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Gordura abdominal e doenças cardíacas

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O que é gordura abdominal1?

À medida que as pessoas passam pela meia-idade, sua proporção de gordura2 em relação ao peso corporal tende a aumentar e os quilos extras tendem a estacionar no meio do corpo. Houve momentos em que essas mudanças foram vistas como uma ocorrência normal e inevitável do envelhecimento, mas desde a década de 1980 sabe-se que, à proporção que aumenta a medida da cintura de uma pessoa, também aumentam os riscos para a sua saúde3, particularmente para as doenças cardiovasculares4 e diabetes5 tipo 2 e, nas mulheres, para o câncer6 de mama7 e para a necessidade de cirurgia da vesícula biliar8.

Quando se trata de gordura2 corporal, a localização conta. Ao contrário da gordura2 estacionada nos quadris e nas coxas9, a gordura2 do meio do corpo produz substâncias que podem criar sérios riscos à saúde3. E, mesmo que a pessoa não ganhe peso, sua cintura pode crescer, à medida que a gordura2 visceral se expande contra a parede abdominal10.

Como é armazenada a gordura2 corporal?

As células11 gordurosas são armazenadas em sua maioria sob a pele12 (90%) ou ao redor dos órgãos na barriga (10%). Essas células11 de gordura2 são a maneira do corpo de armazenar energia para uso posterior, quando preciso. Em homens não atletas o percentual de gordura2 corporal varia na faixa de 14 a 24%, enquanto em mulheres não atletas esta faixa varia de 21 a 31%.

Há diferentes tipos de gordura2 armazenada em diferentes locais do corpo:

  1. A gordura2 branca é armazenada sob a pele12 ou ao redor dos órgãos na barriga, braços, nádegas13 e coxas9. Elas são o reservatório maior de energia e desempenham um importante papel na função dos hormônios.
  2. A gordura2 marrom é um tipo de gordura2 encontrada principalmente em bebês14, embora os adultos ainda retenham uma quantidade muito pequena de gordura2 marrom, geralmente no pescoço15 e nos ombros.
  3. As células11 de gordura2 bege funcionam em algum lugar entre as células11 de gordura2 marrom e branca. Da mesma forma que a gordura2 marrom, as células11 bege podem ajudar a queimar gordura2 em vez de armazená-la.
  4. A gordura2 chamada de essencial é exatamente isso: essencial para uma vida saudável. Ela desempenha um papel importante na regulação hormonal, na absorção de vitaminas e na regulação da temperatura corporal.
  5. A gordura subcutânea16 refere-se à gordura2 armazenada sob a pele12. Ela representa a maior parte da gordura2 corporal e é a gordura2 que a pessoa pode apertar ou beliscar nos braços, barriga, coxas9 e nádegas13.
  6. A gordura2 visceral, também conhecida como "gordura2 da barriga", é a gordura2 branca que é armazenada no abdômen e ao redor dos seus principais órgãos, como fígado17, rins18, pâncreas19, intestinos20 e coração21.

Muitos fatores determinam para onde vai a gordura2 de uma pessoa: genes, sexo, idade e hormônios, entre outros. Quase metade da alocação da gordura2 pode ser determinada pela genética.

Os homens tendem a acumular mais gordura2 na região do meio do corpo, enquanto as mulheres as retêm mais nos quadris e nádegas13. Quanto à idade, os adultos mais velhos tendem a ter níveis mais elevados de gordura2 corporal em geral, graças a fatores como a desaceleração do metabolismo22 e a perda gradual de tecido23 muscular.

O peso e os níveis de hormônio24 são outros determinantes que atuam ainda mais na casa dos 40 anos.

Veja mais sobre "Relação cintura-quadril", "Envelhecimento saudável" e "Doenças cardiovasculares4".

A gordura abdominal1 e as doenças cardíacas

Os pesquisadores afirmam que a gordura2 da barriga é um importante fator de risco25 para ataques cardíacos recorrentes, ainda mais do que as leituras do índice de massa corporal26, e que a obesidade27 abdominal pode aumentar o risco de uma pessoa ter um segundo ataque cardíaco, mesmo se ela estiver tomando a medicação adequada e seguindo outros conselhos médicos.

A razão pela qual a obesidade27 abdominal é muito comum em pessoas que sofrem um ataque cardíaco é que ela está intimamente ligada a condições que aceleram o entupimento das artérias28, na arteriosclerose29. A gordura abdominal1 compromete a saúde3 quando a medida da cintura nas mulheres ultrapassa os 88 centímetros e nos homens os 102 centímetros.

