Alucinações: o que são? Quais os tipos?
O que são alucinações1?
Alucinações1 são distúrbios da sensopercepção2 que consistem na percepção de objetos inexistentes, acompanhados da convicção inabalável na existência dos mesmos. As alucinações1 guardam as mesmas características das percepções verdadeiras:
- Constância: o objeto percebido mantém invariável sua forma.
- Contornos nítidos: os objetos aparecem com bordas nítidas.
- Exterioridade: os objetos são percebidos como exteriores ao indivíduo.
- Corporeidade: o objeto aparece em três dimensões e não como projetado sobre uma superfície.
- Opacidade: o objeto “encobre” aquilo a que se sobrepõe.
Costuma-se chamar de pseudoalucinações aqueles fenômenos perceptivos, patológicos ou não, que não observam essas características. Por exemplo: imagens produzidas pelos sonhos, por certas intoxicações e por certos tipos psicóticos.
Quais os tipos de alucinações1 que existem?
Embora as alucinações1 possam manifestar-se através de qualquer um dos cinco sentidos (audição, visão3, tato, olfato e gustação), as mais frequentes são as auditivas e as visuais. As alucinações1 auditivas podem ser elementares (ruídos, silvos, zumbidos, etc.) ou complexas (figuras, cenas, etc.). As visuais podem também ter diferentes complexidades. Podem, inclusive, criar figuras inexistentes na realidade, através da combinação de elementos existentes. Assim, por exemplo, um avião pode aparecer com quatro patas ou um peixe pode aparecer voando.
Geralmente os doentes atribuem um sentido delirante às suas alucinações1. As vozes que escuta, por exemplo, são interpretadas como sendo a voz do demônio, de Deus, dos espíritos, etc.
- Alucinações1 auditivas: podem aparecer sob forma de sons, vozes que transmitem ordens, diálogos, comentários sobre atos do paciente, críticas, injúrias e difamações sobre a pessoa que alucina ou sonorizar o pensamento do próprio paciente. Na maioria das vezes o conteúdo das vozes é desabonador, acusatório, infame e caluniador. Quando elas sonorizam seu pensamento, o paciente costuma alegar que pensa em voz alta. Outras vezes tem a impressão de que as vozes comentam seus atos: "ele levantou-se da cadeira", "ele ligou a televisão", etc. Algumas vezes as vozes podem dar ordens ao paciente, o qual as obedece mesmo contra sua vontade, situação de certo perigo, já que, em geral, essas ordens são eticamente condenáveis.
- Alucinações1 visuais: são percepções visuais errôneas, não corrigíveis pela argumentação lógica. O objeto alucinado pode ou não ter uma forma definida: clarões, chamas, raios, vultos, sombras ou pessoas, monstros, demônios, animais, santos, anjos, bruxas ou constituírem uma cena, como, por exemplo, ver palhaços dançando no meio da rua, etc. Em alguns casos, como no delirium tremens4 dos alcoólatras, elas em geral representam pequenos animais andando sobre o corpo, dando origem à grande ansiedade. Uma situação especial ocorre quando o paciente se vê fora de seu próprio corpo. Chama-se a isso de alucinação5 autoscópica.
- Alucinações1 táteis: as alucinações1 táteis se dão principalmente nas psicoses tóxicas e nas delirantes crônicas. No delirium tremens4 ou na dependência de cocaína, o paciente sente que pequenos animais caminham sobre sua pele6, bem como tem a impressão de experimentar pancadas, alfinetadas, queimaduras, etc. Chama-se de alucinações1 cinestésicas quando se referem a sensações sobre a corporalidade (o corpo está aumentando ou diminuindo de tamanho ou se deformando, o fígado7 está se desfazendo, seus intestinos8 estão apodrecidos, o cérebro9 está esvaziado e assim por diante) e de cenestésicas, quando se referem a movimentos (o corpo está oscilando, o braço levantou-se, a parede está se movendo, etc.).
- Alucinações1 olfativas e gustativas: em geral as alucinações1 olfativas e gustativas estão associadas e são raras. Estados delirantes cujo tema diz respeito à putrefação podem estar associados a gostos e odores desagradáveis. Elas podem também ocorrer em algumas auras epilépticas.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.