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Metabolismo do ferro

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O que é o metabolismo1 do ferro?

Dentre os micronutrientes2 necessários à vida, o ferro se destaca como um dos mais relevantes, estando envolvido na estrutura de diversos componentes orgânicos. Praticamente todos os seres vivos dependem de ferro para as boas reações metabólicas.

O metabolismo1 do ferro envolve a absorção, transporte, armazenamento e uso do ferro no organismo, mas é controlado principalmente através da absorção e não pela excreção do íon3. O ferro é perdido apenas através de hemorragias4 ou da eliminação de células5 velhas e/ou defeituosas.

Mulheres (que não menstruam) e homens perdem cerca de 1 mg de ferro por dia, quantidade que deve ser reposta por meio da alimentação ou da suplementação6 medicamentosa da substância.

Quais são as funções do ferro no organismo?

Nas partes biológicas que contêm ferro, ele se encontra inserido em estruturas conhecidas como grupo heme e centros ferro-enxofre, para citar só as de maior importância. O ferro é essencial para a formação de hemoglobina7, uma proteína presente nos glóbulos vermelhos, responsável por transportar oxigênio pelos vasos sanguíneos8 e pela distribuição dele por todo o organismo. A presença do ferro também é importante nos grupos heme das mioglobinas (proteínas9 musculares), propiciando um armazenamento de oxigênio nos músculos10. Entretanto, a atividade biológica de maior importância do ferro está relacionada à sua alta efetivada em reações de oxirredução que ocorrem na cadeia respiratória mitocondrial.

O corpo humano11 tem mecanismos para regular a absorção de ferro, a fim de evitar a acumulação excessiva e para garantir que haja quantidade suficiente disponível para as necessidades do corpo.

O consumo de ferro é essencial para que as células5 mantenham um aporte energético adequado à vida. No entanto, muitos seres vivos não conseguem aproveitar diretamente a abundância do ferro existente na Terra, pois a atmosfera terrestre é muito oxidante e a maior parte do ferro está na forma de óxidos de ferro, que não são absorvidos pelas células5, e os íons12 de ferro estão frequentemente na forma oxidada Fe3+, que necessitam de tratamento enzimático para serem utilizados, sendo também menos solúveis devido ao equilíbrio químico que estabelecem com a hidroxila da água, formando-se hidróxido de ferro.

Então, deve-se considerar apenas o ferro biodisponível, o qual está comumente associado a moléculas orgânicas ingeridas na alimentação, como as mioglobinas da carne e as proteínas9 da cadeia respiratória mitocondrial, dentre outras.

Saiba mais sobre "Ferritina", "Ferritina baixa", "Anemias" e "Plaquetas13 baixas".

Como o organismo obtém o ferro?

O ferro utilizado pelo organismo é obtido de duas fontes principais: (1) da dieta e (2) da reciclagem de hemácias14 senescentes15. Quanto à dieta, os principais alimentos ricos em ferro são as carnes (carnes vermelhas, frango, peixes e crustáceos), gema de ovo16, feijão e outras leguminosas e os vegetais verde-escuros. No que se refere às frutas, as mais ricas em ferro são, em ordem decrescente, o damasco seco, a uva-passa e o coco seco. Ele também pode ser encontrado em pistaches, nozes, amendoins, amêndoas, castanhas do Pará, ameixas e outros alimentos.

As hemácias14 são destruídas pelo baço17 a cada 90 dias (sendo substituídas pelo sistema hematopoiético18), liberando o seu conteúdo em ferro.

No que diz respeito aos remédios, existem várias medicações contendo ferro, alguns exemplos dos quais incluem sulfato ferroso, fumaratos ferrosos, gluconato ferroso e polimaltose ferroso. A absorção do ferro ingerido se dá principalmente pelo epitélio19 duodenal e no jejuno20.

Uma vez introduzido no organismo humano, o transporte e o armazenamento do ferro são feitos principalmente pela transferrina e ferritina. A função da transferrina é transportar os átomos de ferro ao longo das vias circulatórias e entregá-los aos tecidos, sobretudo à medula óssea21. Certa quantidade de ferro é armazenada como ferritina e hemossiderina, mas em quantidades muito variáveis, conforme a situação das reservas desse elemento no organismo humano.

A ferritina é um complexo proteico hidrossolúvel, contendo cerca de 20% da sua massa em ferro. A hemossiderina é um complexo proteico insolúvel de ferro, contendo até 37% em massa de ferro. Esse elemento químico também está presente na musculatura do organismo humano, sob a forma de mioglobina. 

Quais são as repercussões orgânicas da falta ou do excesso de ferro? 

A quantidade diária necessária de ferro varia com a idade e o sexo e é sensivelmente maior na gravidez22. Os níveis normais de ferro no sangue23 de um homem adulto geralmente ficam entre 60 a 160 mcg/dL (microgramas por decilitro) e entre 40 a 150 mcg/dL para mulheres. A deficiência de ferro é uma condição comum que pode levar à anemia24.

Como quase todo o ferro do organismo está localizado na hemoglobina7 dos glóbulos vermelhos do sangue23 (hemácias14), os sangramentos crônicos e reiterados tornam-se a causa principal das deficiências de ferro. Em adultos, a deficiência de ferro geralmente resulta da perda de sangue23 (incluindo sangramento da menstruação25), mas em crianças e gestantes pode resultar de uma dieta inadequada.

