Gostou do artigo? Compartilhe!

Insuficiência renal aguda: como ela é?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é insuficiência renal1 aguda?

Insuficiência renal1 aguda é a perda rápida e transitória da função dos rins2, devido a um dano sofrido por esses órgãos, o que acarreta a retenção de produtos de degradação que normalmente seriam excretados pelos rins2. Na insuficiência renal1 aguda, o paciente urina3 menos de 400 mililitros em cada 24 horas. Estabelece-se um período de três meses de duração para diferenciá-la da insuficiência renal1 crônica.

Quais são as causas da insuficiência renal1 aguda?

Há três tipos de insuficiência renal1 aguda, dependendo do local onde se localizam as alterações causais: antes dos rins2, nos rins2 ou depois dos rins2, ditas insuficiência renal1 aguda pré-renal4, insuficiência renal1 e a insuficiência renal1 aguda pós-renal4, respectivamente.

As causas possíveis de danificar os rins2 são muitas e incluem nefrites, queimaduras, desidratações, hemorragias5, lesões6 renais, choques sépticos, cirurgias, hipertensão arterial7 maligna, septicemia8, descolamento de placenta ou placenta prévia, obstrução do trato urinário9, etc.

Quais são os principais sinais10 e sintomas11 da insuficiência renal1 aguda?

Dependendo da gravidade e da duração da disfunção renal4, o acúmulo de metabólitos12 (acidificação do sangue13, níveis elevados de potássio, etc.) e as mudanças no balanço hídrico produzem sintomas11 variados. Pode ocorrer também oligúria14 (diminuição da urina3) ou anúria15 (ausência da urina3). Alguns pacientes têm edema16 generalizado causado pela retenção de líquidos. Ao exame físico o médico pode ouvir um sopro no coração17, crepitações18 nos pulmões19 ou sinais10 de inflamação20 do revestimento do coração17. Outros sintomas11 da insuficiência renal1 aguda podem ser sangue13 nas fezes, mau hálito, aparecimento de hematomas21, falta de apetite, fadiga22, hipertensão arterial7, náuseas23 e vômitos24, edema16 generalizado, diminuição do volume de urina3, etc.

Como o médico diagnostica a insuficiência renal1 aguda?

As impressões iniciais partem das queixas do paciente, mas os exames laboratoriais são essenciais para confirmar o diagnóstico25. As dosagens sanguíneas de creatinina26 e nitrogênio ureico estão muito elevadas e a oligúria14 quase sempre está presente. Os exames atuais devem ser comparados a medidas prévias da função renal4.

Para elucidar a causa da insuficiência renal1 aguda, os exames de sangue13 devem incluir provas de função hepática27, dosagens de eletrólitos28 e estudos de coagulação29 e ser complementados com uma ultrassonografia30 do trato urinário9, radiografia de tórax31 e do abdômen, tomografia computadorizada32 e ressonância magnética33, essenciais para se afastar causa obstrutiva.

Como o médico trata a insuficiência renal1 aguda?

A insuficiência renal1 aguda geralmente é curável, desde que tratada a tempo e de maneira adequada. Nos casos em que haja hipovolemia34 (diminuição anormal do volume do sangue13 de um indivíduo), deve-se administrar fluidos intravenosos, como um primeiro passo. Um cateter deve ser passado na uretra35 para monitorar o fluxo urinário e solucionar possíveis obstruções. Se a causa da insuficiência renal1 for uma obstrução do trato urinário9, procedimentos cirúrgicos de alívio podem ser necessários. A acidose metabólica36 e a hipercalcemia (aumento do cálcio) que acompanham a doença podem requerer tratamentos medicamentosos, como a administração de bicarbonato de sódio e medidas para abaixar o cálcio, respectivamente. A diálise37 pode ser necessária até que as funções renais sejam recuperadas. Antibióticos podem ser necessários para tratar eventuais infecções38. Uma vez identificada a causa da insuficiência renal1 aguda ela deve ser prontamente tratada e removida, se possível.

O objetivo do tratamento deve ser restaurar a função renal4 e impedir o acúmulo de líquidos e resíduos no organismo. A quantidade de líquido que o paciente deve ingerir será limitada à quantidade de urina3 que produzir.

Como evolui a insuficiência renal1 aguda?

