Gostou do artigo? Compartilhe!

Risco cirúrgico - o que devo saber sobre ele?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é risco cirúrgico?

O risco cirúrgico é um tipo de exame médico feito antes de toda e qualquer cirurgia, que visa avaliar o estado de saúde1 do paciente no período pré-operatório, calculado com base em escalas e padrões aprovados por sociedades médicas.

Essa avaliação deve levar em conta, além dos exames laboratoriais e de imagens, fatores como idade do paciente, doenças crônicas, histórico familiar do paciente e características do procedimento cirúrgico a ser executado.

Os riscos inerentes a uma cirurgia podem estar relacionados ao paciente, ao próprio procedimento e à capacidade da instituição na qual ela será realizada.

Quanto ao paciente, devem ser levados em conta:

  1. sua idade;
  2. estado geral de saúde1;
  3. obesidade2;
  4. tabagismo;
  5. alcoolismo;
  6. medicamentos utilizados;
  7. doenças associadas.

Quanto às cirurgias, é costume classificá-las em três níveis:

  1. Cirurgias de pequeno porte, que em geral não invadem cavidades do corpo. São, por exemplo, cirurgias reconstrutivas, cirurgia de mama3, tireoide4, dentre outras.
  2. Cirurgias de médio porte, como cirurgias ortopédicas, renal5, neurocirurgia, dentre outras.
  3. Cirurgias de grande porte, como cirurgias vasculares6 abertas, transplante hepático ou pulmonar, pneumectomia, dentre outras.

Por seu lado, a unidade de saúde1 precisa contar com condições e equipamentos condizentes com o procedimento a ser realizado.

Leia sobre "Hemorragias7", "Coagulograma" e "Transfusão8 de sangue9".

Por que fazer um exame do risco cirúrgico?

O risco cirúrgico pode ser tão importante para os pacientes quanto a própria cirurgia. Os dados fornecidos por ele, principalmente quando se desviam do normal, são vitais para que o cirurgião e o anestesista possam manejar o paciente corretamente.

Algumas pessoas só descobrem algum problema de saúde1 quando realizam um exame de risco cirúrgico. Além disso, a determinação prévia do risco cirúrgico ajuda a diminuir as chances de sequelas10, complicações e morte devidas à operação.

A avaliação do risco cirúrgico ajuda positivamente também nas intercorrências inesperadas durante a cirurgia, principalmente se o paciente integra grupos de risco.

Mas nem todas as pessoas precisam passar por todos os exames laboratoriais e/ou de imagens que normalmente compõem o risco cirúrgico. Os pacientes que mais se beneficiam com esses exames são os que têm fatores de risco, sintomas11 ou histórico que levantem alguma hipótese de doença.

Em cirurgias de maior porte, exames simples costumam ser requisitados, em especial aqueles que monitoram o sistema cardiovascular12, porque ele é o mais sobrecarregado durante procedimentos cirúrgicos e precisa estar em boas condições para responder às exigências da cirurgia. Caso ele não esteja no melhor de seu rendimento, o cirurgião pode reagendar ou até mesmo cancelar a cirurgia.

De um modo geral, os fatores que mais comumente representam risco nas cirurgias são:

De que consta o risco cirúrgico?

O paciente deve marcar uma consulta com um cardiologista19 para que este o examine e peça os exames necessários. De maneira geral, a avaliação clínica é a apuração mais relevante antes de uma cirurgia, sendo que outros exames podem ser recomendados para complementar esse diagnóstico20. Alguns exames constituem uma rotina, como exame de sangue9, eletrocardiograma21, coagulograma e radiografia de tórax22, mas outros mais específicos podem ser solicitados de acordo com cada caso. 

No entanto, a avaliação pré-operatória não precisa ser recomendada para todas as pessoas. Por exemplo, no caso de um paciente com menos de 40 anos, sem sintomas11, doenças crônicas ou histórico de patologias graves, que realizará um procedimento simples. Nesse cenário, os exames se revelam desnecessários. Muitas vezes, o exame pré-operatório irá apenas sugerir alguma mudança nos hábitos do paciente nos dias que precedem a cirurgia.

O risco cirúrgico é tradicionalmente conduzido por um médico especializado em cardiologia, haja vista que os riscos maiores são relativos ao sistema cardiovascular12.

