Gostou do artigo? Compartilhe!

Higienização de materiais médico-hospitalares

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

Considerações gerais

O processo de higienização de materiais nas unidades de saúde1 tem como principal objetivo evitar a transmissão de agentes patógenos (sejam germes ou resíduos de material imunológico) do ambiente e das demais pessoas para o paciente, ou de um paciente para outro.

Neste artigo usa-se o termo higienização para se referir a qualquer processo que atue no sentido de diminuir ou extinguir todo elemento patógeno que possa estar presente no material médico-hospitalar. Sendo assim, é imprescindível que o responsável por esse processo tenha bons conhecimentos sobre o comportamento de micróbios, transmissão imunológica e príons, entre outros.

Chama-se biocarga a uma estimativa da quantidade de microrganismos que podem estar presentes em determinado material, num dado momento. Esse termo também se refere ao tipo e ao grau de resistência de uma contaminação microbiológica2. A biocarga determinada antes e após a realização desse processo de higienização é essencial para verificar a sua eficiência. A partir disso é que são estabelecidos os protocolos utilizados para realizar a higienização do material.

Processos de higienização de materiais médico-hospitalares

A higienização de material médico-hospitalar é um processo essencial para garantir a segurança dos pacientes, profissionais de saúde1 e do ambiente hospitalar em geral.

Existem diferentes métodos de higienização, a escolha dos quais depende do tipo de material, do agente contaminante e das diretrizes específicas de cada instituição. De forma simples, pode-se reduzi-los a três níveis de aprofundamento progressivo: limpeza, desinfecção3 e esterilização.

1. Limpeza

O primeiro e mais simples passo da higienização é a limpeza, fundamental para que sejam removidos resíduos de matéria orgânica que possam ficar presentes nos materiais, para que eles não interfiram na qualidade dos processos seguintes de desinfecção3 e esterilização.

A limpeza pode ser realizada por meios mecânicos, físicos ou químicos. Em geral, ela consiste numa vigorosa limpeza dos materiais, com auxílio de sabão e escova, os quais também devem sofrer posterior processo de limpeza e desinfecção3. Para uma adequada descontaminação, as escovas podem ser mergulhadas em hipoclorito de sódio a 1% durante 30 minutos, sendo posteriormente enxaguadas e secas.

Os profissionais que realizam limpeza devem se valer de barreiras de proteção através de luvas, máscaras e óculos de proteção, em virtude da possibilidade de espirramento de secreções patógenas.

Os materiais devem ser devidamente enxaguados e secos após sua limpeza. As compressas ou panos utilizados para secar o material devem ser somente para este fim e devem ser substituídos frequentemente.

Produtos químicos também podem auxiliar na limpeza dos materiais como, por exemplo, através do uso de soluções líquidas ou aparelhos de ultrassom, que auxiliam na remoção de matéria orgânica. A limpeza é capaz de eliminar alguns (mas não todos) dos seguintes germes: bactérias, vírus4 e parasitas.

2. Desinfecção3

A seguir, em ordem de eficácia, deve proceder-se à desinfecção3 de materiais, que pode eliminar um maior número de germes, incluindo ainda alguns protozoários5, esporos6 bacterianos e algas. A decisão quanto à escolha de um desinfetante deve analisar o produto quanto à sua efetividade, toxicidade7, compatibilidade, efeito residual, solubilidade, estabilidade, odor, facilidade de uso e custos, entre outros. Além disso, é importante que o desinfetante seja aprovado pelo Ministério da Saúde1.

Uma avaliação deve também ser feita quanto ao tipo de procedimento médico a ser executado (mais ou menos invasivo) e quanto ao tipo de paciente (mais ou menos suscetível). A desinfecção3 através de agentes químicos muitas vezes não se apresenta como um método seguro e confiável devido à possibilidade de desinfeção inadequada ou recontaminação do material.

A escolha do tipo de desinfetante, métodos adequados de desinfecção3, bem como a organização de todo este processo, não é uma tarefa fácil. Vários guias e manuais de recomendações têm sido publicados com o objetivo de orientar os profissionais para uma adequada desinfecção3 de materiais utilizados na assistência de saúde1.

