Intolerância ao glúten: o que comer? O que não comer? O que a intolerância ao glúten causa no organismo?
O que é o glúten1?
O glúten1 é uma mistura de proteínas2 (gliadina e glutenina) que se encontra na semente de muitos cereais como o trigo, a cevada, o centeio, o malte e a aveia. Uma vez ingerido, o glúten1, no íleo3 (porção do intestino delgado4), transforma-se em uma espécie de cola e adere às vilosidades existentes em suas paredes, danificando-as.
O glúten1 está presente em muitos dos alimentos comuns ao brasileiro, como pães, biscoitos, bolos, macarrão, etc. e, embora seja inconveniente para todas as pessoas, é mais deletério para algumas pessoas específicas, que reagem a ele de modo especial.
O que é a intolerância ao glúten1?
A intolerância ao glúten1 é a incapacidade ou dificuldade permanente de digestão5 do glúten1. Isso acontece mais nitidamente nos indivíduos que têm uma doença geneticamente determinada, chamada “doença celíaca”, na qual o glúten1 danifica as vilosidades intestinais6 (paredes do intestino delgado4) e provoca má absorção de outros nutrientes.
Essa doença manifesta-se quando se começa a introduzir cereais na dieta do bebê, no entanto pode surgir mais tarde, na idade adulta. Embora geralmente seja genética, a intolerância ao glúten1 pode também ser devido à permeabilidade7 intestinal alterada por outras causas.
Saiba mais sobre a "Doença celíaca".
Quais são os principais sinais8 e sintomas9 da intolerância ao glúten1?
Os principais sinais8 e sintomas9 da intolerância ao glúten1 já podem ser observados no bebê, a partir de quando haja introdução de cereais na sua alimentação. Eles são muito variados, podendo ser leves e pouco específicos ou constituírem um quadro clássico de má absorção intestinal. Os mais comuns são: diarreias frequentes (fezes volumosas e espumosas, de aparência oleosa e tendência à flutuação na água e de odor desagradável), vômitos10, irritabilidade, perda do apetite, emagrecimento, dor abdominal, abdômen globoso, palidez, anemia ferropriva11 (por deficiência na absorção de ferro e ácido fólico), diminuição da massa muscular e óssea.
Muitos pacientes, sobretudo no início da enfermidade, podem ter queixas inespecíficas como, por exemplo, desconforto abdominal, flatulência, aftas bucais e, paradoxalmente, constipação12. Em alguns casos, pode não haver nenhum destes sintomas9 e a intolerância ao glúten1 só pode ser descoberta pelas manifestações e consequências da doença celíaca, tais como: baixa estatura, anemia13 refratária aos tratamentos convencionais, artralgias14 (dores nas articulações15), prisão de ventre crônica, osteoporose16 e esterilidade17.
Como o médico diagnostica a intolerância ao glúten1?
Uma história clínica plena de sintomas9 típicos leva naturalmente à suspeição do distúrbio e da doença celíaca. Pode-se testar esse diagnóstico18 alternando por dois a três meses uma dieta com e sem glúten1 e verificando se o paciente piora e melhora, coincidentemente. Um dos primeiros exames a ser feito visa detectar alterações na pele19 e nas unhas20. Além disso, devem ser feitos hemogramas, testes sorológicos que diagnostiquem a doença celíaca, provas de absorção intestinal, exames de fezes e de imagens que ajudem a confirmar ou descartar o diagnóstico18. Uma biópsia21 duodenal endoscópica poderá ser necessária para confirmação do diagnóstico18.
Um diagnóstico18 diferencial rigoroso deve ser feito com várias outras doenças que se assemelham à intolerância ao glúten1 como, por exemplo, a doença de Crohn22, a síndrome de Zollinger-Ellison23 e a intolerância à lactose24.
Veja mais sobre "Doença de Crohn22", "Síndrome de Zollinger-Ellison23" e "Intolerância à lactose24".
Como o médico trata a intolerância ao glúten1?
O tratamento consiste na abstinência total de alimentos que contenham glúten1. Uma única “escapada” pode botar a perder uma abstinência de vários dias. Os alimentos que não contêm glúten1 tampouco devem ser preparados ou servidos nas mesmas vasilhas em que forem preparados os alimentos que o contenham.
A dieta, no entanto, não é fácil de ser seguida, porque o glúten1 está presente em muitos alimentos comuns no dia a dia das pessoas (pães, biscoitos, bolos, pasteis, alguns legumes, massas, etc). Algumas medicações sintomáticas podem ser utilizadas em momentos de crise ou para corrigir efeitos secundários da doença, mas elas têm pouco efeito e são apenas paliativas. Deve também ser feita a reposição das carências originadas pela deficiência da absorção intestinal.
Como evolui a intolerância ao glúten1?
Não existe cura para a intolerância ao glúten1 e ela pode persistir vida afora ou sumir e reaparecer mais tarde, na adolescência, idade adulta ou na terceira idade.
A doença celíaca, principal causa de intolerância ao glúten1, pode apresentar sintomas9 pouco intensos ou ocasionais por longos períodos da vida, sendo às vezes de diagnóstico18 difícil. Pacientes sem sintomas9 ou com poucos sintomas9 podem apresentar como primeiras queixas as consequências dessa doença, como anemia13 e osteoporose16, por exemplo.
Se não for adequadamente controlada, a forma mais grave do distúrbio pode levar a uma desnutrição25 séria do paciente.
Leia também sobre "Osteoporose16".
Dicas para aqueles que sofrem de intolerância ao glúten1:
- A expressão "contém glúten1", nas embalagens de alguns produtos alimentícios visa alertar as pessoas intolerantes ou alérgicas a essa proteína para que não os consumam. No sentido contrário, as frases "não contém glúten1" ou “glúten free” indicam que podem ser consumidos.
- Fubá, amido de milho, creme de arroz, polvilho e farinha de mandioca não contêm glúten1.
- Em casos de dúvidas, se o alimento contém ou não glúten1, ele não deve ser consumido.
Como prevenir a intolerância ao glúten1?
A única prevenção possível do distúrbio consiste em não comer alimentos que contenham glúten1.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.