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Obesidade mórbida

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O que é obesidade1 mórbida?

A obesidade1 mórbida, também conhecida como obesidade1 grau III (grave), é uma condição médica em que uma pessoa apresenta um excesso de peso significativo, o qual afeta negativamente sua saúde2 e qualidade de vida.

Acima de um índice de massa corporal3 de 25 kg/m², o indivíduo está com sobrepeso4; acima de 30 kg/m², ele é considerado obeso; e a partir de 40 Kg/m² ele alcança a obesidade1 mórbida, diretamente relacionada ao aumento da mortalidade5 e à ocorrência de diversas doenças associadas, as chamadas comorbidades6, que incluem:

A obesidade1 mórbida é tida como a forma mais grave da obesidade1, pois o paciente que se encontra nessa condição corre risco de morrer.

Quais são as causas da obesidade1 mórbida?

Algumas das principais causas associadas à obesidade1 mórbida são:

  1. Predisposição genética, pois certos genes estão associados ao controle do apetite, metabolismo12 e armazenamento de gordura13, e desempenham um papel importante na regulação do peso.
  2. Histórico familiar (genética) de obesidade1, que está relacionado a maior probabilidade de desenvolver obesidade1 mórbida.
  3. Falta de atividade física, que é um fator de risco14 significativo para a obesidade1 mórbida.
  4. Consumo excessivo de alimentos altamente calóricos, ricos em gordura saturada15, açúcar16 e sal.
  5. Algumas pessoas que recorrem à comida como uma forma psicológica de lidar com o estresse, a ansiedade, a depressão ou outras questões emocionais.
  6. Distúrbios hormonais e metabólicos podem contribuir para a obesidade1 mórbida, como hipotireoidismo17, síndrome18 dos ovários19 policísticos e resistência à insulina20.
  7. Alguns medicamentos, como certos antidepressivos, antipsicóticos, esteroides e medicamentos para tratar condições crônicas, tomados a longo prazo.
  8. Populações de baixa renda, em que a disponibilidade de alimentos saudáveis e a oportunidade de se exercitar podem ser limitadas.
  9. Fatores como educação, acesso a cuidados de saúde2 adequados e níveis de estresse podem influenciar o risco de obesidade1 mórbida. 
Leia sobre "Calorias21", "Os mecanismos da fome" e "Como ganhar massa muscular".

Qual é o substrato fisiopatológico da obesidade1 mórbida? 

Embora seja difícil atribuir a obesidade1 mórbida a um único substrato fisiopatológico, existem várias vias e processos envolvidos no seu desenvolvimento. Alguns dos substratos fisiopatológicos conhecidos que podem contribuir para a obesidade1 mórbida são:

  • Sistema de recompensa do cérebro22, envolvendo neurotransmissores como a dopamina23. Alguns indivíduos com obesidade1 mórbida podem apresentar uma disfunção nesse sistema, resultando em uma maior busca por alimentos ricos em gordura13 e açúcar16.
  • Alterações nos hormônios reguladores do apetite, como a leptina24, produzida pelas células25 de gordura13, e a grelina, secretada pelo estômago26, o que pode levar a uma perda da sensibilidade aos sinais27 de saciedade e a um aumento da fome.
  • Disfunções no sistema nervoso autônomo28, composto pelo sistema nervoso29 simpático30 e parassimpático, que estão envolvidos na regulação do metabolismo12 energético, podem afetar o gasto de energia e a regulação do peso corporal.
  • Inflamações31 crônicas de baixo grau no tecido adiposo32 e em outros tecidos podem levar a disfunções no metabolismo12 energético, resistência à insulina20 e aumento da deposição de gordura13.

Enfim, a compreensão dos substratos neurofisiológicos envolvidos na obesidade1 mórbida é uma área de pesquisa ativa, e ainda há muito a ser descoberto sobre a complexidade dessa condição.

Quais são as características clínicas da obesidade1 mórbida?

Além de terem um corpo excessivamente pesado, as pessoas com obesidade1 mórbida apresentam lentificação dos movimentos, grandes dificuldades de locomoção e marcha, dificuldades para respirar e para executarem sozinhas as tarefas cotidianas, dificuldades sexuais e problemas articulares, principalmente nos joelhos.

A obesidade1 mórbida pode ser ligeiramente acima dos índices indicados ou ser muito grande, levando algumas pessoas, em casos extremos, a pesarem mais de 300 quilos.

Como o médico diagnostica a obesidade1 mórbida?

Segundo a Organização Mundial de Saúde2, a obesidade1 mórbida deve ser diagnosticada pelo índice de massa corporal3 (IMC33). No entanto, o cálculo34 do IMC33 não é a forma mais exata de confirmar o diagnóstico35, já que ela não leva em conta a composição dos diversos componentes do corpo, sendo importante levar em conta também a medição da circunferência abdominal e do braço, além da avaliação das pregas cutâneas36, como as do tríceps e bíceps, por exemplo.

Ademais, o profissional de saúde2 também pode solicitar hemograma, perfil lipídico37, exames da função hepática38, glicose39, dosagem de hormônios e outros exames, para verificar se existe alguma condição que possa estar relacionada com o aumento do peso e/ou para avaliar se a pessoa tem risco de ter alguma complicação associada à obesidade1 mórbida.

