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FODMAP: o que é isso?

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O que são FODMAPs?

FODMAPs são carboidratos que podem ser mal absorvidos pelo intestino delgado1 e que passam para o intestino grosso2, onde são fermentados pela microbiota3 intestinal, o que pode causar sintomas4 gastrointestinais em algumas pessoas.

A sigla FODMAP refere-se a Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides and Polyols (Oligossacarídeos, Dissacarídeos5, Monossacarídeos e Poliois Fermentáveis). Esses carboidratos são notórios por causar problemas digestivos, como gases, dor abdominal, inchaço6, constipação7, distensão abdominal e diarreia8, e agravarem os sintomas4 de pessoas que sofrem de síndrome9 do intestino irritável.

Vários estudos têm mostrado que a restrição de alimentos ricos em FODMAPs pode melhorar muito esses sintomas4.

Quando se fala apenas em FODMAP está-se referindo a uma dieta que visa reduzir a ingestão desses carboidratos fermentáveis, mal tolerados por algumas pessoas. A dieta FODMAP foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade Monash, na Austrália.

O que é a dieta FODMAP?

Quando se fala de dieta FODMAP, usualmente está-se referindo a uma dieta com baixa ingesta dos açúcares que podem causar distúrbios intestinais. A dieta FODMAP envolve a eliminação de alimentos ricos em certos carboidratos fermentáveis por um período de quatro a seis semanas, que posteriormente voltarão a ser gradativamente reintroduzidos.

Esses alimentos incluem:

  • trigo
  • cevada
  • centeio
  • cebola
  • alho
  • laticínios
  • legumes como feijão e lentilha
  • certas frutas, como maçãs, pêssegos e cerejas
  • adoçantes artificiais
  • alimentos com alto teor de poliois, como xilitol e sorbitol10

No lugar deles, as refeições devem ser baseadas em alimentos com baixo teor de FODMAP, como:

  • ovos e carnes
  • certos queijos, como brie, Camembert, cheddar e feta
  • leite de amêndoas
  • grãos como arroz, quinoa e aveia
  • legumes como berinjela, batata, tomate, pepino e abobrinha
  • frutas como uvas, laranjas, morangos, mirtilos e abacaxi

Outros produtos devem ser aconselhados pelo nutricionista11.

Após uma fase de eliminação total, os alimentos constantes da dieta restritiva devem ser reintroduzidos gradualmente em diferentes grupos para identificar quais FODMAPs específicos desencadeiam os sintomas4 da síndrome9 do intestino irritável em cada indivíduo. Com base nessas informações, é possível personalizar a dieta para que as pessoas possam consumir uma alimentação variada, evitando apenas aqueles que causam sintomas4.

A dieta FODMAP não é uma abordagem recomendada para todas as pessoas. Ela deve ser seguida sob a supervisão de um médico ou nutricionista11, para garantir que todas as necessidades nutricionais sejam atendidas, evitando deficiências nutricionais.

Veja também sobre "Diarreia8 por Clostridium difficile", "Benefícios dos probióticos12 para o organismo" e "Alimentos ricos em fibras".

Por que fazer a dieta FODMAP?

Há alimentos que têm uma alta atividade fermentável durante a digestão13. Os alimentos FODMAPs puxam mais água para os intestinos14 que aqueles que não o são e, se não forem completamente absorvidos no intestino delgado1, podem levar a uma maior produção de ácido no cólon15. Esses processos favorecem o desequilíbrio das bactérias intestinais e, em consequência, causam sintomas4 digestivos gerais, como dor abdominal, inchaço6, gases, hábitos intestinais alterados e outros desconfortos abdominais.

A dieta FODMAP deve fazer parte da terapia para pessoas com a síndrome9 do intestino irritável ou outros transtornos funcionais do intestino, podendo reduzir os sintomas4 em até 86% dos casos. Ela não é uma dieta destinada às pessoas que desejam perder peso; a pessoa pode até perder peso com ela, mas isso ocorre devido à eliminação de muitos alimentos ricos em carboidratos. Quem está abaixo do peso não deve tentá-la sem acompanhamento do médico ou do nutricionista11. Para alguém com um peso já muito baixo, perder mais peso pode ser perigoso.

Com a restrição da ingestão dos alimentos indicados, ocorre naturalmente a redução das bactérias que os fermentam, ocasionando uma melhoria do microbioma16 intestinal e dos sintomas4. A dieta FODMAP é um meio de driblar esses alimentos, evitando consumi-los. Como os alimentos FODMAPs são também fontes de nutrientes importantes, a restrição alimentar total desses carboidratos deve ser uma estratégia apenas temporária e não uma orientação alimentar permanente. A retomada permite ver como o organismo reage a cada alimento.

Como executar a dieta FODMAP?

