Hipocalcemia e Hipercalcemia: o que significam para o organismo?
O que é hipocalcemia1 e hipercalcemia?
Ambos os termos se referem à concentração de cálcio no sangue2, cujo normal é um valor entre 4,3 e 5,2 mEq/L (miliequivalentes por litro). Uma quantidade insuficiente de cálcio no sangue2 é denominada hipocalcemia1. Uma quantidade excessiva de cálcio no sangue2 é denominada hipercalcemia.
O que é o cálcio?
O cálcio é um elemento fundamental ao organismo que deve ser ingerido em quantidades adequadas a fim de impedir patologias em consequência da sua deficiência. A ingestão adequada de cálcio está diretamente ligada à formação óssea, principalmente nas fases da infância e adolescência. O cálcio é um dos minerais mais importantes no auxílio à maximização da massa óssea e na formação dos dentes, além de contribuir também para a prevenção de riscos de desenvolvimento de osteoporose3 e de fraturas na vida adulta e terceira idade.
Leia sobre "Hipercalcemia", "Osteoporose3" e "Síndrome4 de Conn ou Hiperaldosteronismo primário".
Qual é o substrato fisiológico5 do cálcio no organismo?
O cálcio é um dos eletrólitos6 essenciais ao organismo, necessário na formação dos ossos e dentes, na contração muscular, no funcionamento normal de várias enzimas, na coagulação7 sanguínea e no controle do ritmo cardíaco normal. Em crianças em crescimento e formação, pode ser indicada uma suplementação8 adicional de cálcio.
Aproximadamente 99% do cálcio do organismo é armazenado nos ossos, mas ele também pode ser encontrado nas células9 (sobretudo nas células musculares10) e no sangue2. O organismo, por meio de seus mecanismos de controle, regula com exatidão a quantidade de cálcio existente em cada um desses reservatórios. Dessa forma, se as quantidades adequadas de cálcio não estiverem sendo fornecidas pela dieta, o cálcio será mobilizado dos ossos para a corrente sanguínea, reduzindo assim seu conteúdo nos ossos e aumentando a fragilidade destes. Para manter um nível normal de cálcio no sangue2, sem enfraquecer os ossos, estima-se que uma pessoa precise consumir pelo menos 1.000 a 1.500 miligramas de cálcio por dia.
Os níveis de cálcio no sangue2 são regulados principalmente por dois hormônios: (1) o hormônio11 da paratireoide e (2) a calcitonina12. Quando os níveis de cálcio no sangue2 diminuem, as glândulas13 paratireoides produzem uma quantidade maior de hormônio11. Quando os níveis de cálcio no sangue2 aumentam, elas produzem uma quantidade menor desse hormônio11. O hormônio11 da paratireoide exerce suas funções controlando os ossos para liberarem maior ou menor quantidade de cálcio no sangue2, fazendo com que os rins14 excretem mais ou menos cálcio na urina15, conforme o caso, e regulando a absorção de cálcio pelo trato digestivo. A calcitonina12, produzida pelas células9 da tireoide16, por sua vez, reduz os níveis de cálcio no sangue2 (apenas ligeiramente) ao reduzir a velocidade de decomposição dos ossos.
Quais são as causas da hipocalcemia1 e da hipercalcemia?
A hipocalcemia1 pode ser causada pelo hipoparatiroidismo, pela deficiência de vitamina17 D, pela remoção cirúrgica total da tireoide16, por diurese18, hemorragia19 ou vômito20 em excesso, pelo alcoolismo, por determinados medicamentos ou por doença renal21 crônica.
A hipercalcemia, por sua vez, tem como causas mais frequentes o hiperparatireoidismo primário devido a adenoma22 de paratireoide e a doença maligna dessa glândula23. Ela pode ainda ser causada por insuficiência24 da glândula23 adrenal, predisposição genética, exagero de cálcio na dieta, hipertireoidismo25, insuficiência renal26, certos tipos de medicamentos, alguns tumores cancerosos, excesso de vitamina17 D na dieta ou doenças inflamatórias.
