Linfoma de Burkitt - causas, sintomas, diagnóstico, tratamento, evolução
O que é linfoma1 de Burkitt?
O linfoma1 de Burkitt é um câncer2 de células3 B do sistema linfático4. É um subtipo de linfoma1 não-Hodgkin que pode aparecer em pessoas de qualquer idade, porém com maior predominância na faixa etária de 0 a 19 anos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde5 (OMS) existem três formas desse câncer2: (1) endêmicas (africana), (2) esporádicas (não africana) e (3) outras, relacionadas com a imunodeficiência6.
Essa doença representa cerca de 5% dos cânceres na população africana, ocupando o 3º lugar das neoplasias7 malignas mais comuns na infância e adolescência. Foi assim nomeada depois que o cirurgião irlandês Denis Parsons Burkitt a descreveu pela primeira vez em 1958 enquanto trabalhava na África equatorial.
Quais são as causas do linfoma1 de Burkitt?
Ainda não se sabe exatamente o que acontece para que o linfoma1 de Burkitt se desenvolva, entretanto sabe-se que há alguns fatores de risco, relacionados à classificação da OMS. A diferença entre o linfoma1 de Burkitt endêmico e o esporádico é a maior ou menor presença do DNA do Vírus8 Epstein-Barr. O endêmico tem sido descrito na África, Turquia e no Amazonas, com 50 a 100% contendo DNA daquele vírus8. Em países desenvolvidos, a associação com o vírus8 Epstein-Barr é muito menor, cerca de 10 a 20% apenas.
O linfoma1 associado às imunodeficiências, normalmente, acontece em pessoas cuja imunidade9 está comprometida, como, por exemplo, em portadores do vírus8 HIV10, pessoas que fazem uso de drogas imunossupressoras ou naquelas com síndromes congênitas11 associadas a imunodeficiências. Antes da terapia antirretroviral tornar-se um tratamento generalizado para AIDS, a incidência12 de linfoma1 de Burkitt foi estimada em 1.000 vezes maior em pessoas HIV10-positivas do que na população em geral.
Na África, esse linfoma1 é comum em crianças pequenas que foram infestadas pelo Plasmódio falciparum (malária) e pelo vírus8 Epstein-Barr (mononucleose infecciosa13). Um dos mecanismos possíveis é que a malária enfraqueça a resposta do sistema imunológico14 ao vírus8 Epstein-Barr, permitindo que ele transforme células3 B infectadas em células3 cancerígenas.
Atualmente, fora da África, o linfoma1 de Burkitt é raro.
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Qual é o substrato fisiopatológico do linfoma1 de Burkitt?
A translocação16 do gene c-MYC no cromossomo17 8 é a marca registrada do linfoma1 de Burkitt, ocorrendo em aproximadamente 95% dos casos. Além dessa translocação16 característica, muitas outras mutações foram identificadas.
Em células3 B normais, a super expressão de gene MYC causa apoptose18 (morte celular), mas nas células3 neoplásicas19 do linfoma1 de Burkitt o gene supressor20 tumoral geralmente está alterado e não cumpre exatamente sua função. No linfoma1 de Burkitt endêmico, as proteínas21 do vírus8 Epstein-Barr previnem a apoptose18 de células3 B e parece que isso dá origem ao clone maligno de células3 B.
Quais são as características clínicas do linfoma1 de Burkitt?
O linfoma1 de Burkitt é considerado muito agressivo devido ao seu rápido crescimento. Isso acontece porque as células3 tumorais têm um índice mitótico muito alto, dividindo-se de modo muito acelerado. Além disso, esse câncer2 tem também uma capacidade alta e rápida de destruir outras células3.
A forma endêmica/africana é a mais prevalente e é mais comumente associada a massas mandibulares. Já a forma esporádica tem como principais manifestações clínicas massas abdominais.
Os sintomas22 do linfoma1 de Burkitt dependem do tipo clínico do tumor23. A variante endêmica geralmente começa como tumores da mandíbula24 ou de outros ossos faciais25. Também pode afetar o trato gastrointestinal, ovários26 e mamas27 e pode se espalhar para o sistema nervoso central28, causando danos nos nervos, fraqueza e paralisia29.
Os tipos esporádicos e associados à imunodeficiência6 geralmente começam no intestino e formam uma massa tumoral volumosa no abdômen, muitas vezes com envolvimento maciço do fígado30, baço31 e medula óssea32. Essas variantes também podem começar nos ovários26, testículos33 ou outros órgãos e se espalhar para o cérebro34 e o líquido espinhal.
Outros sintomas22 associados ao linfoma1 de Burkitt incluem perda de apetite, perda de peso, fadiga35, suor noturno e febre36 inexplicável.
Como o médico diagnostica o linfoma1 de Burkitt?
Como o linfoma1 de Burkitt se espalha muito rapidamente, o diagnóstico37 imediato é essencial. Se houver suspeita desse tumor23, todo ou parte de um linfonodo38 aumentado ou outro local suspeito da doença deve ser biopsiado e examinado ao microscópio. Exames adicionais podem incluir tomografia computadorizada39 do tórax40, abdome41 e pelve42, radiografias do tórax40, varredura de PET, biópsia43 de medula óssea32, exame do líquido espinhal, exames de sangue44 para medir a função renal45 e hepática46 e testes para o HIV10.
Como o médico trata o linfoma1 de Burkitt?
O tratamento do linfoma1 de Burkitt deve ser feito com quimioterapia47 intravenosa intensiva. Como esse câncer2 pode se espalhar para o fluido ao redor do cérebro34 e da medula espinhal48, os medicamentos quimioterápicos também podem ser injetados diretamente no líquido cefalorraquidiano49 (líquor50).
Como evolui o linfoma1 de Burkitt?
Reconhecido como um tumor23 de crescimento rápido, o linfoma1 de Burkitt é rapidamente fatal se não for tratado. No entanto, a quimioterapia47 intensiva pode permitir alcançar a sobrevivência51 a longo prazo em mais da metade das pessoas com esse tipo de tumor23.
A taxa geral de cura em países desenvolvidos é de cerca de 90% e é pior em países de baixa renda. O linfoma1 de Burkitt tem um pior prognóstico52 em adultos, mas é incomum nesse público.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do National Institutes of Health – USA.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.