Psicoses - o que são? Quais os tipos mais comuns? Quais são as características e como lidar com elas
O que são psicoses?
Psicose1 não é uma doença específica, mas um conjunto de enfermidades reconhecidas pela psiquiatria, pela psicologia clínica e pela psicanálise como um estado psíquico no qual se verifica uma "perda de contato com a realidade", traduzido por alucinações2 e delírios nos períodos de crises mais intensas.
Afora isso, o estado psíquico inclui também pensamento desorganizado e/ou paranoide, acentuada inquietude psicomotora3, sensações de angústia intensa, insônia severa e comportamentos bizarros. Também é frequente uma falta de "crítica" ou de "insight", que se traduz numa incapacidade de reconhecer o caráter estranho do próprio comportamento. Desta forma surgem, nos momentos de crise, dificuldades de interação social e em cumprir normalmente as atividades comuns da vida diária.
Quando a pessoa apresenta este problema de forma aguda, dizemos que ela está tendo um surto psicótico, do qual pode se recuperar parcialmente, em geral restando algum “defeito” psíquico residual, variável para cada pessoa. Se uma pessoa ficar com a doença pelo resto da vida, dizemos que sofre de psicose1 crônica.
Saiba mais sobre "Alucinações2", "Neurose4 de angústia", "Insônia" e "Psicose1 reativa".
Quais são as causas das psicoses?
As causas das psicoses são motivo de muita discussão e controvérsia dentro da comunidade científica. Acredita-se que fatores sociais como abuso de drogas e isolamento social possam estar direta ou indiretamente associados às psicoses. O desenvolvimento do quadro psicótico parece depender da interação desses fatores sociais com fatores biológicos (hereditariedade5 e danos físicos ao cérebro6, por exemplo) e psicológicos (experiências dramáticas extremas e traumas psíquicos, por exemplo).
Os sintomas7 psicóticos podem ocorrer em diversos estados psicológicos excepcionais ou mórbidos, tais como transtorno bipolar, depressão grave, demências, estresse psicológico severo, privação do sono, epilepsia8, esquizofrenia9, abstinência de álcool, infecções10 e cânceres do sistema nervoso central11, lúpus12 eritematoso13, insuficiência14 renal15 e/ou hepática16, tumores cerebrais, acidente vascular cerebral17, AIDS e sífilis18.
O abuso de substâncias como o álcool e alguns tipos de drogas, principalmente as do tipo estimulantes, é um dos principais fatores de risco para o surgimento da psicose1.
Leia sobre "Esquizofrenia9", "Transtorno bipolar", "Depressão", "Demência19", "Estresse" e "Síndrome20 de abstinência".
Quais são os tipos das psicoses?
Alguns tipos clássicos de psicose1 são:
- Psicose1 induzida por drogas, como álcool, maconha, cocaína, etc.
- Psicose1 orgânica, causada por lesão21 cerebral ou enfermidade física que altere o funcionamento do cérebro6.
- Psicose1 reativa breve, em que os sintomas7 aparecem em resposta a um evento muito estressante.
- Esquizofrenia9, a mais comum das psicoses, de causa ainda não totalmente esclarecida.
- Transtorno bipolar, antes chamada de psicose1 maníaco-depressiva, em que há alternância de mania (momentos de exagerada euforia) com depressão.
- Transtorno esquizoafetivo, em que a pessoa tem alterações como no bipolar e no esquizofrênico, mas não se enquadra em nenhum dos dois diagnósticos.
Quais são as características clínicas das psicoses?
As psicoses podem surgir em qualquer idade, dependendo da sua causa, mas é mais comum se iniciarem na adolescência ou em adultos jovens.
Os principais sinais22 e sintomas7 de uma doença psicótica são:
- Pensamento confuso, com falta de conexão entre as ideias, por isso as frases emitidas podem não ter sentido. Nesses casos, o indivíduo também pode encontrar dificuldades para se concentrar e ter problemas de memória recente. O pensamento e a fala podem estar muito rápidos ou muito lentos, dependendo do quadro clínico.
- Crenças ou ideias esdrúxulas, não baseadas na realidade, incorrigíveis pela argumentação, os chamados “delírios”.
- Alucinações2, que são percepções falsas da realidade, como ouvir vozes, ver coisas ou sentir cheiros inexistentes ou, ainda, experimentar falsas sensações táteis desagradáveis.
- Transformações nos sentimentos, sem nenhum motivo aparente.
- Mudança no comportamento usual da pessoa.
- Queda do rendimento no trabalho ou na escola.
- Permanência na maior parte do dia em posição deitada ou sentada, ficar imóvel ou apenas assistindo televisão, por exemplo.
- Falta de interação social, preferência por ficar sozinho ou também o inverso, tornar-se mais falante, às vezes, até mesmo em excesso.
- Falar ou rir sozinho sem nenhum estímulo aparente.
- Descuido com os hábitos cotidianos de higiene.
- Perda de apetite.
- Alterações qualitativas e/ou quantitativas do sono, para mais ou para menos.
Como o médico diagnostica as psicoses?
O diagnóstico23 de psicose1 geralmente é feito pelo psiquiatra por meio de observações clínicas que incluem a história de vida e de saúde24 do indivíduo, seu quadro psicopatológico e de doenças. A depender do caso, essas observações podem levar meses até chegar a um diagnóstico23 correto, feito com base na psicopatologia clínica e teórica.
As principais características clínicas definidoras das psicoses são: (1) os pensamentos psicóticos são psicologicamente incompreensíveis, (2) apresentam vivências bizarras que não fazem parte do repertório de experiências comuns, como delírios, alucinações2, alterações da consciência do eu e (3) não existência de alterações primárias na esfera cognitiva25. A memória e o nível de consciência não estão prejudicados.
Como o médico trata a psicose1?
O tratamento da psicose1 depende da causa e do tipo de alteração. Às vezes, a internação em hospital pode ser necessária, principalmente se o paciente representar riscos para a segurança de outras pessoas ou dele próprio. Alguns medicamentos antipsicóticos podem ajudar a controlar alguns sintomas7, como alucinações2 e delírios. Essas drogas também podem ajudar a estabilizar os padrões de humor, de comportamento e de pensamento do paciente.
Veja também sobre "Antipsicóticos" e "Psicoterapias".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.