Neurologia ou Psiquiatria: quais são as diferenças?
Neurologia ou psiquiatria?
Ao meio-dia todo mundo dirá que é dia; à meia-noite, todo mundo dirá que é noite, mas às 6 da tarde as opiniões podem variar: uns tendem num sentido, outros noutro. Algo semelhante acontece com a neurologia e a psiquiatria.
Em algumas ocasiões, cada uma tem um âmbito de ação inconfundível, mas há uma zona de transição e de superposição em que as duas especialidades confluem e se confundem. Ninguém procurará o neurologista1 para tratar uma esquizofrenia2, nem atribuirá a um psiquiatra o tratamento de um tumor3 cerebral, mas ficará em dúvida se o problema for uma insônia ou uma cefaleia4. E diante de um desmaio: trata-se de um problema cerebral orgânico (neurologia) ou de uma conversão histérica (psiquiatria)? Nem sempre é fácil distinguir.
Qual o âmbito de atuação próprio do neurologista1?
O neurologista1 é um médico especializado no diagnóstico5, prevenção e tratamento de doenças do cérebro6, da medula espinhal7, dos nervos periféricos e de suas conexões com os músculos8. As doenças que com mais frequentemente um neurologista1 lida são, entre outras:
- acidente vascular9 encefálico
- mal de Parkinson
- doença de Alzheimer10
- lesões11 ou infecções12 no cérebro6 e/ou na medula espinhal7
- tumores
- hemorragia13 cerebral
- esclerose14 lateral amiotrófica
- epilepsia15
- esclerose múltipla16
- neuropatias periféricas
- compressão de raízes nervosas17
- polineuropatia
- tremores
- crises convulsivas
- incoordenações
- paresias e paralisias dos movimentos
- dores de cabeça19
- confusão mental
- perda de memória
- distúrbios persistentes do sono
- fraqueza ou paralisia20 muscular
- perda súbita da fala ou visão21
- paralisia20 da face22
- perda de equilíbrio
- perda da consciência
- dificuldade da fala e expressão
- dores que não passam com analgésicos23
Leia mais sobre "Acidente vascular cerebral24 em jovens", "Aneurisma25 cerebral", "Hemorragia13 cerebral" e "Isquemia26 cerebral transitória".
Qual o âmbito de atuação próprio do psiquiatra?
O psiquiatra é um médico especializado no diagnóstico5, prevenção e tratamento de transtornos mentais, emocionais e comportamentais. O psiquiatra, além dos aspectos médico-orgânicos, em geral, tem amplo treinamento em uma abordagem biopsicossocial para avaliação e tratamento de doenças mentais, e quase sempre trabalha em uma equipe multidisciplinar, que pode incluir psicólogos clínicos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e equipes de enfermagem.
As doenças mais comumente abordadas pelo psiquiatra são:
- transtornos de ansiedade e depressão
- transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
- distúrbios alimentares
- somatizações
- esquizofrenia2 e outras psicoses
- transtorno bipolar
- ideias delirantes
- alucinações27
- ataques de pânico
- pensamentos obsessivos
- pensamentos suicidas
- sentimentos de tristeza e desesperança
Para fazer a avalição dos pacientes, o psiquiatra se vale fundamentalmente de sua impressão clínica sobre os sintomas18 e pode complementá-las com um exame do estado mental. Raramente um distúrbio mental apresenta alterações químicas específicas detectáveis por exames laboratoriais. No entanto, um exame físico e exames de imagem cerebral por ressonância magnética28 ou tomografia por emissão de pósitrons e alguns exames de sangue29 podem ser feitos para confirmar ou descartar certos diagnósticos.
Nos tratamentos, os psiquiatras usam abordagens farmacológicas, psicoterapêuticas e/ou intervencionistas para tratar os diferentes transtornos mentais.
Campo comum ao neurologista1 e ao psiquiatra
Apesar de toda a distinção que possa ser feita entre o trabalho do neurologista1 e do psiquiatra, há um campo comum a ambos, seja porque algumas doenças nervosas cursam com alterações mentais, seja porque há mesmo doenças que, pelo menos a princípio, não se consegue atribuir claramente ao campo da neurologia ou da psiquiatria.
Outras doenças merecem um diagnóstico5 diferencial por vezes muito difícil. Muitas vezes o paciente procurará o neurologista1 quando devia ter procurado o psiquiatra, e vice-versa. Imagine-se um desmaio, que tanto pode ser devido a uma condição neurológica como a uma questão mental, por exemplo.
Outra interface da psiquiatria, que confunde muitas pessoas, existe em relação à psicologia clínica. Uma primeira fronteira entre as duas pode ser esboçada assim: a psiquiatria é a medicina da mente, que cuida da parte fisiológica30 e química envolvendo o cérebro6 humano; a psicologia é a ciência da alma, que cuida do aspecto social e comportamental das pessoas.
A psiquiatria avalia e trata problemas psicológicos com base na fisiologia31 e química do cérebro6. O psiquiatra realiza seu trabalho terapêutico com base na medicina e na farmacologia32, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio do cérebro6 e seu perfeito funcionamento. A meta do psiquiatra é, assim, identificar as alterações psicológicas por uma perspectiva médica, tratando-as por meio de medicamentos. Na prática, a psiquiatria se preocupa primeiramente em reduzir os sintomas18.
Por seu lado, a psicologia avalia e trata questões relacionadas a problemas mentais vivenciais, emoções e comportamentos anômalos das pessoas. Ela se preocupa em descobrir as causas dos problemas, usando como principal arma o conhecimento social, filosófico e comportamental, e analisando o indivíduo no contexto em que vive. O psicólogo procura identificar e tratar as alterações psicológicas por meio da psicoterapia, sem qualquer intervenção medicamentosa. As técnicas de tratamentos variam, dependendo da abordagem escolhida pelo profissional.
Veja também sobre "Neurose33 de angústia", "Depressões", "Ansiedade não patológica", "Transtorno de ansiedade generalizada" e "Convulsões".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da APA – American Psychiatric Associaton.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.