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Fome física e fome emocional: como diferenciar

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Comportamento alimentar

O ato de comer vai muito além de simplesmente saciar a fome, suprir necessidades nutricionais e fornecer energia. As pessoas comem por essas razões, mas também o fazem por prazer, afeto, empatia, tradição, necessidade emocional, status social, entre outras motivações.

Para muitos, importa como, quando, com quem e onde se alimentar. Embora a fome seja o motor central da alimentação, ela não é a única motivação. Muitas vezes, as pessoas comem mesmo sem fome. Crenças, pensamentos e sentimentos em relação aos alimentos são componentes fundamentais para compreender os comportamentos alimentares. Outros elementos que influenciam o consumo de alimentos e bebidas incluem aparência, aroma, valor nutricional, além de fatores psicológicos, socioculturais e socioeconômicos.

O que é fome?

A fome é uma sensação física e biológica que ocorre quando o corpo precisa de alimentos para obter energia e nutrientes essenciais ao seu funcionamento. Ela é regulada por hormônios, como a grelina, que sinaliza ao cérebro1 a necessidade de se alimentar. Existe também a chamada fome oculta, que ocorre quando a alimentação é suficiente em calorias2, mas deficiente em nutrientes essenciais, podendo levar a deficiências nutricionais que comprometem o desenvolvimento físico e mental.

O ato de comer raramente é exclusivamente fisiológico3; ele é também psicológico. A maioria das pessoas consome mais alimentos do que o necessário para manter o equilíbrio fisiológico3. Algumas acreditam que alimentar-se bem é comer até ficar empanturrado, um equívoco comum. Em Okinawa, no Japão, uma das regiões com maior concentração de centenários saudáveis, pratica-se o conceito de "Hara Hachi Bu", que preconiza parar de comer ao atingir 80% da saciedade. Faz sentido supor que quanto mais se come, maior o esforço exigido do trato digestório e, portanto, maior o desgaste fisiológico3.

Veja também sobre "Dicas para emagrecer e perder barriga" e "Como funciona o controle do apetite".

Fome física versus fome emocional

A fome física é caracterizada por uma sensação gradual de vazio no estômago4, indicando uma necessidade real de energia e nutrientes. Pode vir acompanhada de sinais5 físicos, como fraqueza, tontura6, dor de cabeça7 e estômago4 roncando. Essa fome tende a aumentar progressivamente e não é seletiva: a pessoa está aberta a diferentes tipos de alimentos. Ao ingerir uma refeição balanceada, a saciedade é alcançada, com sensação de bem-estar e sem culpa.

A fome emocional, por outro lado, não decorre de uma necessidade fisiológica8. Trata-se de uma resposta a emoções como ansiedade, estresse, tédio, tristeza ou mesmo euforia. A pessoa busca na comida conforto, alívio ou distração. O desejo geralmente recai sobre alimentos específicos, como doces, frituras ou ultraprocessados. Mesmo após comer, a pessoa pode continuar se sentindo vazia ou sentir-se ou culpada. Esse tipo de fome costuma surgir repentinamente e pode desaparecer se a atenção for desviada para outra atividade.

Como diferenciar fome física de fome emocional?

As diferenças entre fome física e emocional podem ser sistematizadas:

Característica Fome Física Fome Emocional
Início Gradual Súbito
Sinais5 físicos Sim Não
Tipo de alimento Indiferente Específico
Saciedade Após refeição equilibrada Pode persistir mesmo após comer
Emoções envolvidas Não Sim
Culpa após comer Raramente Comumente
Resposta a distrações Mantida Pode desaparecer

 

Quais são os gatilhos da fome emocional?

A fome emocional pode ser ativada por diversos gatilhos, agrupados em:

  1. Emoções negativas: estresse, ansiedade, tédio, solidão, frustração e tristeza.
  2. Emoções positivas: comemorações, conquistas, recompensas pessoais e associação de comida a momentos felizes.
  3. Hábitos e rotinas: comer assistindo TV ou mexendo no celular, associar certos alimentos a horários específicos, ter sido criado em ambiente onde a comida é conforto.
  4. Fatores sociais: pressão para comer em eventos sociais, influência de amigos e familiares, comparação com padrões estéticos.
  5. Privação alimentar: dietas muito restritivas, proibição de certos alimentos, jejuns prolongados.
  6. Fatores biológicos: alterações hormonais, privação de sono e deficiências nutricionais.

Reconhecer os gatilhos já é um passo fundamental para controlá-los.

Como controlar a fome emocional?

O controle da fome emocional envolve o reconhecimento dos fatores desencadeantes, o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento e a adoção de hábitos alimentares saudáveis. Quando as emoções forem o gatilho, a pessoa deve buscar atividades alternativas, como exercício físico, técnicas de relaxamento, hobbies prazerosos, conversas com pessoas de confiança ou apoio psicológico.

Outras estratégias importantes incluem:

  • Evitar dietas restritivas, que aumentam o risco de episódios de compulsão.
  • Fazer refeições regulares, prevenindo a fome extrema.
  • Comer devagar e com atenção plena (mindful eating), sem distrações.
  • Incluir proteínas9, fibras e gorduras saudáveis, que proporcionam maior saciedade.
  • Reduzir estímulos ambientais para o comer automático.
  • Beber água antes de comer e aguardar alguns minutos, pois muitas vezes a sede é confundida com fome.
Leia sobre "Compulsão alimentar", "Síndrome10 do comer noturno" e "Usos e abusos dos anorexígenos11".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2025. Fome física e fome emocional: como diferenciar. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1491615/fome-fisica-e-fome-emocional-como-diferenciar.htm>. Acesso em: 8 jul. 2025.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
2 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
3 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
4 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
5 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
6 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
7 Cabeça:
8 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
9 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
10 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
11 Anorexígenos: Que ou o que provoca anorexia (diz-se de substância ou droga), ou seja, que ou o que produz falta ou perda de apetite.
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