A dor como relatada pelos pacientes
A dor
A dor corresponde a diferentes experiências sensoriais desagradáveis típicas que ocorrem em diferentes graus de intensidade, de simples desconforto à extrema agonia. A percepção, as reações e as qualificações da dor variam não somente de uma pessoa para outra, mas também de acordo com a cultura, sendo transformada por muitos fatores.
Portanto, é uma resposta subjetiva: cada indivíduo aprende e qualifica a sensação por meio de experiências relacionadas com lesões1 no início da vida. Portanto, o que se descreverá aqui pode não ter uma validade universal, mas descreve o que é mais frequente em nosso meio.
Leia sobre "Criança com dor de cabeça2", "Enxaqueca3", "Cefaleia4 em salvas" e "Neuralgia5 do trigêmeo".
Sobre a adjetivação da dor pelos pacientes
Muitas vezes o paciente não alega apenas estar sentindo dor, mas acrescenta a esse relato uma qualificação: dor em pontada, dor manhosa, dor em queimação, etc. Ele faz isso com a intenção de se tornar mais compreendido e transmitir às demais pessoas a ideia exata do que está sentindo e que supõe que elas também sintam o mesmo em situações semelhantes.
Ao médico, essa adjetivação, acompanhada de uma indicação do local do corpo onde essa dor incide, pode fornecer importantes informações diagnósticas. Praticamente ninguém descreverá como “em queimação” as dores de uma cólica renal6, nem como “em pontadas” a dor de uma gastrite7.
As principais adjetivações da dor usadas pelos pacientes
- Dor aguda: dor de variável intensidade, que surge de repente, podendo ir e vir intermitentemente. Por exemplo, uma dor de dentes.
- Dor em pontada: geralmente dor aguda e passageira que sugere ao paciente a ideia do que ele sentiria de estivesse sendo perfurado por uma punhalada, por exemplo. É comum que as pessoas falem em “pontadas no peito8” e “pontadas no coração”.
- Dor em cólicas9: a cólica é uma dor cíclica, que aumenta de intensidade até um pico e depois diminui. Afeta órgãos ocos como intestinos10, útero11, ureteres12, etc. Por isso, fala-se em cólicas9 menstruais, cólicas9 renais, cólicas9 biliares, etc.
- Dor pulsátil: a dor pulsátil, também chamada de latejante, é uma dor que acompanha os ritmos cardíacos e cuja intensidade ou qualidade parece variar com eles. Acontece nos processos inflamatórios, sobretudo se houver coleção de pus13. Os abscessos14 dentários ou outros, são exemplos típicos.
- Dor em queimação: transmitem a sensação de uma queimadura pelo calor ou por uma substância química adstringente. São exemplos as neurites15 periféricas e o refluxo esofagiano, respectivamente.
- Dor lancinante: dor aguda, sentida em pontadas. Dor pungente que causa tormentos muito dolorosos e que aborrece com insistência. A neuralgia5 facial do trigêmeo costuma ser referida assim.
- Dor em fisgada: é uma dor súbita, aguda e “fina”, de duração muito curta, que acontece devido à compressão de raiz nervosa nos forames vertebrais e depende de posturas adotadas pelas pessoas.
- Dor manhosa: é uma dor persistente, de baixa intensidade, mas incomodativa, que interfere nas atividades habituais das pessoas. Certas dores cabeça2 ou articulares são desse tipo.
- Dor crônica: é também uma dor de baixa intensidade, com a qual o indivíduo já se “acostumou”, seja porque aprendeu a tolerá-la, seja porque adaptou suas atividades a ela. Algumas dores articulares são descritas como “dor crônica”.
A classificação médica das dores
Para fins neurofisiológicos, os médicos reconhecem três tipos de dores:
- Dor nociceptiva, que surge de problemas nos tecidos, os estímulos sendo levados ao cérebro16 pelo sistema nervoso17. Por exemplo: uma picada de abelha, uma queimadura ou alteração nos órgãos, etc.
- Dor neuropática18, que surge de danos ao próprio sistema nervoso17, central ou periférico, seja por doença, lesão19 ou compressão. Por exemplo: as dores ciáticas, as dores da esclerose múltipla20, etc.
- Outras, difíceis de enquadrar na classificação anterior, como, por exemplo, as enxaquecas21. Esses tipos de dores podem se sobrepor se as lesões1 aos tecidos afetarem também os nervos, mas a distinção entre elas continua válida.
Para fins clínicos, os médicos costumam distinguir:
- Dor localizada, quando se restringe a uma região específica do corpo, como, por exemplo, um corte no dedo.
- Dor generalizada ou difusa, quando afeta muitas regiões do corpo ou todas elas, como nos casos da fibromialgia22, por exemplo.
- Dor aguda, quando se manifesta transitoriamente por um período curto e na maioria das vezes com causas facilmente identificáveis.
- Dor crônica, que é aquela que excede seis meses, podendo ser definitiva. Quase sempre associada a um processo de doença crônica.
- Dor intermitente23 ou constante, conforme tenha ou não períodos de interrupção.
- Dores cutâneas24, quando ocorre uma lesão19 na pele25 e as terminações nervosas enviam sinais26 que causam a percepção da dor. Geralmente são de curta duração, como queimaduras de primeiro grau e cortes superficiais.
- Dor somática, que tem origem nos ligamentos27, ossos, tendões28, vasos sanguíneos29 e nervos. É, por exemplo, a dor que uma pessoa sente quando quebra o braço ou torce o tornozelo30.
- Dor visceral, que se origina nos órgãos e cavidades internas do corpo. Muitas vezes se manifesta em partes do corpo distantes da lesão19. Por exemplo: um ataque cardíaco pode, primeiramente, causar dor no ombro, estômago31, braço e mão32.
Leia também sobre "Cólicas9 viscerais", "Cólicas9 menstruais", "Cálculos renais" e "Dor abdominal".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.