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Dieta cetogênica

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O que é dieta cetogênica?

A dieta cetogênica simula um estado de jejum e funciona estimulando o corpo a gerar energia por meio da gordura1, em vez de usar carboidratos. De modo genérico, consiste em eliminar todos os alimentos ricos em carboidratos, como pães, arroz e farinhas e aumentar o consumo de proteínas2 e gorduras.

Quais são os mecanismos fisiológicos da dieta cetogênica?

O corpo usa a fonte de energia mais prontamente disponível. Normalmente, isso é a glicose3, convertida a partir de carboidratos. Se a pessoa limitar a ingestão de carboidratos e substituí-los por gordura1, o corpo será forçado a usar a gordura1 dos alimentos ou de suas reservas como fontes de energia. Esse processo é chamado de "cetose" e a dieta advinda daí, chamada dieta cetogênica. O grau em que uma pessoa precisa restringir os carboidratos varia de pessoa para pessoa.

Na dieta cetogênica, os lipídios são metabolizados pelo fígado4 e sua oxidação gera os corpos cetônicos, que devido à falta de carboidratos são utilizados pelo organismo como fonte de energia. A dieta cetogênica induz uma rápida perda de peso, em parte devido à perda de água, mas também à perda de gordura1.

Ingerir menos energia do que você queima levará inevitavelmente à perda de peso. Normalmente, obtém-se quase 50% de energia de carboidratos e cortá-los pelo menos pela metade provavelmente reduzirá a ingestão total de calorias5. Mas, se a pessoa ingerir mais calorias5 da gordura1 do que o seu corpo precisa, ela ainda estará, mesmo assim, armazenando gordura1.

Saiba mais sobre "Carboidratos", "Cetose", "Dieta de Atkins"  e "O perigo das dietas para emagrecer".

Que tipo de alimento pode ser consumido e quais devem ser evitados?

Ingredientes com baixo teor de carboidratos e alto teor de gordura1, que podem ser consumidos livremente, incluem abacate, carne vermelha, peixe, ovos, queijos, creme de leite, óleo, manteiga, nozes e sementes. A pessoa deve evitar, ou pelo menos restringir fortemente, trigo e outros grãos, batatas, milho, leguminosas, feijão, leite, a maioria das frutas e açúcar6.

Para induzir a cetose em alguém que ingere 2.000 calorias5 por dia, o carboidrato7 deve ficar restrito a um máximo de 20 a 50g/dia. Para colocar isso em perspectiva, uma banana contém cerca de 20g e um bagel (um produto de pão tradicionalmente feito de massa de farinha de trigo fermentada, na forma de um anel) cerca de 44g. As proteínas2 também devem ser mantidas em quantidade moderada, pois podem incentivar a produção de glicose3 e interromper a cetose.

Por outro lado, os alimentos que contêm carboidratos também costumam ser ricos em fibras, o que é importante para um funcionamento intestinal saudável e por manter a pessoa saciada por mais tempo. Toda pessoa com uma dieta com baixa de carboidratos deve comer alimentos ricos em fibras, como verduras, brócolis, couve-flor, sementes de linhaça, nozes, coco e abacate.

Outros usos da dieta cetogênica

Essa dieta existe desde 1920, quando era aconselhada para diminuir as crises epilépticas resistentes aos tratamentos de então, mas caiu em desuso na década dos 40, quando começaram a surgir medicamento mais eficazes no controle das epilepsias. Como há excesso de lipídios, ocorre um aumento na produção dos corpos cetônicos e, consequentemente, cetose. Esses corpos cetônicos passam a ser o principal “alimento” do cérebro8, em vez da glicose3, contribuindo para o tratamento das crises de epilepsia9.

Relatos na literatura médica indicam que de 40% a 50% das crianças com a doença podem ter mais de 50% de redução das crises, o que favorece a melhora do processo de aquisição do conhecimento e do desenvolvimento neuropsicomotor, além de permitir uma diminuição das doses de medicamentos necessárias para o controle das crises.

Não existe nenhuma comprovação segura de que essa dieta possa trazer benefícios ao câncer10, embora muito se tenha comentado a respeito. O carboidrato7 é um nutriente fundamental para pacientes11 oncológicos, que apresentam maior risco de desnutrição12 associada à própria doença e ao tratamento. Dessa forma, recomenda-se uma dieta equilibrada, com quantidade adequada de carboidratos, para evitar a desnutrição12.

