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Ferritina - quando os níveis estão alterados!

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O que é a ferritina?

A ferritina é uma proteína globular que se localiza essencialmente no fígado1. A ferritina é a mais importante das proteínas2 que fazem reserva de ferro e é encontrada em todas as células3, especialmente naquelas envolvidas na síntese de compostos férricos e no metabolismo4 e reserva do ferro. A ferritina livre, isto é, sem estar combinada com o íon5 de ferro, é chamada de apoferritina. Foi descoberta por V. Laufberger em 1934.

Saiba mais sobre "Ferritina", "Ferritina baixa" e "Anemias".

Qual é o mecanismo de ação da ferritina?

A ferritina é uma macromolécula, no interior da qual são encontrados até 4.000 átomos de ferro. Em condições normais, isso representa cerca de 25% do ferro total encontrado no corpo. Ela está presente em todas as células3, especialmente naquelas envolvidas na síntese de compostos que contêm ferro e no metabolismo4 e reserva do ferro, sob a forma de depósitos intracitoplasmáticos, inclusões lisossômicas ou como aglomerados visíveis ao microscópio, chamados hemossiderina. O ferro da ferritina é facilmente mobilizável quando o organismo necessita dele.

A função primária da ferritina é a de acumular o ferro intracelular, protegendo a célula6 dos efeitos tóxicos do metal livre. A maior parte da ferritina no organismo encontra-se no fígado1 e nas células3 do sistema retículo endotelial dos demais órgãos, como baço7 e medula óssea8; quantidades menores encontram-se no coração9, pâncreas10 e rins11. Quantidades menores ainda, mas significativas, encontram-se no soro12 humano.

Quais são os níveis normais da ferritina no sangue13?

A ferritina pode ser medida a partir de um exame de sangue13 específico chamado “Dosagem de Ferritina” e, se normal, deve estar entre 40 a 200 ng/mL (nanograma por mililitro), podendo variar de acordo com o gênero e com a idade da pessoa.

A ferritina circulante reflete diretamente o nível de ferro estocado no organismo, sendo um dos parâmetros mais importantes para diagnóstico14 diferencial da anemia ferropriva15, detecção do excesso de ferro e avaliação do estado férrico. Quando seu valor está alterado, o exame indica que há um desequilíbrio no estoque do ferro disponível. Este não é um exame solicitado de rotina e geralmente só é feito quando há suspeita de alterações no metabolismo4 do ferro.

Quais são as principais características clínicas das alterações nos níveis da ferritina?

Um valor baixo de ferritina (deficiência de ferro) pode ocasionar fraqueza, dor de cabeça16, irritabilidade, fadiga17, cansaço, dificuldade em praticar exercícios, perversão do apetite (desejo de comer terra, por exemplo) e síndrome18 das pernas inquietas. Em geral isso ocorre quando há perdas excessivas de sangue13 (ulcerações19 digestivas, hemorragias20 digestivas, hemorroidas21, sangramentos menstruais abundantes, etc.) ou má absorção (diarreia22, gastrectomia, etc.). O déficit de ferro também ocasiona uma diminuição das defesas imunitárias e uma menor resistência às infecções23. Valores de ferritina inferiores ao valor normal indicam também um risco adicional de câncer24.

Um valor alto de ferritina geralmente indica sobrecarga de ferro no organismo. Isso ocorre em situações de estimulação de produção de ferritina pelo fígado1 e consequente liberação de ferro, podendo ocasionar fraqueza, impotência25 sexual, dor nas articulações26, hiperpigmentação da pele27, desordens no fígado1, aumento do coração9, com ou sem insuficiência cardíaca28 e aumento da glicose29 no sangue13. A ferritina se eleva também em resposta a infecções23, traumatismos, inflamações30 agudas, pacientes transfundidos, neoplasias31, hemocromatose32 e outras condições mais raras. Os níveis séricos de ferritina são normais ou ligeiramente elevados em pacientes com doença renal33 crônica.

Leia sobre "Anemia ferropriva15", "Síndrome18 das pernas inquietas" e "Hemocromatose32".

Como tratar as alterações nos níveis de ferritina? 

Em alguns casos, a ferritina baixa pode ser corrigida por uma dieta adequada, priorizando alimentos ricos em ferro e vitamina34 C, pois esta vitamina34 aumenta a absorção de ferro pelo organismo. Em outros casos pode ser necessário o uso de medicamentos e, nos casos mais graves, de transfusão35 de sangue13.

Alguns alimentos ricos em ferro que podem aumentar a ferritina são: carnes de boi ou porco, fígado1 de boi, miúdos de galinha, coração9, feijão, gema de ovo36, cereais matinais, beterraba e vegetais verde escuros (agrião, rúcula, espinafre, brócolis). O ferro da carne vermelha é mais facilmente assimilado pelo organismo do que aquele presente nos vegetais.

A vitamina34 C potencializa a absorção de ferro pelo organismo. Os principais alimentos ricos em vitamina34 C são: acerola, pimentão amarelo cru, folha de mandioca, caju, goiaba, laranja, cheiro verde, mamão papaia, kiwi e morango.

O tratamento para ferritina alta depende da sua causa, mas normalmente é complementado com a retirada de sangue13 para equilibrar os níveis de ferro e a adoção de dietas com poucos alimentos ricos em ferro ou vitamina34 C.

Veja também sobre "Microcitose" e "Transfusão35 de sangue13".

 

ABCMED, 2018. Ferritina - quando os níveis estão alterados!. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1329803/ferritina-quando-os-niveis-estao-alterados.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
2 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
5 Íon: Átomo ou grupo atômico eletricamente carregado.
6 Célula: Unidade funcional básica de todo tecido, capaz de se duplicar (porém algumas células muito especializadas, como os neurônios, não conseguem se duplicar), trocar substâncias com o meio externo à célula, etc. Possui subestruturas (organelas) distintas como núcleo, parede celular, membrana celular, mitocôndrias, etc. que são as responsáveis pela sobrevivência da mesma.
7 Baço:
8 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
9 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
10 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
11 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
12 Soro: Chama-se assim qualquer líquido de características cristalinas e incolor.
13 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
14 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
15 Anemia Ferropriva: Anemia por deficiência de ferro. É o tipo mais comum de anemia. Há redução da quantidade total de ferro corporal até a exaustão das reservas de ferro. O fornecimento de ferro é insuficiente para atingir as necessidades de diferentes tecidos, incluindo as necessidades para a formação de hemoglobina e dos glóbulos vermelhos.
16 Cabeça:
17 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
18 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
19 Ulcerações: 1. Processo patológico de formação de uma úlcera. 2. A úlcera ou um grupo de úlceras.
20 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
21 Hemorróidas: Dilatações anormais das veias superficiais que se encontram na última porção do intestino grosso, reto e região perianal. Pode produzir sangramento junto com a defecação e dor.
22 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
23 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
24 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
25 Impotência: Incapacidade para ter ou manter a ereção para atividades sexuais. Também chamada de disfunção erétil.
26 Articulações:
27 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
28 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
29 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
30 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
31 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
32 Hemocromatose: Distúrbio metabólico caracterizado pela deposição de ferro nos tecidos em virtude de seu excesso no organismo. Os locais em que o ferro mais se deposite são fígado, pâncreas, coração e hipófise.
33 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
34 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
35 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
36 Ovo: 1. Célula germinativa feminina (haploide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO. 2. Em alguns animais, como aves, répteis e peixes, é a estrutura expelida do corpo da mãe, que consiste no óvulo fecundado, com as reservas alimentares e os envoltórios protetores.
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