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Fator reumatoide - por que é importante dosar e conhecer?

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O que é fator reumatoide?

O fator reumatoide é um autoanticorpo que ataca e destrói tecidos saudáveis, como a cartilagem1 das articulações2, por exemplo. A identificação de fator reumatoide no sangue3 é importante para investigar a presença de doenças autoimunes4, como lúpus5 eritematoso6, artrite reumatoide7 ou síndrome8 de Sjögren, nas quais normalmente há valores elevados dessa proteína no sangue3.

No entanto, o fator reumatoide pode ser detectado também em algumas pessoas saudáveis, principalmente em idosos, e pessoas com doenças autoimunes4 podem apresentar níveis normais de fator reumatoide. Ou seja, ele é pouco específico.

Por que dosar o fator reumatoide?

A dosagem do fator reumatoide faz parte de um grupo de exames de sangue3 usado ​​principalmente para ajudar a identificar e concluir o diagnóstico9 de artrite reumatoide7. Os outros exames são: anticorpo10 antinuclear, anticorpos11 de peptídeo citrulinado cíclico, proteína C reativa e taxa de sedimentação de eritrócitos12.

A quantidade de fator reumatoide no sangue3 também pode ajudar o médico a escolher a abordagem de tratamento mais adequada para a situação em foco.

Para fazer o exame do fator reumatoide, uma pequena amostra de sangue3 é coletada de uma veia do braço do paciente e enviada a um laboratório para análise. Um resultado positivo, com fator reumatoide alto, é intimamente associado a doenças autoimunes4, particularmente artrite reumatoide7. Mas uma série de outras doenças e condições também podem aumentar os níveis de fator reumatoide, incluindo câncer13, infecções14 crônicas, doenças inflamatórias pulmonares (como sarcoidose15), doença mista do tecido conjuntivo16, síndrome8 de Sjögren, lúpus5 eritematoso6 sistêmico17, etc.

Veja sobre "Dor nas juntas", "Colagenoses" e "Polimialgia reumática".

Qual é o substrato fisiológico18 do fator reumatoide?

O fator reumatoide, uma classe de imunoglobulinas19 que têm diferentes tipos e afinidades, foi detectado pela primeira vez há mais de 70 anos, mas muita coisa continua a ser descoberta sobre sua produção, papel fisiológico18 e efeitos patológicos.

Waaler descreveu um anticorpo10 dirigido contra gamaglobulinas20 séricas que promoveu a aglutinação de hemácias21 de ovelha sensibilizadas por doses subaglutinantes de anticorpos11 de coelho em 1940, embora na verdade já tivesse sido encontrado em pacientes com cirrose22 hepática23 e bronquite crônica por Kurt Meyer em 1922.

Em 1948, Rose descreveu esses anticorpos11 em pacientes com artrite reumatoide7 e, em 1952, eles foram finalmente batizados de fatores reumatológicos por causa de sua associação frequente com a artrite reumatoide7.

No entanto, embora devam seu nome à sua primeira detecção em pacientes com artrite reumatoide7, o fator reumatoide, como foi dito, também é encontrado em pacientes com outras doenças autoimunes4 e não autoimunes4, bem como em indivíduos saudáveis.

Quais são as implicações clínicas da presença do fator reumatoide?

A presença, ausência, níveis sanguíneos e tipos de fatores reumatoides presentes têm implicações importantes para o diagnóstico9 e prognóstico24 da artrite reumatoide7. Os pacientes com fator reumatoide positivo podem apresentar a doença articular de modalidade mais agressiva e erosiva, com manifestações extra-articulares, como nódulos reumatoides e vasculite25, do que aqueles que são negativos. Da mesma forma, altos níveis de fator reumatoide levariam a uma maior probabilidade de um paciente ter uma artrite reumatoide7 de pior prognóstico24.

Além disso, o fator aparece nos pacientes com artrite reumatoide7 em momentos diferentes da enfermidade. Alguns pacientes realmente desenvolvem o fator reumatoide antes da doença sintomática26, e esse início precoce do fator reumatoide tem sido associado a doenças mais graves. Há também pacientes nos quais o aparecimento do fator reumatoide ocorre após o aparecimento dos sintomas27. No entanto, a maioria das pessoas assintomáticas, com fator reumatoide positivo, não progride para artrite reumatoide7. O mecanismo que leva a essa variação não é claro.

Foi relatado que o teste do fator reumatoide em pacientes com artrite reumatoide7 apresenta uma sensibilidade de 60% a 90% e uma especificidade de 85%. Para aumentar a especificidade dos critérios de classificação dessa patologia28, o exame de outras proteínas29 foi adicionado, especialmente anticorpos11 antiproteínas citrulinadas (ACPA). Os critérios para o diagnóstico9 de artrite reumatoide7 passaram a incluir tanto o fator reumatoide como a ACPA. Estudos demonstraram que a ACPA é mais específica que o fator reumatoide para o diagnóstico9 da artrite reumatoide7. Assim, para o diagnóstico9 da artrite reumatoide7 inicial, além dos sinais30 e sintomas27 clínicos, a combinação dos resultados positivos do ACPA e do fator reumatoide fornece maior sensibilidade para conduzir ao diagnóstico9.