Um diagnóstico35 mais preciso pode ser obtido pela bioimpedância, um método capaz de determinar a percentagem de gordura13 e massa magra40 do corpo.

Como o médico trata a obesidade1 mórbida?

O ideal é que a obesidade1 seja combatida preventivamente. Entretanto, após instaurada é necessário que o paciente seja submetido a tratamentos visando o emagrecimento, com o objetivo de combater os riscos à saúde2 relacionados ao peso excessivo.

O tratamento da obesidade1 mórbida envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir mudanças na dieta, envolvendo mudança de hábitos para redução da quantidade total de calorias21 ingeridas diariamente; aumento da atividade física, para promover maior gasto calórico; terapia comportamental; uso de medicamentos para supressão do apetite; ajuste do metabolismo12; e controle de ansiedade. Em casos extremos, pode ser feita cirurgia bariátrica41.

Complicações e riscos da obesidade1 mórbida

As pessoas com obesidade1 mórbida têm maiores chances de adquirir diversas doenças e, assim, um risco de morrer precocemente de 6 a 12 vezes maior que as pessoas saudáveis. Entre as ameaças estão:

Veja também sobre "Whey Protein", "Creatina", "Sobre o uso de testosterona" e "Idade metabólica versus idade cronológica".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do CBCD - Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva.

ABCMED, 2023. Obesidade mórbida. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/obesidade/1443140/obesidade-morbida.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
4 Sobrepeso: Peso acima do normal, índice de massa corporal entre 25 e 29,9.
5 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
6 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
7 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
8 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
9 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
10 Apnéia: É uma parada respiratória provocada pelo colabamento total das paredes da faringe que ocorre principalmente enquanto a pessoa está dormindo e roncando. No adulto, considera-se apnéia após 10 segundos de parada respiratória. Como a criança tem uma reserva menor, às vezes, depois de dois ou três segundos, o sangue já se empobrece de oxigênio.
11 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
12 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
13 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
14 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
15 Gordura saturada: Ela é encontrada principalmente em produtos de origem animal. Em temperatura ambiente, apresenta-se em estado sólido. Está nas carnes vermelhas e brancas (principalmente gordura da carne e pele das aves e peixes), leite e seus derivados integrais (manteiga, creme de leite, iogurte, nata) e azeite de dendê.
16 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
17 Hipotireoidismo: Distúrbio caracterizado por uma diminuição da atividade ou concentração dos hormônios tireoidianos. Manifesta-se por engrossamento da voz, aumento de peso, diminuição da atividade, depressão.
18 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
19 Ovários: São órgãos pares com aproximadamente 3cm de comprimento, 2cm de largura e 1,5cm de espessura cada um. Eles estão presos ao útero e à cavidade pelvina por meio de ligamentos. Na puberdade, os ovários começam a secretar os hormônios sexuais, estrógeno e progesterona. As células dos folículos maduros secretam estrógeno, enquanto o corpo lúteo produz grandes quantidades de progesterona e pouco estrógeno.
20 Resistência à insulina: Inabilidade do corpo para responder e usar a insulina produzida. A resistência à insulina pode estar relacionada à obesidade, hipertensão e altos níveis de colesterol no sangue.
21 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
22 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
23 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
24 Leptina: Proteína secretada por adipócitos que age no sistema nervoso central promovendo menor ingestão alimentar e incrementando o metabolismo energético, além de afetar o eixo hipotalâmico-hipofisário e regular mecanismos neuroendócrinos. Do grego leptos = magro.
25 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
26 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
27 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
28 Sistema nervoso autônomo: Parte do sistema nervoso que controla funções como respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e da digestão.
29 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
30 Simpático: 1. Relativo à simpatia. 2. Que agrada aos sentidos; aprazível, atraente. 3. Em fisiologia, diz-se da parte do sistema nervoso vegetativo que põe o corpo em estado de alerta e o prepara para a ação.
31 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
32 Tecido Adiposo: Tecido conjuntivo especializado composto por células gordurosas (ADIPÓCITOS). É o local de armazenamento de GORDURAS, geralmente na forma de TRIGLICERÍDEOS. Em mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo, a GORDURA BRANCA e a GORDURA MARROM. Suas distribuições relativas variam em diferentes espécies sendo que a maioria do tecido adiposo compreende o do tipo branco.
33 IMC: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
34 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
35 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
36 Cutâneas: Que dizem respeito à pele, à cútis.
37 Perfil lipídico: Exame laboratorial que mede colesterol total, triglicérides, HDL. O LDL é calculado por estes resultados. O perfil lipídico é uma das medidas de risco para as doenças cardiovasculares.
38 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
39 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
41 Cirurgia Bariátrica:
42 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
43 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
44 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
45 Coluna vertebral:
46 Articulações:
47 Aparelho digestivo: O aparelho digestivo ou digestório realiza a digestão, processo que transforma os alimentos em substâncias passíveis de serem absorvidas pelo organismo. Os materiais não absorvidos são eliminados por este sistema. Ele é composto pelo tubo digestivo e por glândulas anexas.
48 Vesícula: Lesão papular preenchida com líquido claro.
49 Refluxo gastroesofágico: Presença de conteúdo ácido proveniente do estômago na luz esofágica. Como o dito órgão não está adaptado fisiologicamente para suportar a acidez do suco gástrico, pode ser produzida inflamação de sua mucosa (esofagite).
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