Regulação da sede
Introdução
Água, alimentos e oxigênio são os três principais nutrientes de todos os seres vivos, incluindo os humanos. O organismo humano recebe e perde água diariamente e mantém mais ou menos constante a percentagem corporal de água, havendo um mecanismo natural de regulação da quantidade dela no organismo.
A água orgânica é adquirida por ingesta direta ou associada a outros líquidos e alimentos e pela inspiração1, e é eliminada por várias vias, como urina2, fezes, suor, expiração3 e, de maneira patológica, por diarreias, vômitos4 e sudoreses excessivas.
A água, representando em média 60% do peso corporal, é o maior componente do corpo humano5. É essencial para a vida: uma pessoa não sobrevive sem água mais que uns poucos dias. A água exerce inúmeras funções essenciais no corpo e, além de ser o transporte de nutrientes, carreia para fora do organismo muitos resíduos corporais, principalmente através da urina2. Além disso, a água está intimamente ligada ao controle de eletrólitos6 como sódio e potássio, a tal ponto que se usa falar não apenas em balanço hídrico, mas em balanço hidroeletrolítico7.
No corpo humano5, a água é armazenada como [1] líquido intracelular, o líquido dentro das células8, e como [2] líquido extracelular, o líquido fora das células8.
E a água no organismo é regulada pela sede!
Saiba mais sobre "Náuseas9 e Vômitos4", "Diarreia10", "Distúrbios hidroeletrolíticos" e "Importância da agua para a saúde11".
O balanço de água no organismo
O que quer dizer balanço hídrico? Quer dizer que a quantidade de água consumida por alimentos e bebidas deve ser igual à quantidade de água excretada, mantendo constante a quantidade total de água no corpo. Isso é conhecido como homeostase da água, ou seja, a habilidade de manter o meio interno em um equilíbrio quase constante, independentemente das alterações que ocorram no ambiente externo.
Enquanto tudo permanecer equilibrado, as concentrações osmóticas de sódio e potássio em relação com a da água permanecem as mesmas em todos os fluidos corporais, mas qualquer mudança na água muda as concentrações desses elementos (concentrações osmóticas). Por exemplo: se uma pessoa fica 'desidratada', perde mais água que sódio, e a concentração osmótica12, ou seja, a concentração de solutos na água, se tornará mais alta. Nesse caso, o corpo conservaria a água, e não o sódio, para recuperar tudo novamente. Se beber mais água do que o habitual, o corpo conservará sódio em vez de água para manter o equilíbrio.
Tomamos água através dos alimentos (cerca de 30%) e bebidas (cerca de 60%) e nosso corpo ainda ganha uma pequena quantidade como resultado do metabolismo13 (cerca de 10%). A água se movimenta livremente através da membrana das células8, sempre do local de menor concentração de soluto para o de maior concentração.
Uma pessoa perde aproximadamente 4% dos fluidos corporais através das fezes, 8% através do suor, 28% de modo insensível pela transpiração14 da pele15 e pela respiração e cerca de 60% através da micção16. Em condições normais e sem nenhuma atividade extra ou doença, uma pessoa precisa de aproximadamente 2,5 litros de fluido apenas para substituir o que perde diariamente.
Como é feita a regulação da sede?
A sensação de sede pode resultar da ação de glândulas17 localizadas nos arredores da língua18. Quando a saliva é reduzida, o organismo sente a falta de líquido e leva a pessoa a beber água.
A sede é regulada por dois mecanismos principais: [1] aumento da tonicidade celular (desidratação19 celular) e [2] diminuição do volume de fluido extracelular (desidratação19 extra-celular).
A sensação de sede é criada pelo centro da sede, localizado no hipotálamo20, que exerce suas funções por meio de osmorreceptores21. O organismo detecta as alterações na osmolaridade22 plasmática (concentração de solutos dissolvidos no sangue23) e por esse meio envia sinais24 para o hipotálamo20, criando a sensação biológica da sede.
Outra maneira pela qual a sede é induzida é através do sistema renina-angiotensina. O sistema renina-angiotensina é uma via homeostática complexa que lida, entre outras coisas, com a osmolaridade22 plasmática. Quando esse sistema libera renina na corrente sanguínea e esta, através de várias transformações químicas, atua no hipotálamo20, causa a sensação de sede. Além disso, células8 do néfron25 (unidade funcional mais elementar do rim26) são outro tipo de osmorreceptores21 que estimulam o aparelho justaglomerular27.
A sede pode também ser causada por outros estímulos além da osmolaridade22 plasmática aumentada ou da diminuição do volume sanguíneo. Por exemplo, a estimulação do sistema nervoso28 simpático29 e a baixa pressão sanguínea nos rins30 causarão um aumento na sede.
Os desvios fisiopatológicos da sede
O excesso de sede, também chamado polidipsia31, é a vontade de ingerir líquidos que vai além do normal. É normal que uma pessoa sinta maior sede em situações como calor excessivo, após atividades físicas ou quando está febril. Também é normal sentir mais sede depois de comer alimentos salgados, quando o dia está muito quente ou quando a pessoa tem diarreia10 ou vômitos4 ou sofreu queimaduras ou grande perda de sangue23. Alguns medicamentos também causam “boca seca” e sede.
Entretanto, a sede pode ser mais forte do que o usual, mesmo nessas circunstâncias, afetando as atividades diárias da pessoa. Nesses casos, o excesso de sede pode indicar a presença de condições médicas especiais ou doenças, tais como desidratação19, diabetes mellitus32, diabetes insipidus33, insuficiência cardíaca34, hepática35 ou renal36, polidipsia31 psicogênica37 ou sepse38.
Por outro lado, não sentir sede também é um problema. Essa condição perigosa pode levar a pessoa a ter uma desidratação19 com graves consequências sobre o organismo.
A ausência de sede geralmente está relacionada a problemas na região do hipotálamo20. O envelhecimento também reduz a sede, embora a necessidade de ingerir líquidos continue a mesma.
Outras causas para ausência de sede são o AVC (acidente vascular cerebral39), anomalias congênitas40 do cérebro41, hidrocefalia42, lesão43 ou tumor44 no hipotálamo20 e secreção inapropriada do hormônio45 antidiurético.
Leia sobre "Desidratação19", "Sede excessiva pode ser polidipsia31" e "Urinando muito: pode ser poliúria46".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Encyclopedia Britannica e da Brain Facts Organization.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.