A utilidade clínica do fator reumatoide para estimar o prognóstico24 e a resposta ao tratamento da artrite reumatoide7 é limitada. No momento, o monitoramento do nível de fator reumatoide exclusivamente para monitorar a atividade da doença não é recomendado. No entanto, ele pode ter algum papel na previsão da resposta ao tratamento a alguns agentes terapêuticos. Por exemplo, foi relatado que altos níveis pré-tratamento de fator reumatoide estão associados a uma resposta clínica insatisfatória aos tratamentos e que pacientes com fator reumatoide positivo têm uma resposta melhor que aqueles que são negativos.

Leia mais sobre "Artrites", "Artrite31 idiopática32 juvenil", "Artrite31 enteropática" e "Reumatismos inflamatórios sistêmicos33".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da BDTD – Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, da Mayo Clinic e do National Institutes of Health.

ABCMED, 2021. Fator reumatoide - por que é importante dosar e conhecer?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1407485/fator-reumatoide-por-que-e-importante-dosar-e-conhecer.htm>. Acesso em: 5 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cartilagem: Tecido resistente e flexível, de cor branca ou cinzenta, formado de grandes células inclusas em substância que apresenta tendência à calcificação e à ossificação.
2 Articulações:
3 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
4 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
5 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
6 Eritematoso: Relativo a ou próprio de eritema. Que apresenta eritema. Eritema é uma vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos.
7 Artrite reumatóide: Doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem. Afeta mulheres duas vezes mais do que os homens e sua incidência aumenta com a idade. Em geral, acomete grandes e pequenas articulações em associação com manifestações sistêmicas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos, a morbidade e a gravidade da doença são maiores, podendo diminuir a expectativa de vida em cinco a dez anos.
8 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
9 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
10 Anticorpo: Proteína circulante liberada pelos linfócitos em reação à presença no organismo de uma substância estranha (antígeno).
11 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
12 Eritrócitos: Células vermelhas do sangue. Os eritrócitos maduros são anucleados, têm forma de disco bicôncavo e contêm HEMOGLOBINA, cuja função é transportar OXIGÊNIO. Sinônimos: Corpúsculos Sanguíneos Vermelhos; Corpúsculos Vermelhos Sanguíneos; Corpúsculos Vermelhos do Sangue; Glóbulos Vermelhos; Hemácias
13 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
14 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
15 Sarcoidose: Sarcoidose ou Doença de Besnier-Boeck é caracterizada pelo aparecimento de pequenos nódulos inflamatórios (granulomas) em vários órgãos. A doença pode afetar qualquer orgão do corpo, mas os mais atingidos são os pulmões , os gânglios linfáticos (ínguas ), o fígado, o baço e a pele.
16 Tecido conjuntivo: Tecido que sustenta e conecta outros tecidos. Consiste de CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO inseridas em uma grande quantidade de MATRIZ EXTRACELULAR.
17 Sistêmico: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
18 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
19 Imunoglobulinas: Proteína do soro sanguíneo, sintetizada pelos plasmócitos provenientes dos linfócitos B como reação à entrada de uma substância estranha (antígeno) no organismo; anticorpo.
20 Gamaglobulinas: Proteína do plasma sanguíneo que pertence à família das imunoglobulinas.
21 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
22 Cirrose: Substituição do tecido normal de um órgão (freqüentemente do fígado) por um tecido cicatricial fibroso. Deve-se a uma agressão persistente, infecciosa, tóxica ou metabólica, que produz perda progressiva das células funcionalmente ativas. Leva progressivamente à perda funcional do órgão.
23 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
24 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
25 Vasculite: Inflamação da parede de um vaso sangüíneo. É produzida por doenças imunológicas e alérgicas. Seus sintomas dependem das áreas afetadas.
26 Sintomática: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
27 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
28 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
29 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
30 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
31 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
32 Idiopática: 1. Relativo a idiopatia; que se forma ou se manifesta espontaneamente ou a partir de causas obscuras ou desconhecidas; não associado a outra doença. 2. Peculiar a um indivíduo.
33 Sistêmicos: 1. Relativo a sistema ou a sistemática. 2. Relativo à visão conspectiva, estrutural de um sistema; que se refere ou segue um sistema em seu conjunto. 3. Disposto de modo ordenado, metódico, coerente. 4. Em medicina, é o que envolve o organismo como um todo ou em grande parte.
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