Síndrome de Vogt-Koyanagi-Harada
O que é síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
A síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada é uma condição rara, sistêmica, granulomatosa, que tem como alvo órgãos e tecidos ricos em melanócitos2, tais como olhos3, ouvido interno4, meninges5, sistema nervoso central6, pele7 e cabelos. Ela provoca inflamação8 na retina9 do olho10, frequentemente associada a problemas dermatológicos e auditivos.
A doença é relatada desde o século IX, quando o médico árabe Ali Ibn Isa fez o primeiro registro de uma inflamação8 ocular acompanhada de despigmentação ciliar. Mas, no decorrer dos séculos, os oftalmologistas Alfred Vogt, da Suíça (1906), Einosuke Harada (1926) e Yodhizo Koyanagi (1929), ambos do Japão, entre outros, fizeram relatos independentes da mesma condição. Na primeira metade do século XX, as desordens anteriormente descritas foram unificadas numa enfermidade única, a qual foi nomeada Síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada.
Quais são as causas da síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
A causa exata da doença de Vogt-Koyanagi-Harada permanece desconhecida, mas dados experimentais sugerem uma etiologia11 autoimune12 para a doença. Acredita-se que os sintomas13 sejam devidos a uma resposta anormal do sistema imunológico14 que ataca suas próprias células15 de pigmentos do corpo (melanócitos2). Além disso, fatores genéticos podem estar envolvidos.
Qual é o substrato fisiopatológico da síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
A síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada é uma doença inflamatória, multissistêmica, rara e autoimune12 contra proteínas16 da membrana dos melanócitos2, responsáveis pela produção de melanina17. Por isso, afeta estruturas pigmentares, como retina9, meninges5, ouvido interno4, pele7 e sistema nervoso central6.
Acomete preferencialmente mulheres de pele7 escura ou miscigenadas, na quarta década de vida, e caracteriza-se por uveíte18 bilateral, principalmente posterior, hipoacusia19 neurossensorial bilateral, meningismo e alterações de pele7, como vitiligo20.
O diagnóstico21 é essencialmente clínico, apoiado em achados a partir de retinografia22, ultrassonografia23 ocular e angiografia24 ocular fluoresceínica. O tratamento baseia-se em corticoterapia precoce e agressiva, seguida de imunomoduladores, como a ciclosporina, nos casos recidivantes25 ou refratários26.
O prognóstico27 apresenta relação com o tempo entre o diagnóstico21 e o início do tratamento. As principais complicações são as oculares, como catarata28, glaucoma29, membrana neovascular sub-retiniana e fibrose30 sub-retiniana.
Leia mais sobre "Vitiligo20", "Queda de cabelo31", "Uveíte18", "Zumbido no ouvido32".
Quais são as características clínicas da síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
A síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada apresenta predominância em indivíduos de origem asiática, indiana e latino-americana, bem como em indivíduos miscigenados de pele7 escura e negros, e é menos comum em brancos. Incide mais no sexo feminino, na proporção de cerca de 2:1. O início do acometimento em geral se dá entre a segunda e quarta décadas de vida, podendo ocorrer em qualquer idade. O acometimento na faixa pediátrica está associado a uma evolução mais agressiva.
Os sinais33 e sintomas13 dos acometidos pela síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada podem ser diferentes de pessoa para pessoa e algumas delas podem ter mais sintomas13 do que outras e, além disso, a intensidade dos sintomas13 pode variar em cada uma, de leves a graves.
Os sintomas13 ocorrem em diferentes fases. Na fase inicial, os sintomas13 podem incluir dor de cabeça34, tonturas35, rigidez do pescoço36, náuseas37 e vômitos38, perda de audição e zumbidos nos ouvidos.
Algumas semanas após a fase inicial, ocorre uma uveíte18, visão39 embaçada e pontos flutuantes na visão39, que são sinais33 de descolamento de retina9.
A fase seguinte ocorre algumas semanas ou meses após a fase de uveíte18 e pode incluir manchas brancas na pele7, mechas de cabelo31 branco, extensíveis aos cílios40 e sobrancelhas41, e queda de cabelo31.
A recorrência42 ocorre em cerca de metade das pessoas com a síndrome1 e podem incluir catarata28 (opacificação do cristalino43), glaucoma29 (aumento da pressão intraocular44) e crescimento anormal de vasos sanguíneos45 sob a retina9.
Como o médico diagnostica a síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
O diagnóstico21 é baseado nos sintomas13, exame clínico e estudos de imagem. Outras doenças mais comuns podem precisar ser excluídas antes que o diagnóstico21 da síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada seja feito.
Diante de casos em que sinais33 e sintomas13 oculares graves se associam a manifestações neurológicas, auditivas e doença dermatológica, um amplo diagnóstico21 diferencial precisa ser feito, envolvendo doenças inflamatórias, otorrinolaringológicas, oftalmológicas e do Sistema Nervoso Central6.
Como o médico trata a síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
O tratamento consiste na administração de altas doses de corticoides, sobretudo na fase aguda da doença, por um período de cerca de seis meses.
Como evolui a síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
O prognóstico27 geral da síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada geralmente é bom, quando o diagnóstico21 e o tratamento são feitos rapidamente. Embora a maioria das pessoas com a síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada desenvolva sintomas13 em ambos os olhos3, os problemas de visão39 e de audição podem melhorar com o tratamento.
Sintomas13 oculares mais crônicos, como catarata28, glaucoma29 ou atrofia46 ótica podem ocorrer. Os sintomas13 auditivos respondem à terapia com corticosteroides dentro de semanas a meses e normalmente recuperam-se por completo. As alterações da pele7 e a perda de cabelo31, no entanto, podem se tornar permanentes.
Quais são as complicações possíveis com a síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada?
As complicações da síndrome1 de Vogt-Koyanagi-Harada que podem levar à perda visual incluem catarata28 em cerca de 25% dos pacientes, glaucoma29 em 33% e membranas neovasculares sub-retinianas em cerca de 10%. O principal fator de risco47 para o desenvolvimento de catarata28, membranas neovasculares sub-retinianas e, até certo ponto, glaucoma29, é a inflamação8 intraocular crônica recorrente que pode ser resistente à terapia com corticosteroides.
Parece que o tratamento inicial com altas doses de corticoides e terapia prolongada de manutenção pode minimizar essas complicações e melhorar o prognóstico27 visual.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do GARD – Genetic and Rare Diseases Information Center.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.