um coração7 saudável".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do National Institute on Aging (EUA) e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.