Existem dois tipos de gordura abdominal1, a subcutânea30, que se localiza à frente dos músculos31 abdominais, e a perivisceral, que se acumula entre as alças intestinais e órgãos internos como o fígado17 e intestino, e que é a mais perigosa.

De acordo com a Harvard Health, 10 por cento da gordura2 corporal total de uma pessoa será gordura2 visceral. A gordura2 localizada no abdômen é considerada um importante fator de risco25 para doenças cardiovasculares4, como o infarto32 e o acidente vascular cerebral33 e, além delas, para o diabetes tipo 234, a hipertensão arterial35, o câncer6 de mama7, o câncer6 colorretal e a doença de Alzheimer36.

Níveis altos de gordura2 visceral podem resultar também em aumento da resistência à insulina37, o que pode levar à intolerância à glicose38 e até mesmo ao diabetes tipo 234.

Como reverter o acúmulo de gordura abdominal1?

Algumas providências simples podem ajudar a “perder barriga”. A pessoa talvez não consiga nem precise observar todas elas ao mesmo tempo, mas deve escolher a cada momento as que melhor se adaptam à sua condição:

  1. Comer mais carboidratos complexos e proteínas39 em vez de alimentos açucarados.
  2. Fazer exercícios físicos ou tentar aumentar a intensidade dos que já faz.
  3. Manter controle sobre o estresse.
  4. Dormir o suficiente.
  5. Limitar a ingestão de bebidas alcoólicas.
  6. Adicionar vinagre à dieta.
  7. Beber muito café, porque a cafeína é um bom ingrediente para a queima de gordura2.
Leia também sobre "Hipersensibilidade ao açúcar40, intolerância ao açúcar40 e resistência à insulina37" e "O comportamento da sua glicemia41".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital do Coração de Campinas - SP e da Harvard Medical School.

ABCMED, 2021. Gordura abdominal e doenças cardíacas. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1393805/gordura-abdominal-e-doencas-cardiacas.htm>. Acesso em: 8 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Gordura Abdominal: Tecido gorduroso da região do ABDOME. Dela fazem parte as GORDURAS SUBCUTÂNEAS ABDOMINAL e a INTRA-ABDOMINAL
2 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
5 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
6 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
7 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
8 Vesícula Biliar: Reservatório para armazenar secreção da BILE. Através do DUCTO CÍSTICO, a vesícula libera para o DUODENO ácidos biliares em alta concentração (e de maneira controlada), que degradam os lipídeos da dieta.
9 Coxas: É a região situada abaixo da virilha e acima do joelho, onde está localizado o maior osso do corpo humano, o fêmur.
10 Parede Abdominal: Margem externa do ABDOME que se estende da cavidade torácica osteocartilaginosa até a PELVE. Embora sua maior parte seja muscular, a parede abdominal consiste em pelo menos sete camadas Músculos Abdominais;
11 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
12 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
13 Nádegas:
14 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
15 Pescoço:
16 Gordura Subcutânea: Tecido gorduroso abaixo da pele em todo o corpo.
17 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
18 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
19 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
20 Intestinos: Seção do canal alimentar que vai do ESTÔMAGO até o CANAL ANAL. Inclui o INTESTINO GROSSO e o INTESTINO DELGADO.
21 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
22 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
23 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
24 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
25 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
26 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
27 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
28 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
29 Arteriosclerose: Doença degenerativa da artéria devido à destruição das fibras musculares lisas e das fibras elásticas que a constituem, levando a um endurecimento da parede arterial, geralmente produzido por hipertensão arterial de longa duração ou pelo envelhecimento.
30 Subcutânea: Feita ou situada sob a pele; hipodérmica.
31 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
32 Infarto: Morte de um tecido por irrigação sangüínea insuficiente. O exemplo mais conhecido é o infarto do miocárdio, no qual se produz a obstrução das artérias coronárias com conseqüente lesão irreversível do músculo cardíaco.
33 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
34 Diabetes tipo 2: Condição caracterizada por altos níveis de glicose causada tanto por graus variáveis de resistência à insulina quanto por deficiência relativa na secreção de insulina. O tipo 2 se desenvolve predominantemente em pessoas na fase adulta, mas pode aparecer em jovens.
35 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
36 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
37 Resistência à insulina: Inabilidade do corpo para responder e usar a insulina produzida. A resistência à insulina pode estar relacionada à obesidade, hipertensão e altos níveis de colesterol no sangue.
38 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
39 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
40 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
41 Glicemia: Valor de concentração da glicose do sangue. Seus valores normais oscilam entre 70 e 110 miligramas por decilitro de sangue (mg/dl).
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