Os agentes químicos desinfetantes comumente utilizados são os álcoois, compostos clorados, formaldeído, iodóforos, peróxido de hidrogênio, ácido peracético, compostos fenólicos e quaternário de amônia. O álcool e o hipoclorito de sódio são os desinfetantes mais recomendados para superfícies, enquanto o desinfetante mais comumente usado para instrumentais e outros materiais é o ácido peracético.

3. Esterilização

Um passo adiante, tem-se a esterilização dos materiais médico-hospitalares. Ela é capaz de eliminar praticamente todos os germes anteriormente citados e pode ser realizada através de métodos químicos ou físicos.

A esterilização química compreende a utilização de agentes esterilizantes líquidos, que são os mesmos utilizados no processo de desinfecção3, porém com maior tempo de exposição. A esterilização química apresenta alguns aspectos negativos, especialmente referentes ao risco de recontaminação do material após o processo, dificuldade de armazenamento e de controle de qualidade ou de monitoramento do processo.

A esterilização física pode ser conseguida através de métodos ou equipamentos que empregam calor seco (por exemplo: estufa) e através de vapor saturado (por exemplo: autoclaves). Na prática, a utilização da estufa é o método de escolha para esterilização de instrumentos médico-hospitalares metálicos. Através deste método não é possível esterilizar materiais termossensíveis, como plásticos, assim como não é recomendável esterilizar roupas, papel, nem instrumentos metálicos cortantes.

Normalmente, uma esterilização em estufa deve ser realizada ininterruptamente a uma temperatura de 170°C durante 60 minutos ou 160°C durante 120 minutos. Os materiais a serem esterilizados devem ser dispostos dentro de recipientes metálicos fechados e podem ser armazenados para posteriores utilizações, desde que seus recipientes não sejam abertos e recontaminados.

A esterilização através de autoclave a vapor tem se apresentado como o método que reúne mais vantagens para a esterilização de instrumentos clínicos. As vantagens deste método decorrem de sua maior segurança, menor dano aos materiais e menor tempo dispendido. A esterilização através de vapor sob pressão pode ser realizada em diferentes ciclos, com diversidade de tempo e temperatura, dependendo do tipo, tamanho e marca da autoclave e dependendo dos tipos de instrumentais e materiais, invólucros e tamanho dos pacotes.

Os ciclos mais comumente utilizados são: 3 a 4 minutos a 134° C, 15 minutos a 134° C e 30 minutos a 121° C. Todos os materiais devem ser esterilizados dentro de pacotes pequenos, utilizando embalagens de papel grau cirúrgico. Os pacotes devem ser fechados com fita adesiva comum ou com seladora automática e etiquetados com a data da esterilização.

Leia sobre "Infecção8 hospitalar: informe-se e evite" e "Infecções9 oportunistas".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Secretaria de Justiça e Cidadania de São Paulo e da Biblioteca Virtual em Saúde.

ABCMED, 2024. Higienização de materiais médico-hospitalares. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/1465972/higienizacao-de-materiais-medico-hospitalares.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Microbiológica: Referente à microbiologia, ou seja, à especialidade biomédica que estuda os microrganismos patogênicos, responsáveis pelas doenças infecciosas, englobando a bacteriologia (bactérias), virologia (vírus) e micologia (fungos).
3 Desinfecção: Eliminação de microorganismos de uma superfície contaminada. Em geral utilizam-se diferentes compostos químicos (álcool, clorexidina), ou lavagem com escovas especiais.
4 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
5 Protozoários: Filo do reino animal, de classificação suplantada, que reunia uma grande parcela dos seres unicelulares que possuem organelas celulares envolvidas por membrana. Atualmente, este grupo consiste em muitos e diferentes filos unicelulares incorporados pelo reino protista.
6 Esporos: Estruturas unicelulares e uninucleares, resistentes ao calor e à dessecação, capazes de germinar em determinadas condições e reproduzirem assexuadamente o indivíduo que as originou.
7 Toxicidade: Capacidade de uma substância produzir efeitos prejudiciais ao organismo vivo.
8 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.

Artigos selecionados

Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.