Como é a Actinomicose
O que é a actinomicose?
A actinomicose é uma infecção1 anaeróbica crônica, generalizada ou localizada, por bactérias que normalmente estão presentes de maneira comensal2 nas fendas entre os dentes e gengivas, nas amígdalas3 e nas membranas mucosas4 que revestem o intestino e a vagina5.
A actinomicose pode apresentar-se sob várias formas: (1) cervicofacial, (2) torácica, (3) abdominal, (4) uterina e (5) generalizada.
Quais são as causas da actinomicose?
A actinomicose é causada principalmente pela bactéria6 anaeróbica Actinomyces israelii, mas também por outras espécies de Actinomyces. Os fatores de risco incluem uso prolongado de corticosteroides, bifosfonatos, leucemia7 com quimioterapia8, vírus9 da imunodeficiência10 adquirida (HIV11), alcoolismo, recipientes de transplante de pulmão12 e de transplante renal13 e lesão14 tecidual local causada por trauma, cirurgia recente ou irradiação.
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Qual é o substrato fisiológico15 da actinomicose?
Os Actinomyces estão presentes na flora normal da boca16 e não causam a infecção1 sozinhos, sendo necessário para tal que atuem conjuntamente com outros tipos de bactérias para atravessar a pele17 ou a gengiva. Em geral, são agentes de baixa patogenicidade e necessitam de uma ruptura na barreira da mucosa18 para penetrar no organismo.
Quase sempre a actinomicose ocorre em pessoas imunocompetentes, mas pode se manifestar também em pacientes com déficit imune. Uma vez estabelecido num local primitivo, o microrganismo pode se espalhar de forma progressiva para os tecidos adjacentes, sem considerar as barreiras anatômicas. Uma localização central purulenta19 envolve os grânulos característicos da actinomicose.
A actinomicose pode levar à infecção1 crônica, supurativa, acarretando fibrose20 densa e fistulização. A disseminação por via sanguínea pode ocorrer e ser fulminante, mas é rara.
Quais são as características clínicas da actinomicose?
A lesão14 típica é formada por vários pequenos abscessos21 que se comunicam entre si e com a pele17 e drenam uma secreção purulenta19 contendo grânulos arredondados ou esféricos, de cor amarela, com cerca de um milímetro de diâmetro, chamados de “grânulos de enxofre” (devido à sua cor, mas que, na verdade, não contêm enxofre). A infecção1 dissemina-se aos tecidos contíguos, mas raras vezes através do sangue22.
A forma cervicofacial normalmente se inicia sob a mucosa18 oral ou a pele17 do pescoço23, como um edema24 pequeno, duro, achatado, com ou sem dor, ou como um edema24 subperiósteo da mandíbula25. Em seguida, áreas amolecidas fistulizadas aparecem, drenando os “grânulos de enxofre”. A bochecha26, língua27, faringe28, glândulas salivares29, ossos cranianos, meninges30 ou cérebro31 também podem ser afetados, normalmente por extensão direta. As formas cervicofaciais são comumente associadas com cáries32 e extrações dentárias, gengivite33 e trauma gengival, infecção1 em erupção34 de dentes secundários, tonsilite crônica, otite35 ou mastoidite, diabetes mellitus36, imunossupressão37, imunodeficiência10, desnutrição38 e doença neoplásica39.
A forma torácica tem um envolvimento pulmonar que se assemelha à tuberculose40. A invasão torácica infecciosa pode ocorrer antes do surgimento de sintomas41, como dor torácica, febre42 e tosse produtiva. Como resultado, pode haver perfuração da parede do tórax43, com seios44 de drenagem45 crônicos. As infecções46 pulmonares costumam ocorrer por aspiração de secreções orofaríngeas ou gastrointestinais e têm sido relatadas em pacientes com distúrbios pulmonares subjacentes, como enfisema47, bronquite crônica e bronquiectasias.
A forma abdominal em geral infecta os intestinos48 (o ceco49 e o apêndice50) e o peritônio51. Caracteristicamente, o paciente pode apresentar dor, febre42, vômitos52, diarreia53 ou constipação54 intestinal e emagrecimento. Podem surgir sinais55 de obstrução intestinal parcial se as massas abdominais provocam dificuldades de trânsito intestinal. Pode haver também fístulas56 e drenagens para a parede abdominal57 externa. A infecção1 gastrointestinal é, com frequência, acompanhada da perda da integridade da mucosa18, como cirurgia, trauma, corpos estranhos, apêndice50 perfurado ou diverticulite58, neoplasia59 e cirurgia de emergência60 do colo61.
A forma uterina localizada ocorre na maioria dos casos em pacientes que utilizam DIU. O uso prolongado desse dispositivo aumenta o risco de desenvolvimento de actinomicose do trato genital feminino. Quase sempre apresenta secreção vaginal juntamente com dor pélvica62 ou na região inferior do abdome63.
Na forma generalizada, a infecção1 se dissemina pela corrente sanguínea para corpos vertebrais, cérebro31, fígado64, rins65, ureteres66 e órgãos pélvicos67. Podem ocorrer sintomas41 diversos relacionados com estes locais, como dor no dorso68, cefaleia69 e dor abdominal.
Como o médico diagnostica a actinomicose?
A suspeita da actinomicose é eminentemente70 clínica e deve ser confirmada pela identificação do Actinomyces israelii ou outros Actinomyces por microscopia e cultura de escarro, pus71 ou amostra de biópsia72. Exames de imagem, como radiografias de tórax43 e tomografia computadorizada73 de abdome63 ou tórax43 também podem fornecer bons indícios. O laboratório deve ser notificado sobre a suspeita de actinomicose porque são necessários procedimentos especiais para isolar e identificar esses organismos.
Os nódulos podem simular crescimentos malignos. As lesões74 pulmonares devem ser distinguidas de tuberculose40 e câncer75. A maioria das lesões74 abdominais ocorre na região ileocecal e são de difícil diagnóstico76, exceto durante laparotomia77 ou quando há drenagem45 na parede abdominal57.
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Como o médico trata a actinomicose?
O tratamento da actinomicose deve ser feito com altas doses de penicilina por um longo tempo. Pode levar até um ano para que os antibióticos curem completamente a infecção1. Se o paciente for alérgico à penicilina, o médico poderá prescrever outros antibióticos, como a tetraciclina, clindamicina ou eritromicina.
Os abscessos21 decorrentes da infecção1 podem ser drenados ou removidos. Se a actinomicose foi devida ao uso do DIU, ele deve ser removido para evitar novas infecções46. Quanto mais precoce o tratamento, menores as chances de complicações a longo prazo e de necessitar de cirurgia.
Como evolui a actinomicose?
A actinomicose tem evolução lenta. O prognóstico79 depende da localização das lesões74, da natureza delas e de quão precoce o diagnóstico76 é feito. Ele é muito favorável na forma cervicofacial e progressivamente pior nas formas torácica, abdominal e generalizada, especialmente se houver envolvimento do sistema nervoso central80.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH – National Institutes of Health (USA) e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.