"Blue zones": cinco lugares no mundo onde as pessoas vivem mais (e o que podemos aprender com elas)
“Blue Zones”: o que são?
As “Blue Zones” (Zonas Azuis) são regiões do mundo onde as pessoas vivem mais e com mais saúde1 do que a média global. Nessas áreas, além de se alcançar idades muito avançadas, há menor incidência2 de doenças crônicas e demências. A média de vida nessas regiões chega a cerca de 100 anos, o que representa aproximadamente 23 anos a mais do que a média brasileira, de 77 anos.
O termo “Blue Zones” foi criado pelo jornalista Dan Buettner, da National Geographic, que liderou pesquisas sobre esses locais.
Quais regiões no mundo são chamadas de “Blue Zones”?
Existem cinco regiões mais conhecidas como “Blue Zones”:
- Ikaria (Grécia)
- Okinawa (Japão)
- Sardenha (Itália)
- Península de Nicoya (Costa Rica)
- Loma Linda (Califórnia, EUA)
Em cada uma delas, as pessoas apresentam hábitos que favorecem a longevidade, como dietas ricas em alimentos naturais e baseadas em vegetais, forte convívio social, respeito pelos idosos e práticas para reduzir o estresse. Em Ikaria, por exemplo, um em cada três habitantes atinge pelo menos 90 anos de idade e há baixíssima taxa de demência3. Em Loma Linda, a expectativa de vida4 é em média dez anos maior do que em outras partes dos EUA. Em Okinawa, existe a maior concentração mundial de mulheres com mais de 70 anos.
Quais são os traços comportamentais comuns nas “Blue Zones”?
Essas comunidades valorizam o movimento físico diário de forma natural, como caminhar, fazer compras a pé ou cultivar hortas. Também atribuem grande importância ao “propósito de vida”, pois acreditam que entender a própria razão de viver pode acrescentar anos de vida saudável. Outra característica é adotar rotinas para reduzir o estresse, como meditação, sonecas ou momentos de descontração com amigos. Há ainda um controle no tamanho das porções nas refeições, procurando comer até se sentir 80% satisfeito, evitando o excesso de calorias5.
A alimentação costuma ser baseada em vegetais, frutas, grãos integrais, azeite de oliva e consumo limitado de carne. Em alguns locais, há o hábito de ingerir vinho de boa qualidade de forma moderada. O álcool, se consumido, costuma ser em pequenas quantidades e associado a convívio social. As pessoas evitam fumar e valorizam pertencer a uma comunidade, grupo religioso ou social que estimule comportamentos saudáveis. A família também é prioridade: idosos são respeitados e frequentemente vivem perto de filhos e netos, reforçando o senso de acolhimento. Finalmente, manter laços de amizade e apoio mútuo é visto como fundamental para alcançar uma vida longa e com qualidade.
Crítica ao conceito de “Blue Zones”
O conceito de “Blue Zones” é criticado por supostamente faltar evidências científicas sólidas e por possíveis erros de registro e documentação. Em Okinawa, por exemplo, a expectativa de vida4 masculina atual caiu em comparação a outras regiões do Japão, e houve dificuldades para confirmar a idade de alguns moradores mais velhos após a Segunda Guerra Mundial devido à perda de registros. A “Zona Azul” da Costa Rica também vem sendo revisada sob a hipótese de que os resultados possam ser explicados por características específicas de uma geração ou grupo (efeito de coorte6).
Harriet Hall, escrevendo para a revista Science-Based Medicine, observou que não há estudos controlados extensos sobre idosos nessas regiões e que as dietas propostas são baseadas mais em observações do que em métodos científicos rigorosos.
Leia sobre "Dez dicas para mulheres perderem peso sem sofrer" e "Gordura abdominal7: como perder a barriga".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e da Healthline.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.