Circuncisão - como é o procedimento?
O que é circuncisão?
A circuncisão (latim: circumcidere = "cortar à volta"), também chamada peritomia ou postectomia, é a remoção cirúrgica do prepúcio1, pele2 que cobre a extremidade do pênis3, chamada “cabeça do pênis” (glande). Em certas partes do mundo este procedimento é bastante comum para meninos recém-nascidos. A circuncisão também é um procedimento possível após o primeiro mês de vida, mas o procedimento é mais complexo e a adaptação a ele é mais difícil.
Para algumas famílias, a circuncisão é um ritual religioso, embora outras vezes possa ser uma questão de tradição familiar, de higiene pessoal ou de cuidados preventivos de saúde4. Para outras pessoas, no entanto, a circuncisão parece desnecessária ou desfiguradora.
A circuncisão do recém-nascido é prática comum no mundo islâmico, nos EUA, em partes do sudeste asiático, da África e em Israel, onde é praticamente universal por motivos religiosos. Por outro lado, ela é relativamente rara na Europa, na América Latina e em partes do sul da África e em grande parte da Ásia.
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Quais são as motivações para se fazer uma circuncisão?
Quando se procura saber o que leva as pessoas a praticarem a circuncisão em bebês7 e crianças, os motivos religiosos pesam mais que os médicos. Em termos de História, o mais antigo documento escrito sobre circuncisão é proveniente do Antigo Egito.
A circuncisão entre bebês7 por motivos que não sejam de saúde4 está na origem de um debate ético, sendo por isso um procedimento controverso. Várias teorias têm sido propostas para a sua origem, incluindo como uma forma de sacrifício religioso ou rito de passagem praticada na adolescência, que marca a entrada de um rapaz na idade adulta. No Judaísmo, contudo, a circuncisão faz parte da lei religiosa e é uma prática comum entre mulçumanos, cristãos coptas e ortodoxos etíopes.
Assim, pois, na maior parte dos casos a circuncisão é uma cirurgia planejada e realizada em bebês7 e crianças por motivos culturais e religiosos. No entanto, em alguns casos pode ser realizada como tratamento médico para uma série de doenças, entre as quais casos problemáticos de fimose5, infecções8 crônicas do trato urinário9 e balanopostite10 que não responda a outros tratamentos. Ela está contraindicada em casos de determinadas anormalidades da estrutura genital ou má condição física geral.
Do ponto de vista preventivo11, os defensores não religiosos da circuncisão afirmam que existe um valor prático na circuncisão masculina. A circuncisão, no geral, está associada à diminuição da incidência12 de formas cancerígenas do papilomavírus humano (HPV) e à diminuição do risco de infecções8 do trato urinário9 e câncer6 do pênis3. A circuncisão impede a acumulação de esmegma13, uma secreção que pode se acumular entre o prepúcio1 e a glande e que se não for removida torna-se mal cheirosa e campo de cultivo de bactérias, além de provavelmente ter ação cancerígena. No entanto, a prevenção destas condições não justifica a circuncisão de rotina em todas as crianças.
A OMS (Organização Mundial de Saúde4) recomenda que a circuncisão seja parte integrante de programas de prevenção do HIV14 em regiões com elevada prevalência15 desse vírus16, como na África subsaariana. Fora disso, as posições das principais organizações de medicina do mundo em relação à circuncisão variam, desde aquelas que consideram que ela não apresenta benefícios e tem riscos significativos, até às que consideram que a circuncisão apresenta alguns benefícios de saúde4 que superam eventuais pequenos riscos. Enfim, não há consenso médico sobre se a circuncisão deve ou não ser praticada.
Em que consiste a cirurgia de circuncisão?
No procedimento mais comum, o prepúcio1 é aberto, as aderências removidas e a pele2 é separada da glande. Em seguida, é colocado um grampo próprio para estabilizar o pênis3 e a pele2 do prepúcio1 é cortada e removida. Para diminuir as dores e a ansiedade, pode ser feita uma anestesia17 local ou de aplicação tópica, embora mais raramente a anestesia17 geral seja também uma opção em adultos e crianças.
Os médicos especialistas recomendam a circuncisão de adultos principalmente quando estes sofrem de fimose5 (quando o prepúcio1 que cobre a glande não pode ser completamente retraído). No entanto, devido à maior complicação que esta circuncisão pode representar, é recomendável que os pais detectem a fimose5 ainda na criança, para que a cirurgia possa realizar-se mais cedo.
A circuncisão de adultos pode ser mais dolorosa do que em crianças. Há vários motivos para esse fato: (1) no pós-operatório, as ereções noturnas, normais e saudáveis num homem adulto, podem tornar-se muito dolorosas até a cicatrização total da ferida cirúrgica; (2) os adultos demoram mais tempo a habituar-se à condição de circuncidados, devido à extrema sensibilidade da glande, que agora descoberta pode provocar incômodo no seu contato com as vestes; (3) em homens que já tenham tido vivência sexual pode haver a ideia de uma perda de sensibilidade erógena.
Quais são as complicações possíveis da circuncisão?
Um estudo de 2010 verificou que as circuncisões realizadas por médicos em bebês7 apresentavam uma taxa de complicações de 1,5% e taxas de complicações ainda maiores (6%) em crianças mais velhas, com alguns casos de complicações graves. Entre as complicações mais comuns estão hemorragias18, infecções8 e remoção demasiada ou insuficiente da pele2 do prepúcio1. A circuncisão não aparenta ter impacto negativo na função sexual masculina.
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Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Mayo Clinic e do NHS – National Health Service [UK].
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.