Meningismo - O que é, como é feito o diagnóstico e como tratar?
O que é meningismo?
O meningismo é um conjunto de sintomas1 semelhantes aos da meningite2, mas não causados por meningite2. Enquanto a meningite2 é a inflamação3 das meninges4 (três delicadas membranas que cobrem o sistema nervoso central5 e que contêm o líquido cefalorraquiano6), o meningismo é causado por irritação não infecciosa das meninges4.
O termo meningismo foi primeiramente empregado por neurologistas franceses para destacá-lo da meningite2. Num sentido amplo, contudo, pode-se dizer que a meningite2 causa um meningismo, mas, mais especificamente, o termo meningismo tem sido usado na Medicina para descrever as formas não meningíticas de irritação das meninges4.
Quais são as causas do meningismo?
Meningismo pode ocorrer por conta de uma meningite2, mas o termo é mais comumente empregado para descrever outras formas de irritação das meninges4 que podem ocorrer, entre outras causas, por:
- hemorragia subaracnoidea7;
- neoplasias8 do cérebro9 e das meninges4;
- acidente vascular cerebral10 extenso afetando uma área adjacente aos espaços com líquido cefalorraquidiano11;
- sarcoidose12 do sistema nervoso central5 (neuro-sarcoidose12);
- lúpus13 eritematoso14 sistêmico15;
- drogas e produtos químicos.
Raros casos relatados indicam que o meningismo também pode ocorrer por substâncias injetadas no espaço subaracnoide quando de punções lombares.
Leia sobre "Meningite2 - o que é", "Hidrocefalia16", "Macrocefalia" e "Edema17 cerebral".
Qual é o substrato fisiopatológico do meningismo?
A inflamação3 das meninges4 é a patologia18 básica na produção dos sinais19 de irritação meníngea20. A característica patológica dessa inflamação3 é um exsudato21 no espaço subaracnoideo, onde a infiltração linfocítica perivascular, bem como a astrocitose e a gliose são achados proeminentes, sobretudo no meningismo de causa infecciosa.
Quais são as características clínicas do meningismo?
Clinicamente, o meningismo envolve uma tríade sintomática22:
- rigidez da nuca com incapacidade de flexionar o pescoço23;
- fotofobia24, que é a intolerância à luz brilhante;
- dor de cabeça25, além dos sinais19 de Kernig (neurologista26 russo - 1840–1917) e Brudzinski (pediatra polonês - 1874-1917), sobre os quais esclarecemos abaixo.
A rigidez da nuca, devido a um espasmo27 doloroso dos músculos28 extensores, é a incapacidade de flexionar para frente os músculos do pescoço29. Se a flexão for dolorosa, mas a amplitude do movimento completo, a rigidez da nuca é considerada ausente. Em adultos com meningite2, a rigidez da nuca está presente em 30% e sinal30 de Kernig ou Bruzinski apenas em 55%.
Como o médico diagnostica o meningismo?
Uma coisa é definir se a condição que o paciente apresenta é um meningismo; outra coisa diferente é determinar a causa dele. O diagnóstico31 se o quadro é ou não um meningismo começa pela tomada da história clínica e exame físico, o qual pode mostrar os principais sinais19 clínicos que indicam meningismo, que são rigidez da nuca e os sinais19 de Kernig e Brudzinski.
O sinal30 de Kernig é positivo quando a coxa32 é flexionada no quadril e joelho em ângulos de 90 graus, e a extensão subsequente no joelho é dolorosa. Com essa manobra, os pacientes também podem apresentar opistótono33 (espasmos34 musculares envolvendo todo o corpo).
Dos sinais19 de Brudzinski, o mais comumente utilizado é a flexão forçada do pescoço23, que é positivo quando provoca uma flexão reflexa dos quadris. Outros sinais19 atribuídos a Brudzinski são o sinal30 sinfisário, no qual a pressão na sínfise35 púbica leva à abdução da perna e à flexão reflexa do quadril e do joelho, e o reflexo de Brudzinski, no qual a flexão passiva de um joelho sobre o abdome36 leva à flexão involuntária37 na perna oposta e o alongamento de um membro que foi flexionado à extensão contralateral.
Uma diferenciação tem de ser feita com outras condições que imitam o meningismo (podem mostrar resistência à rotação cervical), tais como: espondilose cervical, após fusão cervical; mal de Parkinson; pressão intracraniana aumentada; reação distônica aguda; tétano38; e envenenamento por estricnina39.
O diagnóstico31 da causa subjacente levará à solicitação de outros exames bioquímicos e de imagens, na dependência de qual seja a suspeita clínica.
Como tratar o meningismo?
O repouso prolongado em decúbito dorsal40 geralmente resulta em alívio ou desaparecimento completo da cefaleia41 e dos sinais19 meníngeos. Ao mesmo tempo, a condição de base deve estar recebendo o tratamento adequado. O monitoramento dos sinais19 meníngeos é útil para a avaliação da condição do paciente durante o tratamento.
Veja também sobre "Mitos e verdades sobre dor de cabeça25" e "10 sinais19 precoces da doença de Parkinson42".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da U.S. National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.