Processo de cicatrização: fatores que facilitam ou que dificultam a cicatrização
O que é o processo de cicatrização?
Cicatrização é o processo de reparação de um tecido1 lesionado, criando um tecido1 novo. Este processo ocorre principalmente na pele2 e exige que o corpo ative e produza grande número de componentes moleculares, celulares e bioquímicos, que agirão para reparar os tecidos.
Essa recuperação muitas vezes não se realiza ad integrum (de modo integral) e deixa uma cicatriz3 no local reparado. Uma cicatriz3 é uma marca que é deixada (geralmente na pele2) após uma ferida ou uma lesão4 ter cicatrizado.
Como se dá o processo de cicatrização?
O processo de cicatrização se dá em 4 fases sucessivas:
- Hemostasia5
Fase inicial do processo de reparo tecidual, dá origem a uma série de eventos que iniciam a cicatrização. Ocorre um período transitório de vasoconstrição6 no local lesionado, acompanhado da formação de um coágulo7 composto de fibrina8, plaquetas9 e outras células sanguíneas10, as quais atraem as demais células11 que darão início ao reparo. - Inflamação12
Corresponde à limpeza natural do leito da ferida com a absorção do tecido1 desvitalizado e a remoção das bactérias pelas células brancas do sangue13. Clinicamente, observa-se edema14, vermelhidão e a presença de um exsudato15. - Proliferação
Esta talvez seja uma das fases mais importantes do processo. É quando ocorre a epitelização16 (formação de novo epitélio17), neoangiogênese (formação de novos vasos sanguíneos18) e deposição de matriz do material a ser reposto. A formação de um novo epitélio17, embora rudimentar, serve para barrar a entrada de microrganismos no ferimento. Um fato importante dessa fase da cicatrização é a formação, por volta do quarto dia, de um tecido de granulação19, constituído por vasos capilares20 sanguíneos recém-formados, tecido conjuntivo21 propriamente dito e leucócitos22, que preenchem o leito da ferida. - Remodelação
Fase final e mais longa, começa por volta do vigésimo dia e pode durar meses ou mesmo todo um ano. Aos poucos, a matriz antiga vai sendo desfeita e dando lugar à nova organização tecidual.
Esse processo termina com a formulação de uma cicatriz3. Cicatriz3 é a marca deixada na pele2 depois que o tecido1 lesionado é regenerado. Quando acontece a ruptura da derme23, o colágeno24 vai sendo remodelado de maneira que a lesão4 seja fechada até que haja a regeneração das células11 no local ferido.
As diversas formas de cicatrizes25 podem ser classificadas como:
- Cicatriz3 normotrófica: quando depois de reparado o local da lesão4 fica igual ao estado anterior.
- Cicatriz3 atrófica26: quando ocorre perda do tecido1 ou sutura27 cutânea28 inadequada, ficando uma depressão na área da ferida.
- Cicatriz3 hipertrófica: quando a organização do colágeno24 fica desarmoniosa com o tecido1 circunvizinho, com o novo tecido1 se elevando acima do nível da pele2.
- Queloides: quando ocorrem crescimentos anormais, porém benignos, de tecido1 cicatricial que ultrapassa os limites do ferimento.
- Bridas cicatriciais: quando ocorrem faixas ou ligaduras de tecido conjuntivo21 que reúnem anormalmente dois órgãos. Podem ser localizadas nas articulações29 ou unirem outros órgãos corporais, limitando as funções deles.
Quais são os fatores que facilitam ou dificultam a cicatrização?
A cicatrização pode ser favorecida:
- por uma boa nutrição30, que compreenda a ingestão adequada de proteínas31, vitaminas e sais minerais;
- por uma hidratação correta;
- pela prevenção e controle de infecções32 na ferida;
- por descansar a área afetada;
- por uma boa circulação33 sanguínea local, que ajuda a transportar os nutrientes necessários para a área afetada e a remover resíduos;
- pelo tratamento adequado da causa subjacente;
- por cuidados adequados de limpeza e proteção com a ferida;
- por não escarificar34 o ferimento;
- por aplicação de pomadas cicatrizantes;
- etc.
