Tratamento com iodo radioativo - o que é importante saber?
O que é iodo radioativo1?
O iodo é uma substância química encontrada para consumo humano sob forma de iodeto de potássio, um dos componentes do sal de cozinha, por exemplo. Pequenas quantidades diárias de iodo são necessárias para o correto funcionamento da tireoide2, pois os hormônios produzidos por esta glândula3 contêm iodo na sua composição. A falta de iodo causa o popular bócio4 da tireoide2 (crescimento benigno da tireoide2).
O isótopo5 I-131 (iodo radioativo1), igualmente captado pela glândula3 tireoide2, é utilizado na medicina para diagnóstico6 e tratamento de tumores na tireoide2, pois esse isótopo5 libera radiação capaz de destruir as células7 carcinogênicas. Ele emite dois tipos de radiação: (1) radiação gama, semelhante aos raios X e (2) radiação beta, empregada na terapia de combate às eventuais células7 cancerígenas ainda presentes no corpo após a cirurgia.
Saiba mais sobre "Bócio4" e "Nódulos tireoidianos8".
As partículas que emitem radiação beta servem como pequenas “bombas” que irão se armazenar nas células7 da tireoide2, destruindo-as. A radiação gama, também emitida pelo iodo 131, é empregada em outros tipos de diagnóstico6, como a cintilografia9, por exemplo, e no mapeamento da tireoide2.
As doses de radiação usadas para fins terapêuticos são maiores que as usadas em exames diagnósticos. Este iodo possui meia-vida em torno de oito dias (tempo durante o qual persiste no organismo, embora sua quantidade vá decrescendo). Assim, o paciente que tomar o iodo 131 deve manter-se afastado de outras pessoas, especialmente crianças e mulheres grávidas, pois qualquer um que esteja por perto ou em contato prolongado com o paciente estará exposto desnecessariamente à radiação.
Durante alguns dias após o tratamento, o paciente deve dormir sozinho, evitar beijos, abraços ou relações sexuais. A eliminação do iodo se dá predominantemente pelas vias urinárias, mas também por via fecal, salivar e pelo suor.
Quem deve e quem não deve fazer tratamento com iodo radioativo1?
O iodo radioativo1 deve ser usado como tratamento por pessoas com carcinoma10 da tireoide2, em que o objetivo é destruir as células7 cancerígenas que ainda restem após a tireoidectomia (cirurgia de remoção da tireoide2). Este tratamento pode ser utilizado mesmo que a tireoide2 tenha sido removida por cirurgia ou que as células7 malignas tenham se espalhado para os nódulos linfáticos ou outras partes do corpo.
Para produzir imagens, como na cintilografia9, por exemplo, utiliza-se doses muito menores que as utilizadas na terapia. As mulheres que estejam gestando ou amamentando não devem efetuar este procedimento. Se ele for considerado imprescindível e não puder ser adiado, a amamentação11 deve ser temporária ou mesmo permanentemente suspensa.
Leia mais sobre "Câncer12 da tireoide2", "Cirurgia da tireoide2" e "Amamentação11".
Em que consiste o tratamento com iodo radioativo1?
O iodo radioativo1 é administrado por via oral, sob a forma líquida ou em cápsulas. A dose é variável, conforme o caso, e deverá ser determinada pelo médico responsável pelo tratamento. Doses acima de 30mCi (milicurie, medida de atividade radioativa) exigem que o paciente permaneça hospitalizado por alguns dias, para evitar que exponha outras pessoas desnecessariamente.
Nenhum alimento deve ser ingerido duas horas antes de receber a medicação e, em alguns casos, será recomendada dieta pobre em iodo por alguns dias antes do tratamento. A maior parte do iodo radioativo1 será eliminada do corpo em aproximadamente 48 horas, principalmente pela urina13, e apenas uma pequena quantidade será captada pela tireoide2. Para facilitar a eliminação do iodo, aconselha-se a ingestão de bastante líquido durante e alguns dias após o tratamento.
A radiação emitida pelo iodo radioativo1 é muito similar a dos raios X usados em diagnósticos médicos. Por isso, as pessoas que ficarem próximas ao paciente por um tempo prolongado, estarão sendo expostas desnecessariamente à radiação.
Como evitar as consequências de tomar o iodo radioativo1?
Para o paciente, as principais consequências das radiações emitidas pelo iodo 131 são benéficas, ou seja, geram a eliminação das células7 tireoidianas malignas. Para as outras pessoas, as consequências das radiações podem ser evitadas ou diminuídas com a tomada de algumas atitudes pelo paciente:
- Não permanecer muito perto ou pelo menor tempo possível próximo às pessoas.
- Manter uma boa higiene, principalmente das mãos14 após ir ao banheiro, pois a maioria do iodo é excretado pela urina13.
- Usar mais papel higiênico que o normal para que o iodo não vá para a mão15.
- Dar descarga no vaso sanitário mais de uma vez após o uso.
- Homens devem urinar sentados para evitar respingos de urina13 fora do vaso sanitário ou nas suas bordas.
- Beber muito líquido para eliminar mais rapidamente a urina13 que contém o iodo radiativo.
- Comer balas “azedas” ou beber suco de limão para produzir mais saliva e eliminar o iodo retido nas glândulas salivares16.
- A escova de dente17 deve ser mantida separada das demais e descartada após o período de eliminação do iodo.
Quais são os efeitos colaterais18 de tomar o iodo radioativo1?
Os efeitos colaterais18 de curto prazo do tratamento com iodo 131 podem incluir aumento de sensibilidade e inchaço19 do pescoço20, náuseas21 e vômitos22, boca23 seca e alterações do paladar24. O tratamento com iodo radioativo1 também reduz a formação de lágrimas em algumas pessoas, levando a olhos25 secos. Os homens podem ter contagens mais baixas de espermatozoides26 ou, raramente, tornarem-se inférteis.
Muitos médicos recomendam que as mulheres evitem engravidar durante seis meses a um ano após o tratamento.
Veja também sobre "Hipotiroidismo", "Tireoidite de Hashimoto" e "Diferença entre infertilidade27 e esterilidade28".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.