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Psiquiatria nutricional: como a alimentação influencia sua saúde mental

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O que é psiquiatria nutricional?

Sabemos que a alimentação impacta diretamente a saúde1 física, mas cada vez mais estudos demonstram que também influencia significativamente a saúde1 mental. Uma dieta equilibrada pode ajudar na prevenção e no tratamento da depressão, reduzir o risco de comprometimento cognitivo2 e demência3, além de contribuir para a saúde1 mental de crianças e adolescentes.

De acordo com uma publicação no The Lancet Psychiatry, “embora os determinantes da saúde1 mental sejam complexos, evidências emergentes e convincentes mostram que a nutrição4 é um fator crucial na alta prevalência5 e incidência6 de transtornos mentais, sugerindo que a dieta é tão importante para a psiquiatria quanto para a cardiologia, endocrinologia e gastroenterologia”. Além disso, a Academia Americana de Neurologia constatou que pessoas que seguem a dieta DASH (Dietary Approach to Stop Hypertension) apresentam menor propensão a desenvolver depressão em comparação com aquelas que adotam uma dieta ocidental tradicional.

A psiquiatria nutricional é uma área emergente que investiga a relação entre nutrição4 e saúde1 mental, explorando como os nutrientes afetam a função cerebral, o humor, a cognição7 e o risco de transtornos mentais. A ideia central é que a qualidade da alimentação pode ter um papel fundamental na prevenção e no tratamento de condições como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia8.

Qual a relação entre psiquiatria e nutrição4?

A saúde1 mental e a alimentação estão diretamente conectadas, pois os nutrientes influenciam o funcionamento do cérebro9 e a regulação do humor. O intestino possui uma ligação direta com o cérebro9 através do nervo vago e do sistema nervoso10 entérico, influenciando a saúde1 mental por meio da microbiota11 intestinal. Neurotransmissores como serotonina, dopamina12 e GABA13 dependem de nutrientes específicos para sua produção. Por exemplo, o triptofano é um precursor da serotonina, essencial para o bem-estar emocional.

Deficiências de vitaminas e minerais, como vitaminas D e do complexo B, zinco, magnésio e ácidos graxos ômega-3, estão associadas a sintomas14 depressivos e ansiosos. Portanto, a integração entre psiquiatria e nutrição4 pode ser essencial para a promoção de uma saúde1 mental equilibrada e duradoura.

Leia também sobre "Envelhecimento saudável", "Alimentação saudável" e "Sete passos para um coração15 saudável".

Como a nutrição4 influencia a saúde1 mental?

O eixo intestino-cérebro9 desempenha um papel fundamental na saúde1 mental. O intestino, conhecido como "segundo cérebro9", abriga bilhões de bactérias que influenciam a produção de neurotransmissores. Dietas ricas em alimentos ultraprocessados, açúcares e gorduras trans16 podem aumentar a inflamação17 sistêmica, o que está associado a um maior risco de depressão e ansiedade. Por outro lado, alimentos anti-inflamatórios, como vegetais, frutas, nozes e peixes, têm efeito protetor sobre a saúde1 mental.

Quais alimentos promovem uma boa saúde1 mental?

Uma alimentação rica em fibras e alimentos fermentados favorece uma microbiota11 intestinal saudável, reduzindo o risco de transtornos psiquiátricos. Alimentos saudáveis promovem o crescimento de bactérias benéficas, que auxiliam na produção de neurotransmissores.

Alimentos benéficos para a saúde1 mental incluem:

  • Peixes gordurosos: ricos em ômega-3 (EPA e DHA), com efeitos anti-inflamatórios e neuroprotetores. Recomenda-se o consumo de 2 a 3 porções semanais de salmão, sardinha, atum, cavala ou arenque.
  • Frutas e vegetais: promovem melhor qualidade do sono, humor e reduzem sintomas14 depressivos. Destacam-se kiwi, maçã, folhas verdes (alface, espinafre), tomate, banana, cenoura e pepino.
  • Fibras: ajudam a reduzir inflamação17 e contribuem para o funcionamento adequado do intestino e do cérebro9.
  • Probióticos18: estudos sugerem que melhoram sintomas14 de ansiedade, depressão e estresse. Podem ser encontrados em iogurtes naturais, kefir, chucrute e kimchi.