Graus de gravidade do risco cirúrgico

Existem vários modelos de classificação dos graus de gravidade do risco cirúrgico. Aqui reproduziremos o mais utilizado entre nós, o da American Society of Anesthesiologists (ASA), que classifica o risco cirúrgico em seis níveis:

  • ASA 1: paciente sadio, sem distúrbios fisiológicos, bioquímicos ou psiquiátricos.
  • ASA 2: paciente com uma condição leve a moderada, que pode afetar a cirurgia ou a anestesia23, mas que não compromete a atividade normal do paciente, como a hipertensão24 controlada, por exemplo.
  • ASA 3: paciente com um distúrbio que compromete a sua atividade normal, impactando a anestesia23 e a cirurgia, como a arritmia25 cardíaca, por exemplo.
  • ASA 4: paciente que mostra uma desordem severa, que pode levar à morte e tem grande impacto na anestesia23 e na cirurgia, como insuficiência renal17, por exemplo.
  • ASA 5: paciente moribundo, que depende da operação para sobreviver.
  • ASA 6: paciente com morte cerebral26, que terá os órgãos removidos para doação.
Saiba mais sobre "Anestesia23 geral", "Raquianestesia" e "Anestesia23 peridural27 ou epidural28".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Rede D’Or – São Luiz – Maranhão e do National Institutes of Health.

ABCMED, 2022. Risco cirúrgico - o que devo saber sobre ele?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1407505/risco-cirurgico-o-que-devo-saber-sobre-ele.htm>. Acesso em: 18 nov. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
3 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
4 Tireoide: Glândula endócrina altamente vascularizada, constituída por dois lobos (um em cada lado da TRAQUÉIA) unidos por um feixe de tecido delgado. Secreta os HORMÔNIOS TIREOIDIANOS (produzidos pelas células foliculares) e CALCITONINA (produzida pelas células para-foliculares), que regulam o metabolismo e o nível de CÁLCIO no sangue, respectivamente.
5 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
6 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
7 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
8 Transfusão: Introdução na corrente sangüínea de sangue ou algum de seus componentes. Podem ser transfundidos separadamente glóbulos vermelhos, plaquetas, plasma, fatores de coagulação, etc.
9 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
10 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Sistema cardiovascular: O sistema cardiovascular ou sistema circulatório sanguíneo é formado por um circuito fechado de tubos (artérias, veias e capilares) dentro dos quais circula o sangue e por um órgão central, o coração, que atua como bomba. Ele move o sangue através dos vasos sanguíneos e distribui substâncias por todo o organismo.
13 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
14 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
15 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
16 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
17 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
18 Coagulação: Ato ou efeito de coagular(-se), passando do estado líquido ao sólido.
19 Cardiologista: Médico especializado em tratar pessoas com problemas cardíacos.
20 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
21 Eletrocardiograma: Registro da atividade elétrica produzida pelo coração através da captação e amplificação dos pequenos potenciais gerados por este durante o ciclo cardíaco.
22 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
23 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
24 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
25 Arritmia: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
26 Morte cerebral: Um dos conceitos aceitos para MORTE CEREBRAL é o de que “O indivíduo que apresenta cessação irreversível das funções cardíaca e respiratória OU cessação irreversível de TODAS as funções de TODO o encéfalo, incluindo o tronco cerebral, está morto“. Esta definição estabeleceu a sinonímia entre MORTE ENCEFÁLICA e MORTE DO INDIVÍDUO. A nomenclatura MORTE ENCEFÁLICA tem sido preferida ao termo MORTE CEREBRAL, uma vez que para o diagnóstico clínico, existe necessidade de cessação das atividades do córtex e necessariamente, do tronco cerebral. Havendo qualquer sinal de persistência de atividade do tronco encefálico, não existe MORTE ENCEFÁLICA, portanto, o indivíduo não pode ser considerado morto. Como exemplos desta situação, podemos citar os anencéfalos, o estado vegetativo persistente e os casos avançados da Doença de Alzheimer. Ainda existem vários pontos de discussão sobre o conceito de MORTE CEREBRAL.
27 Peridural: Mesmo que epidural. Localizado entre a dura-máter e a vértebra (diz-se do espaço do canal raquidiano). Na anatomia geral e na anestesiologia, é o que se localiza ou que se faz em torno da dura-máter.
28 Epidural: Mesmo que peridural. Localizado entre a dura-máter e a vértebra (diz-se do espaço do canal raquidiano). Na anatomia geral e na anestesiologia, é o que se localiza ou que se faz em torno da dura-máter.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.