Saiba mais sobre "Hipoparatireoidismo", "Hiperparatireoidismo" e "Hipotiroidismo".
Quais são as características clínicas da hipocalcemia1 e da hipercalcemia?
A hipocalcemia1 em seus estágios iniciais pode não causar sintomas27. Nos estados mais evoluídos, os sintomas27 podem incluir confusão ou perda de memória, espasmos28 musculares, dormência29 e formigamento nas mãos30, pés e rosto, depressão, alucinações31, cãibras musculares, unhas32 fracas e quebradiças, fratura33 fácil dos ossos, crescimento mais lento do cabelo34 e pele35 frágil e fina. As deficiências de cálcio podem também causar convulsões em pessoas saudáveis.
A hipercalcemia leve também pode não ter sinais36 ou sintomas27. Os casos mais avançados de hipocalcemia1 podem produzir sede excessiva e micção37 frequente, dores de estômago38, perda de apetite, náuseas39, vômitos40 e constipação41, enfraquecimento dos ossos, de onde o cálcio em excesso no sangue2 foi drenado, podendo causar dores e fraqueza muscular, confusão mental, letargia42, fadiga43 e depressão. Raramente, a hipercalcemia grave pode interferir com a função cardíaca, causando palpitações44 e desmaios, indicações de arritmia45 cardíaca e outros problemas cardíacos.
Como o médico diagnostica hipocalcemia1 e hipercalcemia?
O diagnóstico46 da hipocalcemia1 ou da hipercalcemia deve começar pelos sintomas27, contudo, tanto a hipo como a hipercalcemia leves podem não apresentar sintomas27 e a condição só pode ser diagnosticada após um exame de sangue2. Se houver suspeita de uma dessas condições, o médico deve pedir um exame de sangue2 para avaliar o nível sanguíneo do cálcio e fazer um diagnóstico46 com base nos resultados. O exame verificará também os níveis sanguíneos do hormônio11 da paratireoide.
Ao mesmo tempo, o médico pode solicitar um eletrocardiograma47 (ECG) para registrar a atividade elétrica do coração48, uma radiografia de tórax49 para verificar se há câncer50 de pulmão51 ou infecções52, uma mamografia53 para verificar se há câncer50 de mama54, uma tomografia computadorizada55 ou ressonância magnética56 para examinar a estrutura e os órgãos do corpo e estudos de radiografias para medir a densidade óssea.
Como o médico trata a hipocalcemia1 e a hipercalcemia?
A hipocalcemia1 é fácil de tratar. Normalmente envolve adicionar mais cálcio à dieta. Os suplementos de cálcio comumente recomendados, disponíveis nas formas líquida e de comprimidos para engolir e mastigáveis, incluem (1) carbonato de cálcio, que contém o cálcio mais elementar, (2) citrato de cálcio, que é o mais facilmente absorvido e (3) fosfato de cálcio, que também é facilmente absorvido e não causa prisão de ventre. Às vezes, mudanças na dieta e suplementos orais podem não ser suficientes para tratar a deficiência de cálcio. Nestes casos, o médico pode regular os níveis de cálcio administrando injeções regulares de cálcio.
Pessoas com hipercalcemia leve podem não precisar de tratamento e os níveis podem voltar ao normal com o tempo. O médico deve monitorar periodicamente os níveis de cálcio e a saúde57 dos rins14. Se os níveis de cálcio continuarem a aumentar, é importante descobrir a causa. O médico pode oferecer tratamentos para ajudar a reduzir os níveis de cálcio e prevenir complicações. Os tratamentos incluem fluidos intravenosos e medicamentos como calcitonina12 ou bifosfonatos. Se as glândulas13 paratireoides estiverem hiperativas, houver excesso de vitamina17 D ou outra condição de saúde57, essas condições também deverão ser tratadas. Uma pessoa com um tumor58 não canceroso na glândula23 paratireoide pode precisar de cirurgia para removê-lo.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayo Clinic, da U.S. National Library of Medicine e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.