A insuficiência renal1 aguda representa um risco potencial à vida, mas em geral os rins2 voltam a funcionar normalmente dentro de semanas ou meses.

Em alguns casos pode desenvolver-se uma insuficiência renal1 crônica, com falência total dos rins2.

Quais são as complicações possíveis da insuficiência renal1 aguda ?

A acidose metabólica36 e a hipercalcemia são duas das principais complicações da insuficiência renal1.

Podem ocorrer também insuficiência renal1 crônica, danos ao coração17 e ao sistema nervoso39, hipertensão arterial7 e hemorragias5.

ABCMED, 2014. Insuficiência renal aguda: como ela é?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/518397/insuficiencia-renal-aguda-como-ela-e.htm>. Acesso em: 5 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
2 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
3 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
4 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
5 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
6 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
7 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
8 Septicemia: Septicemia ou sepse é uma infecção generalizada grave que ocorre devido à presença de micro-organismos patogênicos e suas toxinas na corrente sanguínea. Geralmente ela ocorre a partir de outra infecção já existente.
9 Trato Urinário:
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
13 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
14 Oligúria: Clinicamente, a oligúria é o débito urinário menor de 400 ml/24 horas ou menor de 30 ml/hora.
15 Anúria: Clinicamente, a anúria é o débito urinário menor de 400 ml/24 horas.
16 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
17 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
18 Crepitações: 1. Ato ou efeito de crepitar 2. Estalo ou estalido provocado pelas fagulhas provenientes do fogo ou da brasa que chamusca ou queima alguma coisa. 3. Qualquer ruído semelhante ao estalo seco e rápido provocado pelo fogo. 4. Em medicina, é a sensação tátil semelhante a um estalido que se tem à palpação da pele, quando ocorre infiltração gasosa devida a enfisema subcutâneo ou a gangrena gasosa. 5. Em ortopedia, é o estalido que fazem as partes de um osso fraturado sob estímulo de certos movimentos. 6. Em pneumologia, é o ruído semelhante a pequenos estalidos que se percebe na ausculta pulmonar em casos de pneumonia ou edema, provocado pela fricção dos alvéolos pulmonares uns contra os outros.
19 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
20 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
21 Hematomas: Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia.
22 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
23 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
24 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
27 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
28 Eletrólitos: Em eletricidade, é um condutor elétrico de natureza líquida ou sólida, no qual cargas são transportadas por meio de íons. Em química, é uma substância que dissolvida em água se torna condutora de corrente elétrica.
29 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
30 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
31 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
32 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
33 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
34 Hipovolemia: Diminuição do volume de sangue secundário a hemorragias, desidratação ou seqüestro de sangue para um terceiro espaço (p. ex. peritônio).
35 Uretra: É um órgão túbulo-muscular que serve para eliminação da urina.
36 Acidose metabólica: A acidose metabólica é uma acidez excessiva do sangue caracterizada por uma concentração anormalmente baixa de bicarbonato no sangue. Quando um aumento do ácido ultrapassa o sistema tampão de amortecimento do pH do organismo, o sangue pode acidificar-se. Quando o pH do sangue diminui, a respiração torna-se mais profunda e mais rápida, porque o corpo tenta liberar o excesso de ácido diminuindo o volume do anidrido carbônico. Os rins também tentam compensá-lo por meio da excreção de uma maior quantidade de ácido na urina. Contudo, ambos os mecanismos podem ser ultrapassados se o corpo continuar a produzir excesso de ácido, o que conduz a uma acidose grave e ao coma. A gasometria arterial é essencial para o seu diagnóstico. O pH está baixo (menor que 7,35) e os níveis de bicarbonato estão diminuídos (<24 mmol/l). Devido à compensação respiratória (hiperventilação), o dióxido de carbono está diminuído e o oxigênio está aumentado.
37 Diálise: Quando os rins estão muito doentes, eles deixam de realizar suas funções, o que pode levar a risco de vida. Nesta situação, é preciso substituir as funções dos rins de alguma maneira, o que pode ser feito realizando-se um transplante renal, ou através da diálise. A diálise é um tipo de tratamento que visa repor as funções dos rins, retirando as substâncias tóxicas e o excesso de água e sais minerais do organismo, estabelecendo assim uma nova situação de equilíbrio. Existem dois tipos de diálise: a hemodiálise e a diálise peritoneal.
38 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
39 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.