Quais alimentos podem prejudicar a saúde1 mental?

Por outro lado, alguns alimentos estão associados a impactos negativos na saúde1 mental:

  • Alimentos ultraprocessados e fast-food: ricos em gorduras saturadas19, trans, açúcar20 e aditivos, associados a maior prevalência5 de depressão e menor função cognitiva21.
  • Carnes vermelhas e processadas: contêm gorduras saturadas19 e trans, alteram a microbiota11 intestinal e aumentam a inflamação17, elevando o risco de depressão e ansiedade.
  • Álcool: depressores do sistema nervoso central22 que afetam o sono, aumentam o risco de transtornos mentais e podem interferir na eficácia de medicamentos psiquiátricos.
  • Cafeína: presente no café, chás, chocolates e bebidas energéticas, pode causar ansiedade, alterações no sono e irritabilidade. O consumo deve ser limitado a 400 mg por dia, evitando a ingestão pelo menos quatro horas antes de dormir.

Considerações finais

A relação entre alimentação e saúde1 mental é cada vez mais reconhecida pela ciência. Adotar uma dieta equilibrada e rica em nutrientes pode ser uma estratégia eficaz para prevenir e tratar transtornos psiquiátricos. A psiquiatria nutricional reforça a importância de um olhar multidisciplinar sobre a saúde1 mental, integrando alimentação adequada ao tratamento tradicional, proporcionando melhor qualidade de vida e bem-estar emocional.

Saiba mais sobre "Demência3", "Depressão", "Perda de memória" e "Como exercitar seu cérebro9".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da U.S. National Library of Medicine e do The Lancet.

ABCMED, 2025. Psiquiatria nutricional: como a alimentação influencia sua saúde mental. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1481300/psiquiatria-nutricional-como-a-alimentacao-influencia-sua-saude-mental.htm>. Acesso em: 18 fev. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
3 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
4 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
5 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
6 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
7 Cognição: É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, percepção, classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.
8 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
9 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
10 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
11 Microbiota: Em ecologia, chama-se microbiota ao conjunto dos microrganismos que habitam um ecossistema, principalmente bactérias, protozoários e outros microrganismos que têm funções importantes na decomposição da matéria orgânica e, portanto, na reciclagem dos nutrientes. Fazem parte da microbiota humana uma quantidade enorme de bactérias que vivem em harmonia no organismo e auxiliam a ação do sistema imunológico e a nutrição, por exemplo.
12 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
13 GABA: GABA ou Ácido gama-aminobutírico é o neurotransmissor inibitório mais comum no sistema nervoso central.
14 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
15 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
16 Gorduras trans: Tipo específico de gordura formada por um processo de hidrogenação natural (ocorrido no rúmen de animais) ou industrial. Esta hidrogenação industrial transforma óleos vegetais líquidos em gordura sólida à temperatura ambiente e são utilizadas para melhorar a consistência dos alimentos e também aumentar a vida de prateleira de alguns produtos. Mas o consumo excessivo de alimentos ricos em gorduras trans pode causar aumento do colesterol total e do colesterol ruim (LDL-colesterol) e também redução dos níveis de colesterol bom (HDL-colesterol).
17 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
18 Probióticos: Suplemento alimentar, rico em micro-organismos vivos, que afeta de forma benéfica seu consumidor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal.
19 Gorduras saturadas: Elas são encontradas principalmente em produtos de origem animal. Em temperatura ambiente, apresentam-se em estado sólido. Estão nas carnes vermelhas e brancas (principalmente gordura da carne e pele das aves e peixes), leite e seus derivados integrais (manteiga, creme de leite, iogurte, nata) e azeite de dendê.
20 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
21 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
22 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.

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