Heparina: o que é e para que serve?
O que é heparina?
A heparina é um agente natural, encontrado em vários tecidos, fabricada principalmente no fígado1, podendo também ser fabricada artificialmente a partir de vísceras de porco ou gado. Tem ação anticoagulante2, uma vez que age inibindo a formação do coágulo3 a partir da inativação dos fatores de coagulação4 presentes no sangue5.
A heparina é um polissacarídeo polianiônico sulfatado pertencente à família dos glicosaminoglicanos. É composta por unidades dissacarídeas repetidas compostas por ácido urônico e um açúcar6 amido.
A heparina interage com a antitrombina, formando um complexo que inativa várias enzimas da coagulação4. Esta interação aumenta em mais de 1000 vezes a atividade intrínseca da antitrombina. Quando necessário, pode-se reverter o efeito da heparina através da administração de um antídoto7, chamado protamina.
A heparina injetável pode também ser administrada por via intravenosa, quando apresenta efeito imediato, ou por via subcutânea8, quando produz efeito mais prolongado, mas com início de ação algo mais dilatado, entre 20-30 minutos, e concentração sanguínea máxima (pico de atuação) após 2-4 horas.
Leia sobre "Anticoagulantes9", "Coagulograma" e "Coagulação4 intravascular10 disseminada".
Para que serve a heparina?
A heparina é usada para tratar e prevenir coágulos sanguíneos causados por certas condições ou procedimentos médicos. Apesar de suas outras utilidades, a heparina é usada hoje em dia principalmente como anticoagulante2 para prevenir os coágulos de sangue5 (trombos11) que, do contrário, poderiam se formar no interior do circuito dos aparelhos de hemodiálise12.
Esses trombos11 podem se desprender do local onde se formam e serem levados através da circulação13 sanguínea, causando a obstrução do fluxo de sangue5 no local para onde foi carreado e dar origem a uma embolia14. Tal evento pode ocorrer em pacientes com insuficiência renal15 e que estejam em programa de hemodiálise12. É por isso que é indicado para eles o uso de heparina.
A indicação correta de heparina por via venosa está sendo caracterizada progressivamente, havendo evidências consistentes de benefícios em algumas condições: angina16 instável, tromboembolismo17 pulmonar, manipulações vasculares18, isquemia19 cerebral por doença vascular20, etc. Ela deve ser excluída quando não existir consenso na indicação entre o médico assistente, o médico intensivista e a enfermagem e quando existir relato prévio de intercorrências graves com o seu emprego. Ela deve ser interrompida sempre que se identificar hematêmese21, melena22, enterorragia, hemoptise23, hematúria24 ou hemorragias25 cutâneo26-mucosas27, derrame28 pericárdico, pleural ou peritoneal, queda acentuada da hematimetria e procedimentos invasivos e cirurgias.
Veja também sobre "Sangue5 na urina29", "Melena22 e hematêmese21" e "Sangramento nasal".
Cuidados a serem observados por quem toma heparina
A heparina é uma medicação perigosa, porque usada inadequadamente pode ser fatal. Por essa razão, outros anticoagulantes9 com menores riscos são atualmente mais utilizados que ela. A heparina aumenta o risco de sangramento com risco de vida, que pode ocorrer mesmo várias horas depois se ter sido tomada. Por isso, a pessoa que tiver usado a heparina precisará de testes frequentes para medir o tempo de coagulação4 do sangue5.
Não se deve usar a heparina para lavar um cateter intravenoso, porque isso pode resultar em sangramento fatal (há um produto específico para uso na liberação do bloqueio de cateter). A pessoa que tiver sangramento descontrolado ou uma grave falta de plaquetas30 no sangue5 também não deve usar heparina. Tampouco a heparina deve ser usada nas pessoas que tenham "trombocitopenia31 induzida por heparina".
Procure atendimento médico de emergência32 se tiver sangramento ou hematomas33 incomuns, dor intensa no estômago34 ou nas costas35, cansaço incomum, sangramento nasal, sangue5 na urina29 ou nas fezes, tosse com sangue5 ou qualquer sangramento que não pare.
Certos medicamentos comuns podem aumentar o risco de sangramento enquanto a pessoa estiver usando heparina. Por isso, não inicie um novo medicamento sem informar a seu médico e ouvir a opinião dele. A pessoa também deve informar ao médico todos os medicamentos que vem usando, desde produtos prescritos até outros vendidos sem receita e que parecem simples.
A pessoa não deve usar este medicamento se for alérgico à heparina ou a produtos à base de carne de porco ou se tiver história de plaquetas30 baixas no sangue5 causada, ou não pelo uso da heparina, sangramento descontrolado, e se não for possível fazer frequentes exames de coagulação4 do sangue5 durante o tratamento.
Para garantir uma maior segurança, a pessoa deve informar ao médico se já teve endocardite36 bacteriana (infecção37 do revestimento do coração38), pressão alta grave ou descontrolada, distúrbio hemorrágico39 ou da coagulação4 do sangue5, distúrbio hemorrágico39 estomacal ou intestinal, alguma doença hepática40, ou, sendo mulher, se está menstruada.
Ainda não se sabe se a heparina prejudicará um bebê em gestação. De qualquer forma, a mulher deve informar ao médico se estiver grávida ou se planeja engravidar porque pode ser necessário usar uma forma de heparina que não contenha conservante. É sabido que a mulher não deve amamentar enquanto estiver usando heparina.
Saiba mais sobre "Embolia14 pulmonar", "Hemofilia41" e "Coagulopatias".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites Hospital Israelita Albert Einstein e U.S. National Library of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.