Exames do fígado ou Provas de função hepática
O que são provas de função hepática1?
As provas de função hepática1 são exames laboratoriais feitos com o intuito de conferir se o fígado2 está funcionando normalmente. As verdadeiras provas de função hepática1 são aquelas que medem a síntese de proteínas3 produzidas pelo fígado2 ou a capacidade do fígado2 para metabolizar drogas. A maioria dos testes normalmente utilizados mede lesão4 hepatocelular, em vez de função hepática1, de modo que a denominação “provas de função hepática” não é inteiramente correta, embora consagrada.
A avaliação dos exames é mais importante quando se analisa a taxa de mudança ao longo do tempo, correlacionando com dados clínicos dos pacientes. Por exemplo, se há flutuação leve, aumento ou diminuição progressiva.
Por que fazer exames de provas de função hepática1?
As provas de função hepática1 frequentemente fazem parte da linha de investigação de um grande número de diferentes situações clínicas. Elas não são específicas para sistemas e doenças determinadas, mas a anormalidade delas pode indicar condições significativas ou graves. No entanto, quando combinadas com uma história clínica, medicamentos ou a presença de quaisquer sintomas5, geralmente é possível desenvolver um diagnóstico6 diferencial.
Quais são os limites normais das provas de função hepática1?
Provas de função hepática1 anormais não indicam necessariamente qualquer anormalidade subjacente da função hepática1. Os valores "normais" admitem um desvio de ± 2, de uma escala normalmente distribuída. Assim, 95% de pessoas sem patologias estarão dentro da "faixa normal", mas 2,5% estarão acima dela e 2,5% abaixo dela.
Veja temas relacionados em: "Esteatose hepática7" e "Cirrose8 hepática1"
Quais são as principais provas de função hepática1?
As principais substâncias medidas para avaliar as funções do fígado2 são:
1. Bilirrubina9
A bilirrubina9 é derivada da destruição das hemácias10, células11 vermelhas do sangue12, e é responsável por ajudar na digestão13 de gorduras. Está presente no organismo em duas formas: indireta ou não conjugada e direta ou conjugada. A forma indireta está presente primariamente no sangue12, enquanto a forma direta já passou pelo fígado2, onde foi conjugada, e está pronta para atuar na digestão13. Quando se fala na forma total refere-se à soma das duas (indireta+direta). É excretada pela urina14.
2. Albumina15
A albumina15 conjugada e não conjugada pode ser medida pelas frações da bilirrubina9 direta e indireta, respectivamente. A albumina15 é um marcador sensível da função hepática1, embora não seja útil na fase aguda, uma vez que tem meia-vida longa (20 dias). Níveis baixos de albumina15 podem ser em função de problemas nutricionais ou perda de proteínas3 devido à doença renal16, insuficiência17 de síntese de proteínas3 e algumas condições inflamatórias do fígado2.
3. Proteína total
A proteína total mede o total de albumina15 e globulinas18, as duas proteínas3 principais. É geralmente normal em doenças do fígado2, em que os níveis de globulina19 tendem a aumentar e os de albumina15 tendem a cair. Valores altos são vistos em hepatites20 crônicas ativas, hepatites20 alcoólicas e em pessoas com hiperatividade do sistema imunitário21, tais como infecção22 aguda, doença inflamatória crônica e mieloma23 múltiplo.
Saiba mais sobre "Insuficiência renal24 aguda", "Hepatites20" e "Mieloma23 múltiplo".
4. Aminotransferase
As aminotransferases (alanina aminotransferase - TGP e aspartato aminotransferase - TGO) são enzimas presentes dentro das células11 do fígado2 e portanto sua alteração está diretamente ligada com disfunções neste órgão. Com a morte destas células11, por doença hepática1 ou outros motivos, essas enzimas saem de dentro das células11 e vão parar no sangue12, aparecendo aumentadas no exame laboratorial. São medidas, pois, para indicar vazamento de células11 danificadas devido à inflamação25 ou morte celular.
5. Creatinina26 quinase
A creatinina26 quinase (CK) pode ajudar a determinar a origem das transferases aumentadas. Níveis muito elevados de CK (>1000 UI/L) sugerem hepatite27 induzida por drogas, hepatite27 viral aguda, isquemia28 ou hepatite27 autoimune29. Além disso, a proporção TGO/TGP pode dar algumas pistas adicionais sobre a causa: na doença hepática1 crônica a TGP>TGO, enquanto a cirrose8 é estabelecida por TGO>TGP.
6. Gama-glutamil transferase
A Gama-glutamil transferase (GGT) pode se apresentar alterada em todas as doenças hepáticas30. Os níveis de GGT podem ser duas a três vezes maiores do que o valor de referência em pacientes com doença hepática1 crônica e podem estar associados à lesão4 do ducto biliar e fibrose31. A especificidade da GGT não é grande, mas de alta sensibilidade para a doença do fígado2, o que torna essa enzima32 bastante útil.
7. Fosfatase alcalina33
A fosfatase alcalina33 (ALP) é uma enzima32 distribuída por diversas partes do corpo como fígado2, intestinos34, ossos, rins35, placenta, entre outros. Seus valores normais são altamente dependentes da idade e sexo do paciente, sendo mais altos em idosos, crianças e gestantes. A dosagem de uma segunda enzima32, a Gama-Glutamiltranspeptidase – Gama GT – indica se ela vem ou não do fígado2.
Existe principalmente nas células11 que revestem os ductos biliares36, mas também nos ossos. A elevação acentuada é típica de colestase37, com GGT elevada, ou doenças ósseas, com GGT geralmente normal. Se a GGT é normal, um elevado resultado de ALP sugere doença óssea. A ALP é fisiologicamente aumentada quando há um aumento da renovação óssea, como, por exemplo, na adolescência e no terceiro trimestre da gravidez38.
Veja como é a "Gestação semana a semana".
8. Gama-Glutamiltranspeptidase
A Gama GT é uma enzima32 presente em diversos órgãos como rins35, pâncreas39, baço40 e coração41, entre outros. É um sensível indicador de doença do fígado2, porém, pode estar aumentada por doenças em outros órgãos.
Além desses, podem ainda ser feitos exames do tempo de protrombina42, sorologia viral, tela de auto-anticorpos43, imunoglobulinas44, ferritina sérica, saturação de transferrina, alfa-fetoproteína, cobre/ceruloplasmina e alfa-1 antitripsina, todos eles indicadores de algumas patologias.
Leia mais sobre as hepatites20: "Hepatite27 A", "Hepatite27 B" e "Hepatite27 C".
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.