Dor no peito: é sempre um sinal de alerta?
O tórax1, cuja parte da frente se chama peito2, abriga em seu interior inúmeras estruturas que podem doer e algumas outras dores podem ainda provir de suas paredes ósseas e musculares. Por isso, seria mais apropriado falar-se de dor torácica que de dor no peito2, porque também as costas3 ou as laterais do tórax1 podem doer. No entanto, devido à sua importância, considerar-se-á aqui aquelas dores que se manifestam principalmente na parte frontal do tórax1, geralmente chamadas de dores no peito2.
Nem toda dor sentida no peito2 é grave, mas como algumas delas podem significar extrema severidade e mesmo a morte, como as dores oriundas do coração4, por exemplo, toda dor no peito2 que ainda não tenha sido esclarecida em suas causas deve ser motivo de alerta e preocupação. As dores mais simples são representadas, por exemplo, por causas musculares e as mais graves e até mortais pela angina5 de peito2 ou pelo infarto do miocárdio6. Mais da metade dos pacientes com dores no peito2 não têm uma causa orgânica definida e estão sofrendo de ansiedade e somente 11% delas são devidas a casos graves. Por outro lado, muitos pacientes retardam em procurar ajuda para as dores no peito2 por achar que os sintomas7 não são graves e que a dor irá melhorar espontaneamente. Muitas vezes essa demora faz uma diferença essencial na assistência a um infarto do miocárdio6 ou a uma embolia8 pulmonar, por exemplo.
Principais causas não cardíacas de dor no peito2
As dores no peito2, não cardíacas, apresentam algumas características que as diferenciam das dores cardíacas: são pontuais, bem localizadas, não se irradiam, não têm um fator desencadeante nítido, não mostram concomitância com estresse emocional e são acompanhadas de outros sintomas7 que não os associados às dores no peito2 de origem cardíaca. Em geral essas dores pioram quando o local é pressionado, quando o tórax1 faz algum movimento ou quando se respira profundamente e se aliviam com o uso de analgésicos9 simples. Algumas vezes elas vão e voltam durante muitos anos, sem dar sinais10 de evolução progressiva, como acontece com a angina5, por exemplo. As crises de ansiedade, no entanto, podem gerar sintomas7 muito parecidos com o infarto do miocárdio6, inclusive com palpitações11, suores, falta de ar, tonteiras, etc. A seguir nos reportaremos apenas às dores no peito2 não cardíacas mais frequentes:
Os gases intestinais podem provocar dores agudas e muito intensas no peito2. Essas dores são episódicas, acompanhadas de flatulência e costumam desaparecer por si mesmas. Quase sempre estão associadas a doenças que produzem gases ou com certos alimentos ingeridos. Frequentemente são confundidas com “dor no coração”, sobretudo quando acontecem do lado esquerdo do peito2.
O refluxo gastroesofágico12 é o retorno do conteúdo do estômago13 para o esôfago14 que pode gerar também dor precordial15, sob a forma de queimação. Sempre se acompanha de outros sintomas7, como azia16, náuseas17 e sensação de regurgitação18.
A ansiedade pode causar dores torácicas que têm o aspecto de “apertos” no peito2, podendo ser acompanhadas de respiração superficial, tremores, inquietação, "nó na garganta19" e uma resposta exagerada aos sobressaltos.
As dores musculares no peito2 acontecem após exercícios físicos intensos, repetitivos ou não habituais, envolvendo os músculos20 dessa região. A tosse muito frequente e intensa pode também gerar dores no peito2. Essas dores costumam aliviar-se com o uso de miorrelaxantes e analgésicos9 comuns.
A embolia8 pulmonar é um bloqueio de uma artéria pulmonar21 por um trombo22 oriundo de outro local. A dor é aguda, penetrante e acompanhada de dificuldades respiratórias, tosse repentina, respiração rápida, expectoração23 com sangue24 e taquicardia25.
As pneumonias são inflamações26 dos pulmões27 que podem acometer os brônquios28 e os alvéolos pulmonares29 e gerar dores intensas no peito2. Normalmente também geram, entre outros sintomas7, febre30 alta, tosse, falta de ar e prostração31.
O câncer32 de pulmão33 causa uma dor torácica contínua que pode ser localizada em qualquer dos quadrantes do peito2 e que pode ser sentida também nas costas3, acompanhada de tosse, dispneia34, hemoptise35 (expectoração23 com sangue24), dedos em forma de baquete de tambor, etc.
Há dores no peito2 que, embora não cardíacas, podem ser igualmente graves e mesmos mortais, como a pneumonia36, a embolia8 pulmonar e o aneurisma37 da aorta38, por exemplo.
Principais causas cardíacas de dor no peito2
As principais dores no peito2 e as que mais metem medo são originárias do coração4.
A angina5 de peito2 ocorre devido ao baixo suprimento de oxigênio ao músculo cardíaco39 em razão de obstruções ou espasmos40 das artérias41 coronarianas. Quase sempre é transitória e só dura alguns minutos, mas é recorrente naquelas condições em que o coração4 exige um gasto maior de oxigênio como esforços físicos ou excitações emocionais intensas. Ela costuma ceder sem deixar sequelas42, mas é resistente aos analgésicos9 comuns. A dor é referida como pressão, peso, aperto, ardor43 ou sensação de choque44, localizada principalmente no centro do peito2, com frequentes irradiações para o braço esquerdo. Geralmente é exacerbada pelo excesso de estresse emocional, pelo esforço físico e por temperaturas frias e se faz acompanhar de suores, falta de ar, palidez, hipotensão45 e palpitações11.
O infarto do miocárdio6 costuma denunciar-se por uma dor intensa no lado esquerdo ou no centro do peito2 que se irradia para o braço esquerdo, para o pescoço46 e para a região da mandíbula47, com dificuldade em respirar, enjoo, vômitos48 e sudorese49. Esta dor tem duração maior que dez minutos, pode ter diferentes intensidades ou ainda sumir e voltar espontaneamente. Estes costumam ser os sintomas7 mais comuns que nos permitem detectar um infarto50 em andamento, embora alguns infartos possam ocorrer com dores moderadas ou até mesmo sem dor em alguns pacientes.
A pericardite51 é uma condição na qual o pericárdio52 (invólucro parecido com uma bolsa, ao redor do coração4) fica inflamado. Manifesta-se por uma dor aguda no peito2 que se irradia para as costas3, acompanhada de tosse seca, febre30, fadiga53, ansiedade e um atrito de fricção ouvido abaixo do esterno54 (osso localizado no peito2). Pode ser erroneamente diagnosticada como infarto do miocárdio6 ou vice-versa.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Cleveland Clinic e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.