Microcoria congênita - conheça a condição que causa pupilas muito pequenas
O que é microcoria congênita1?
A microcoria refere-se a uma condição na qual as pupilas dos olhos2 são menores do que o normal. Como o nome indica, a condição está presente desde o nascimento. Portanto, “microcoria congênita” refere-se a uma condição (extremamente rara) em que as pupilas são bilateralmente muito pequenas, de diâmetro de menos de 2 mm (“um furo de alfinete”) e pouco ou não reativas desde o nascimento, devido à insuficiência3 ou não existência do músculo dilatador da íris4. A condição é acompanhada, quase sempre, de defeitos de hipopigmentação e transiluminação, levando a erros de refração (miopia5, astigmatismo6) e, às vezes, a glaucoma7 de ângulo aberto juvenil.
A primeira menção da doença remonta a 1862, quando W. R. Wilde relatou uma série de três indivíduos não aparentados exibindo pupilas excessivamente pequenas e fixas, sem problemas neurológicos, uma condição que ele chamou de “miose congênita”.
Quais são as causas da microcoria congênita1?
A microcoria congênita1 é uma doença de transmissão genética, autossômica8 dominante. A doença tem sido associada a variações estruturais do cromossomo9 13q32.1. Além de comprometer o desenvolvimento da íris4, a modificação da arquitetura do cromossomo9 13q32.1 pode alterar também as vias de sinalização para o comprimento ocular axial e a regulação da pressão intraocular10. A condição ainda faz parte das manifestações conhecidas de um bebê nascido de mãe que sofre de hiperglicemia11 descontrolada e, em alguns casos, pode ocorrer esporadicamente.
Saiba mais sobre "Miopia5", "Astigmatismo6" e "Hipermetropia12".
Qual é o substrato fisiopatológico da microcoria congênita1?
Na microcoria congênita1 as fibras musculares13 dilatadoras estão ausentes ou subdesenvolvidas e há uma imaturidade do ângulo iridocorneano, onde o humor aquoso14 é drenado, o que desempenha um papel central na desregulação da pressão intraocular10.
Estudos ultraestruturais mostram falta de miofilamentos e desmina (proteína própria de células musculares15) nos processos citoplasmáticos do estroma16 das células17 pigmentadas anteriores da íris4, sugerindo falha no desenvolvimento completo das células musculares15 dilatadoras da pupila.
Quais são as características clínicas da microcoria congênita1?
Na microcoria congênita1, as fibras musculares13 dilatadoras da íris4 estão ausentes ou são subdesenvolvidas e ocorre também imaturidade no ângulo iridocorneano. A integridade da íris4 é necessária para regular a quantidade de luz que atinge a retina18 e a pressão intraocular10, e qualquer anomalia dela perturba essas funções.
Uma pressão intraocular10 elevada é um importante fator de risco19 para glaucoma7. Com isso, o glaucoma7 de ângulo aberto e a alta miopia5 estão frequentemente associados a esta condição.
Como o médico trata a microcoria congênita1?
As diretrizes de tratamento para microcoria congênita1 nunca foram estabelecidas, mas o glaucoma7 que a acompanha requer medicamentos ou cirurgia para diminuir a pressão dentro dos olhos2. Óculos ou lentes de contato podem ser usados para miopia5.
Quais são as complicações possíveis com a microcoria congênita1?
A miopia5 axial e o glaucoma7 juvenil de ângulo aberto são muito frequentes (80% e 30% de todos os casos, respectivamente). Foi sugerido que a imaturidade do ângulo da câmara contribui para o glaucoma7, e a miopia5 tem sido atribuída à fotoaversão e à pressão intraocular10 elevada.
Veja também sobre "Catarata20", "Glaucoma7", "Conjuntivite21", "Blefarite22" e "Uveíte23".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da National Library of Medicine - USA, da Agence Nationale de la Recherche – France e da The University of Arizona Health Sciences – USA.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.