Com a deficiência de ferro, desenvolve-se a anemia24, uma condição em que o corpo não tem glóbulos vermelhos saudáveis suficientes para transportar oxigênio para os tecidos, fazendo com que a pessoa se sinta fraca e cansada. Os sintomas26 da deficiência de ferro, incluindo a anemia24, são:

  • fadiga27;
  • fraqueza;
  • palidez;
  • dificuldade de concentração;
  • dificuldade de respiração;
  • dor de cabeça28;
  • tontura29;
  • sensação de formigamento ou dor nos braços e pernas;
  • dor no peito30;
  • batimento cardíaco rápido;
  • unhas31 quebradiças;
  • e infecções32 frequentes.

Já o excesso de ferro no organismo pode causar danos aos órgãos e aumentar o risco de doenças crônicas. Sua forma mais conhecida é chamada hiperferritinemia, que pode ser causada por várias condições, incluindo doenças genéticas como a síndrome33 de hemocromatose34, ou por outras condições, como o uso prolongado de suplementos de ferro. Os sintomas26 de excesso de ferro podem incluir:

  • dor abdominal;
  • náusea35;
  • vômitos36;
  • diarreia37;
  • perda de apetite;
  • cansaço;
  • fraqueza;
  • dores de cabeça28;
  • pele38 amarelada (icterícia39);
  • e alterações na cor da urina40.

A hiperferritinemia pode levar a complicações graves, incluindo danos no fígado41, cérebro42 e coração43. O tratamento envolve a redução da ingestão de ferro e, em casos graves, a remoção do ferro do corpo.

Leia sobre "Anemia ferropriva44", "Microcitose" e "Transfusão45 de sangue23".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da MSD Manuals e da Rede D’Or de Hospitais.

ABCMED, 2023. Metabolismo do ferro. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/1433275/metabolismo-do-ferro.htm>. Acesso em: 11 out. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
2 Micronutrientes: No grupo dos micronutrientes estão as vitaminas e os minerais. Esses nutrientes estão presentes nos alimentos em pequenas quantidades e são indispensáveis para o funcionamento adequado do nosso organismo. Exemplos: cálcio, ferro, sódio, etc.
3 Íon: Átomo ou grupo atômico eletricamente carregado.
4 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
5 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
6 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
7 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
8 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
9 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
10 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
11 Corpo humano: O corpo humano é a substância física ou estrutura total e material de cada homem. Ele divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A anatomia humana estuda as grandes estruturas e sistemas do corpo humano.
12 Íons: Átomos ou grupos atômicos eletricamente carregados.
13 Plaquetas: Elemento do sangue (não é uma célula porque não apresenta núcleo) produzido na medula óssea, cuja principal função é participar da coagulação do sangue através da formação de conglomerados que tamponam o escape do sangue por uma lesão em um vaso sangüíneo.
14 Hemácias: Também chamadas de glóbulos vermelhos, eritrócitos ou células vermelhas. São produzidas no interior dos ossos a partir de células da medula óssea vermelha e estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,5 milhões por milímetro cúbico, em condições normais.
15 Senescentes: Que está em processo de envelhecimento.
16 Ovo: 1. Célula germinativa feminina (haploide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO. 2. Em alguns animais, como aves, répteis e peixes, é a estrutura expelida do corpo da mãe, que consiste no óvulo fecundado, com as reservas alimentares e os envoltórios protetores.
17 Baço:
18 Sistema Hematopoiético: Sistema do corpo composto primariamente pela medulla óssea, baço, lifonodos (gânglios linfáticos) e tonsilas, envolvido na produção do sangue.
19 Epitélio: Uma ou mais camadas de CÉLULAS EPITELIAIS, sustentadas pela lâmina basal, que recobrem as superfícies internas e externas do corpo.
20 Jejuno: Porção intermediária do INTESTINO DELGADO, entre o DUODENO e o ÍLEO. Representa cerca de 2/5 da porção restante do intestino delgado após o duodeno.
21 Medula Óssea: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
22 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
23 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
24 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
25 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
26 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
27 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
28 Cabeça:
29 Tontura: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
30 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
31 Unhas: São anexos cutâneos formados por células corneificadas (queratina) que formam lâminas de consistência endurecida. Esta consistência dura, confere proteção à extremidade dos dedos das mãos e dos pés. As unhas têm também função estética. Apresentam crescimento contínuo e recebem estímulos hormonais e nutricionais diversos.
32 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
33 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
34 Hemocromatose: Distúrbio metabólico caracterizado pela deposição de ferro nos tecidos em virtude de seu excesso no organismo. Os locais em que o ferro mais se deposite são fígado, pâncreas, coração e hipófise.
35 Náusea: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc.
36 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
37 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
38 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
39 Icterícia: Coloração amarelada da pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo. Existem dois tipos de icterícia que têm etiologias e sintomas distintos: icterícia por acumulação de bilirrubina conjugada ou direta e icterícia por acumulação de bilirrubina não conjugada ou indireta.
40 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
41 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
42 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
43 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
44 Anemia Ferropriva: Anemia por deficiência de ferro. É o tipo mais comum de anemia. Há redução da quantidade total de ferro corporal até a exaustão das reservas de ferro. O fornecimento de ferro é insuficiente para atingir as necessidades de diferentes tecidos, incluindo as necessidades para a formação de hemoglobina e dos glóbulos vermelhos.
45 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
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