A dieta FODMAP pode ser executada em três etapas:

  • Etapa I: são retirados da dieta, por um período de 4 a 6 semanas, todos os alimentos que contêm FODMAPs.
  • Etapa II: gradualmente é feita a reintrodução dos alimentos com FODMAPs, por grupos específicos e em baixa quantidade, durante 6 a 8 semanas, para verificar a tolerância ou intolerância de cada um deles.
  • Etapa III: redução permanente dos alimentos que contêm FODMAPs que desencadeiam efeitos adversos.

Os oligossacarídeos incluem trigo, centeio, muitas frutas, legumes e leguminosas. Entre os dissacarídeos5, a lactose17 é o principal. Os monossacarídeos têm na frutose18 seu principal representante e os poliois são encontrados principalmente entre as frutas e os legumes.

A lista de alimentos que contêm FODMAPs é muito grande e inclui, entre outros, maçã, melancia, pêssego, cereja, abacate, alcachofra, quiabo, alho, cebola, repolho, aspargo, feijão, ervilha, iogurte, leite, certos queijos, cuscuz, farinhas, cevada, soja, trigo, espessantes e estabilizantes, sucos de frutas, cervejas, refrigerantes e alguns prebióticos.

Quais são os riscos possíveis com a dieta FODMAP?

A dieta FODMAP só deve ser mantida por um período curto, para ajudar a entender quais alimentos realmente estão fazendo mal ao organismo, e também como forma de restituir a saúde19 intestinal, pois há estudos que sugerem que uma dieta FODMAP rigorosa de longo prazo pode afetar negativamente o microbioma16 intestinal.

Leia sobre "Metabolismo20", "Bactérias do bem - o que elas têm a oferecer" e "Probióticos12 e Prebióticos".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Prefeitura Municipal de Campinas e da Johns Hopkins Medicine.

ABCMED, 2023. FODMAP: o que é isso?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1439225/fodmap-o-que-e-isso.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Intestino delgado: O intestino delgado é constituído por três partes: duodeno, jejuno e íleo. A partir do intestino delgado, o bolo alimentar é transformado em um líquido pastoso chamado quimo. Com os movimentos desta porção do intestino e com a ação dos sucos pancreático e intestinal, o quimo é transformado em quilo, que é o produto final da digestão. Depois do alimento estar transformado em quilo, os produtos úteis para o nosso organismo são absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando para os vasos sanguíneos.
2 Intestino grosso: O intestino grosso é dividido em 4 partes principais: ceco (cecum), cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus. Ele tem um papel importante na absorção da água (o que determina a consistência do bolo fecal), de alguns nutrientes e certas vitaminas. Mede cerca de 1,5 m de comprimento.
3 Microbiota: Em ecologia, chama-se microbiota ao conjunto dos microrganismos que habitam um ecossistema, principalmente bactérias, protozoários e outros microrganismos que têm funções importantes na decomposição da matéria orgânica e, portanto, na reciclagem dos nutrientes. Fazem parte da microbiota humana uma quantidade enorme de bactérias que vivem em harmonia no organismo e auxiliam a ação do sistema imunológico e a nutrição, por exemplo.
4 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
5 Dissacarídeos: Molécula formada pela união covalente de dois monossacarídeos.
6 Inchaço: Inchação, edema.
7 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
8 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
9 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
10 Sorbitol: Adoçante com quatro calorias por grama. Substância produzida pelo organismo em pessoas com diabetes e que pode causar danos aos olhos e nervos.
11 Nutricionista: Especialista em nutricionismo, ou seja, especialista no estudo das necessidades alimentares dos seres humanos e animais, e dos problemas relativos à nutrição.
12 Probióticos: Suplemento alimentar, rico em micro-organismos vivos, que afeta de forma benéfica seu consumidor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal.
13 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
14 Intestinos: Seção do canal alimentar que vai do ESTÔMAGO até o CANAL ANAL. Inclui o INTESTINO GROSSO e o INTESTINO DELGADO.
15 Cólon:
16 Microbioma: Comunidade ecológica de microrganismos comensais, simbióticos e patogênicos que compartilham nosso espaço corporal. Microbioma humano é o conjunto de microrganismos que reside no corpo do Homo sapiens, mantendo uma relação simbiótica com o hospedeiro. O conceito vai além do termo microbiota, incluindo também a relação entre as células microbianas e as células e sistemas humanos, por meio de seus genomas, transcriptomas, proteomas e metabolomas.
17 Lactose: Tipo de glicídio que possui ligação glicosídica. É o açúcar encontrado no leite e seus derivados. A lactose é formada por dois carboidratos menores, chamados monossacarídeos, a glicose e a galactose, sendo, portanto, um dissacarídeo.
18 Frutose: Açúcar encontrado naturalmente em frutas e mel. A frutose encontrada em alimentos processados é derivada do milho. Contém quatro calorias por grama.
19 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
20 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
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