A importância do leite materno
Alguns dados sobre a produção do leite materno
O leite materno é o leite secretado pelas glândulas1 mamárias das mulheres e das fêmeas de todos os animais mamíferos após darem à luz um bebê ou um filhote. O leite materno humano é produzido nos alvéolos2 mamários e eliminado pelos ductos mamários, quando sugado pelo bebê.
As mamas3 começam a crescer a partir da puberdade sob a ação hormonal de estrogênios e, na gravidez4, elas aumentam de tamanho pela ação combinada de estrogênios e gestagênios e produzem leite por ação da prolactina5, ajudada pela somatomamotropina coriônica humana. Durante o período gestacional, o estrógeno6 e a progesterona exercem a função inibitória da secreção do leite, mas depois a prolactina5 tem o efeito oposto, e promove assim a secreção de leite.
O leite materno é produzido a partir do sangue7. A dieta recomendada para a mãe é apenas uma fonte de energia e nutrientes de que ela precisa para produzir o leite materno. A grande maioria das mães produz leite suficiente para atender plenamente as necessidades nutricionais de seu bebê por seis meses, mas quanto mais o bebê suga, mais aumenta a produção do leite materno porque o esvaziamento das mamas3 estimula a produção de leite. Quando o leite permanece nos seios8, sua produção diminui.
Leia sobre "Amamentação9 ou aleitamento materno10" e "Aleitamento materno10: mitos, benefícios, dificuldades e soluções".
Por que o leite materno é tão importante?
O leite materno deve ser o primeiro e único alimento que o bebê recebe durante seus primeiros meses de vida. Ele é a melhor e a mais completa fonte de nutrição11 do bebê e, além disso, muitos componentes do leite materno ajudam a proteger o bebê contra infecções12 e doenças. A American Academy of Pediatrics recomenda com grande empenho a amamentação exclusiva13 durante os primeiros seis meses de vida, a partir dos quais podem ser introduzidos paulatinamente outros alimentos semissólidos, mas a amamentação9 deve continuar sendo parte importante da alimentação, pelo menos até os 12 meses.
A amamentação9 representa um grande benefício tanto para os bebês14 como para as mães. Para os bebês14, protege contra infecções12 e reduz as taxas de problemas de saúde15 posteriores, incluindo diabetes16, obesidade17 e asma18; para as mães, ajuda o útero19 a se contrair e a cessar mais rapidamente o sangramento que normalmente se segue ao parto, e pode ainda reduzir o risco de câncer20 de mama21 e de ovário22. Além disso, reforça os laços afetivos entre as mães e seus bebês14.
O leite secretado nos primeiros 3 a 5 dias após o nascimento é chamado colostro23. Esse leite é secretado em pequeno volume, mas composto de vários fatores para o desenvolvimento e proteção imediata do bebê, como água, leucócitos24, proteínas25, carboidratos e outros. Também o leite dito maduro continua incluindo esses mesmos nutrientes básicos essenciais e ainda acrescenta as gorduras.
Mas o leite materno tem um valor que vai além da nutrição11; ele está cheio de nutrientes que além de alimentar protegem o bebê:
- milhões de células26 vivas, entre as quais os glóbulos brancos, que reforçam o sistema imunológico27;
- mais de 1000 proteínas25
- mais de 20 aminoácidos
- mais de 200 açúcares complexos denominados oligossacarídeos
- mais de 40 enzimas
- fatores de crescimento que sustentam o desenvolvimento saudável
- grande variedade de hormônios
- vitaminas e minerais que sustentam o crescimento saudável e o funcionamento dos órgãos, além de ajudarem na formação dos dentes e dos ossos do bebê
- anticorpos28, que protegem o bebê de doenças e infeções
- ácidos graxos de cadeia longa, que têm um papel crucial no desenvolvimento do sistema nervoso29 do bebê
- cerca de 1400 microRNAs, que se pensa que regulem a expressão genética e ajudam a prevenir ou parar desenvolvimento de doenças.
E se a mãe não puder amamentar?
Se a mãe não puder amamentar, a primeira orientação é buscar ajuda junto ao médico para detectar a causa disso e, se possível, eliminá-la. Caso não consiga nenhum auxílio, a mulher pode recorrer a um banco de leite humano.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, somente as mães portadoras do vírus30 da imunodeficiência31 humana (HIV32) ou do vírus30 linfotrópico da célula33 humana (HTLV) não devem amamentar seus bebês14. Outras doenças infecciosas, embora sejam potencialmente contagiosas, não chegam a impedir a amamentação9. Mesmo exigindo cuidados ou procedimentos específicos para o não contágio34, elas não são transmitidas através do leite materno e a mãe pode amamentar, desde que tome os cuidados específicos para cada situação.
Dentre essas doenças estão a tuberculose35 e a hanseníase, condições em que a mãe pode retirar o leite e dar na mamadeira, se quiser evitar um contato físico com o bebê. Além dessas estão também a zika, a chikungunya, a dengue36, a febre amarela37 e as hepatites38 A, B e C. O pediatra deve sempre ser consultado sobre qual é a melhor maneira de administrar o leite materno em cada uma dessa situações.
Além disso, o leite materno é uma substância viva, e o leite vindo da mãe estará sempre adequado às fases de vida e outras necessidades do bebê. A mãe de um prematuro, por exemplo, terá um leite específico para o seu bebê. Se o bebê estiver com alguma infecção39, o leite materno vai produzir mais defesas para combater aquela infecção39. O organismo da mulher entende que precisa liberar mais anticorpos28, mais células26, mais defesas, para proteger esses bebês14 e combater a infecção39 da qual está acometido. O leite da ama de leite (e mesmo do banco de leite) não terá a mesma adequação.
A diferença fundamental do leite do banco de leite humano para o leite doado diretamente por uma outra mãe, é que no banco de leite ele é tratado, pasteurizado e, por isso, isento de qualquer possibilidade de transmissão de doenças.
Veja também sobre "Mastite40", "Mastalgia41" e "Doação de leite materno".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Instituto Fernandes Filgueira - Fiocruzl e da Sociedade Brasileira de Pediatria.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.