De outro lado, a cicatrização pode ser negativamente afetada:
- por fatores como infecções32 por bactérias ou outros agentes;
- por diabetes35, que pode afetar a circulação33 sanguínea e a capacidade do corpo de combater infecções32;
- por má nutrição36, com uma dieta pobre em nutrientes essenciais;
- por alguns medicamentos, como corticoides e imunossupressores;
- por fumo, que diminui a circulação33 sanguínea e afeta a formação de novos vasos sanguíneos18;
- por obesidade37;
- por irradiação e idade avançada, que causam uma lentidão no processo cicatricial;
- por estresse e tensão prolongados;
- e por constantes reaberturas ou irritações das feridas.
Leia sobre "Macronutrientes38" e "Micronutrientes39".
Como tratar as cicatrizes25?
Por mais que sejam esperadas, algumas cicatrizes25 incomodam muito e causam um grande transtorno psicológico em virtude de sua aparência estética. A cicatriz3 é uma marca permanente e definitiva e uma das principais preocupações que gera é com o seu aspecto final, após uma cirurgia, por exemplo, sobretudo quando ela incide sobre uma área muito exposta. Mesmo conhecendo bem o tipo de pele2 do paciente e seus antecedentes cirúrgicos, não há como ter certeza sobre o desenvolvimento de uma cicatriz3 patológica ou inestética40.
Embora nenhuma cicatriz3 possa ser removida completamente, é possível melhorar seu aspecto, deixando-a menos evidente. Para tentar minimizar esse problema existem alguns tratamentos com dermocosméticos, uso de laser e até a cirurgia. O objetivo desses tratamentos é de melhorar o aspecto estético da cicatriz3, diminuindo seu tamanho, sua textura e deixando-a com uma coloração mais próxima possível do tom da pele2.
A revisão cirúrgica com técnicas avançadas de fechamento da ferida é o melhor tratamento que pode ser aplicado a uma cicatriz3 incômoda. Chamada de ressecção de cicatrizes25, ela pode proporcionar um resultado estético mais agradável ou melhorar o posicionamento de uma cicatriz3 que tenha ficado em alguma parte mais aparente do corpo. A cirurgia de ressecção de cicatrizes25 pode ser feita com anestesia41 geral ou local, na dependência da extensão da cicatriz3 e das preferências do paciente. Essa ressecção é feita por meio de incisões42 em toda a extensão da cicatriz3, após o que o cirurgião retira toda a cicatriz3. Realizam-se pontos internos absorvíveis e a parte externa pode ser fechada com pontos que ficam completamente escondidos dentro da incisão43. Pode-se optar por fechar a incisão43 também com o uso de uma fita biológica com cola, que sela a incisão43 completamente. A duração do procedimento varia entre 30 e 60 minutos, dependendo da cicatriz3 a ser remodelada.
Para as pessoas que não possam ou não queiram passar por uma cirurgia, há outros recursos dermatológicos que procuram tornar as cicatrizes25 menos aparentes:
- o microagulhamento, que estimula a produção de colágeno24, é um ótimo tratamento;
- a luz pulsada ajuda a melhorar a aparência de cicatrizes25 escuras ou avermelhadas e melhora a consistência de algumas marcas endurecidas;
- o peeling químico ajuda na melhora do aspecto da pele2;
- o preenchimento dérmico com o ácido hialurônico pode eliminar espaços que ficam retraídos;
- e a toxina44 botulínica (botox), além das suas várias outras funções, melhora as cicatrizes25 por ajudar no relaxamento da área aplicada.
Veja também sobre "Pele2 com manchas: pode ser melasma45", "Protetor solar ou filtro solar" e "Peeling de fenol".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da SBDRJ - Sociedade Brasileira de Dermatologia - Rio de Janeiro e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.