Meningocele e meningomielocele
O que é meningocele e meningomielocele?
A meningocele é um dos tipos de espinha bífida1. A espinha bífida1 é um defeito de nascença no qual o canal espinhal e a coluna vertebral2 não fecham antes do nascimento do bebê e a medula espinhal3 e as meninges4 (membrana que cobre a medula espinhal3) podem fazer protrusão nas costas5 da criança. Na meningocele, as vértebras se desenvolvem normalmente, mas a meninge é forçada para fora, através dos espaços intervertebrais. Esta é a forma mais branda de espinha bífida1, geralmente não associada a déficits neurológicos.
A meningomielocele, ou mielomeningocele6, é o tipo mais comum e também o mais grave de espinha bífida1. É um defeito congênito7 que ocorre quando a coluna vertebral2 e o canal espinhal não se fecham antes do nascimento do bebê e as meninges4, a medula8 e as raízes nervosas9 ficam expostas. Pacientes com essa condição têm uma bolsa na parte inferior das costas5 contendo elementos da coluna vertebral2, incluindo raízes nervosas9, partes da medula espinhal3, meninges4 e líquido cefalorraquidiano10.
Há um terceiro tipo de espinha bífida1, chamada espinha bífida1 oculta, que é a forma menos grave da anomalia e que não será tratado aqui.
Quais são as causas da meningocele e meningomielocele?
As três formas de espinha bífida1 ocorrem em cerca de três a quatro bebês11 por cada 10.000 nascidos vivos e a meningocele é a forma menos comum delas. Ainda não se sabe exatamente por que ocorrem a meningocele e a meningomielocele. É possível que a falta de ácido fólico antes e durante o início da gravidez12 prejudique o desenvolvimento da medula espinhal3, elas também podem ser parcialmente genéticas, e o diabetes13 materno, certos medicamentos e certo tipo de nutrição14 podem também ter um papel importante. A associação de meningocele com a síndrome15 do cordão umbilical16 é alta, embora não se tenha conseguido ainda determinar a correlação entre as duas coisas.
Saiba mais sobre "Ácido fólico", "Líquor17", "Meningites18" e "Coto umbilical do recém-nascido".
Qual é o substrato fisiológico19 da meningocele e meningomielocele?
Numa pessoa normal, o segmento medular contido entre as vértebras C1 a C8, controla os movimentos da região do pescoço20 e dos membros superiores; a medula8 torácica, entre T1 e T12, controla a musculatura do tórax21, abdômen e parte dos membros superiores; a coluna lombar, entre L1 e L5, controla os movimentos dos membros inferiores; e o segmento medular sacral, entre S1 e S5, controla parte dos membros inferiores e o funcionamento da bexiga22 e intestino. Na meningocele e na meningomielocele, os nervos envolvidos podem ser incapazes de controlar os músculos23 correspondentes, determinando paralisias e outros transtornos neurológicos.
A meningocele e a meningomielocele resultam de uma falha no desenvolvimento da extremidade caudal do tubo neural24, resultando em uma protrusão das meninges4 que podem conter diferentes elementos. Na meningocele, a bolsa hernial contém somente líquor17 (líquido cefalorraquidiano10 que banha o cérebro25 e a medula espinhal3) e pele26 sobreposta, mas não tem porções da medula espinhal3. Na meningomielocele, ela contém também, além do líquor17, elementos da coluna vertebral2, incluindo raízes nervosas9, partes da medula espinhal3 e das meninges4.
Quais são as características clínicas de meningocele e meningomielocele?
Os sintomas27 exatos e a gravidade da meningocele dependem de cada caso particular, mas costumam causar problemas nas funções das pernas, bexiga22 e intestinos28. Algumas crianças podem perder o controle total da bexiga22 ou do intestino. Suas pernas podem ficar parcial ou completamente paralisadas e/ou sem sensibilidade. Outras crianças são afetadas apenas levemente. Alguns outros sintomas27 acompanhantes podem ser estenose29 do canal vertebral30, deformidades ortopédicas, hidrocefalia31 (acúmulo de fluido no crânio32 que leva ao inchaço33 do cérebro25) e defeitos estruturais na parte do cérebro25 que controla o equilíbrio.
Na meningomielocele, além desses sintomas27 a criança também pode sofrer de paralisia34 parcial ou completa, ou falta de sensibilidade, bem como fraqueza e perda mais geral de controles e de outros defeitos congênitos35, como pé torto, pernas ou pés anormais. O bebê também pode ter hidrocefalia31, que é um excesso de líquido no crânio32.
Como o médico diagnostica a meningocele e meningomielocele?
Todos os pacientes de meningocele e meningomielocele devem ser avaliados radiologicamente logo após o nascimento. As radiografias simples mostram os defeitos na coluna e eventuais defeitos cranianos associados e outras anormalidades ósseas porventura existentes. A ressonância magnética36 é o melhor teste diagnóstico37 para estudar as anormalidades do tecido38 neural e avaliar qualquer hidrocefalia31 associada, é muito útil também na diferenciação da meningocele com a meningomielocele e com outras condições mórbidas. A ultrassonografia39 pode ser necessária para uma avaliação rápida da hidrocefalia31. Lesões40 subcutâneas muito pequenas podem permanecer não detectadas por períodos prolongados e normalmente não requerem tratamento específico.
Como o médico trata a meningocele e meningomielocele?
O tratamento da meningocele envolve uma abordagem multidisciplinar. A cirurgia é a técnica preferida, principalmente nas meningoceles grandes. Havendo suspeita de infecção41 do sistema nervoso central42 ou meningite43, o tratamento deve ser prontamente iniciado com antibióticos profiláticos e anticonvulsivantes. Os pacientes requerem monitoramento na unidade de terapia intensiva44 neonatal com avaliação de eletrólitos45 e do hemograma.
O médico provavelmente recomendará uma cirurgia para corrigir a meningomielocele enquanto a criança ainda é muito jovem, mas a criança precisará de acompanhamento durante toda a sua vida. Um médico precisará monitorar seu desenvolvimento. Se a criança sofre de problemas neurológicos, como bexiga22 ou função intestinal imprópria, pode ser necessário tratamento adicional para esses males, como o uso de um cateter. Qualquer problema muscular ou articular pode ser aliviado com fisioterapia46 e com o apoio de uma cinta ou cadeira de rodas.
Veja também "Ultrassonografia39 na gravidez12", "Banda amniótica e Síndrome15 da Banda Amniótica", "Gastrosquise" e "Como é a onfalocele?"
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Science Direct e do NIH – National Institute of Health.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.