Riscos da dieta cetogênica

A dieta cetogênica clássica é composta por 90% de lipídios e 10% de carboidratos e proteínas2. Por ser uma dieta desequilibrada do ponto de vista nutricional, não é recomendado que o paciente faça uso dela por mais de três anos, sendo imprescindível também o acompanhamento especializado com equipe multidisciplinar para monitoramento clínico e laboratorial. O uso da dieta cetogênica de maneira indiscriminada e sem acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, pode trazer sérios riscos à saúde13.

A curto prazo, ela pode levar à desidratação14, à hipoglicemia15 (diminuição da quantidade normal de açúcar6 no sangue16), a vômitos17 e diarreia18. A médio e longo prazos, podem ocorrer dislipidemia (excesso de gordura1 no sangue16), esteatose hepática19 (acúmulo de gordura1 nas células20 do fígado4), cálculo21 renal22 e alterações metabólicas, como elevação de ácido úrico e hipocalcemia23 (falta de cálcio no sangue16).

Os riscos à saúde13 também dependem dos tipos de alimentos ingeridos. A ingestão de uma dieta não saudável contendo muita gordura saturada24 pode aumentar os riscos de doenças cardíacas e derrames

Veja também sobre "Dieta Low Carb", "Dietas para emagrecer", "Dieta dos Pontos" e "Dieta Mediterrânea25".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Harvard Health Publishing / Harvard Medical School, do U.S. National Institute of Health e do Hospital Sírio-Libanês.

ABCMED, 2019. Dieta cetogênica. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1347268/dieta-cetogenica.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
2 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
3 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
4 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
5 Calorias: Dizemos que um alimento tem “x“ calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
6 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
7 Carboidrato: Um dos três tipos de nutrientes dos alimentos, é um macronutriente. Os alimentos que possuem carboidratos são: amido, açúcar, frutas, vegetais e derivados do leite.
8 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
9 Epilepsia: Alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Quando restritos, a crise será chamada crise epiléptica parcial; quando envolverem os dois hemisférios cerebrais, será uma crise epiléptica generalizada. O paciente pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e até perder a consciência - neste caso é chamada de crise complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Existem outros tipos de crises epilépticas.
10 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
11 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
12 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
13 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
14 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
15 Hipoglicemia: Condição que ocorre quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose, freqüentemente abaixo de 70 mg/dL, com aparecimento rápido de sintomas. Os sinais de hipoglicemia são: fome, fadiga, tremores, tontura, taquicardia, sudorese, palidez, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental. Se não for tratada, pode levar ao coma. É tratada com o consumo de alimentos ricos em carboidratos como pastilhas ou sucos com glicose. Pode também ser tratada com uma injeção de glucagon caso a pessoa esteja inconsciente ou incapaz de engolir. Também chamada de reação à insulina.
16 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
17 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
18 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
19 Esteatose hepática: Esteatose hepática ou “fígado gorduroso“ é o acúmulo de gorduras nas células do fígado.
20 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
21 Cálculo: Formação sólida, produto da precipitação de diferentes substâncias dissolvidas nos líquidos corporais, podendo variar em sua composição segundo diferentes condições biológicas. Podem ser produzidos no sistema biliar (cálculos biliares) e nos rins (cálculos renais) e serem formados de colesterol, ácido úrico, oxalato de cálcio, pigmentos biliares, etc.
22 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
23 Hipocalcemia: É a existência de uma fraca concentração de cálcio no sangue. A manifestação clínica característica da hipocalcemia aguda é a crise de tetania.
24 Gordura saturada: Ela é encontrada principalmente em produtos de origem animal. Em temperatura ambiente, apresenta-se em estado sólido. Está nas carnes vermelhas e brancas (principalmente gordura da carne e pele das aves e peixes), leite e seus derivados integrais (manteiga, creme de leite, iogurte, nata) e azeite de dendê.
25 Dieta Mediterrânea: Alimentação rica em carboidratos, fibras, elevado consumo de verduras, legumes e frutas (frescas e secas) e pobre em ácidos graxos saturados. É recomendada uma ingestão maior de gordura monoinsaturada em decorrência da grande utilização do azeite de oliva. Além de vinho.
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