Resistência à insulina
O que é resistência insulínica?
Chama-se resistência à insulina1 a situação em que a insulina2 perde parte da sua eficiência e não consegue mais transportar a glicose3 da circulação4 sanguínea para o interior das células5 do organismo, como acontecia anteriormente, principalmente para as células5 do fígado6, dos músculos7 e do tecido adiposo8, onde pode ficar acumulada como reserva de energia.
Quais são as causas da resistência à insulina1?
Embora haja algum grau de participação genética, a resistência à insulina1 é primariamente uma condição adquirida. As pessoas que portam fatores de risco genéticos ou de estilo de vida têm maior probabilidade de desenvolver resistência à insulina1 e, com isso, pré-diabetes9 e diabetes tipo 210.
Os fatores de risco incluem:
- obesidade11;
- idade (45 anos ou mais);
- um familiar com diabetes12;
- inatividade física;
- pressão alta;
- níveis anormais de colesterol13;
- história de diabetes gestacional14;
- história de doença cardíaca ou acidente vascular cerebral15;
- e síndrome16 dos ovários17 policísticos.
Junto a esses fatores de risco, contribuem também para a resistência à insulina1:
- certos medicamentos, como glicocorticoides, alguns antipsicóticos e alguns medicamentos para HIV18;
- distúrbios hormonais;
- e problemas de sono, especialmente apneia19 do sono.
Leia sobre "O papel da insulina2 no corpo" e "Prevenção do diabetes12 e suas complicações".
Qual é o substrato fisiopatológico da resistência à insulina1?
Para melhor compreender a resistência à insulina1, é necessário primeiro saber como este hormônio20 funciona. Ele é produzido pelo pâncreas21 e tem como finalidade transportar a glicose3 que está no sangue22 para o interior das células5, onde ela é usada como fonte de energia para manter os processos orgânicos em funcionamento. Dessa forma, a insulina2 ajuda a controlar a quantidade de glicose3 no sangue22.
Na resistência à insulina1, as células5 do corpo não respondem normalmente a esse hormônio20. A glicose3 não consegue penetrar nas células5 com a mesma facilidade e, por isso, se acumula no sangue22. Esse acúmulo de glicose3 no sangue22 faz com que o pâncreas21 produza mais insulina2 para ajudar a glicose3 a penetrar nas células5. Na medida em que isso possa acontecer normalmente, a glicose3 no sangue22 permanece em níveis normais. No entanto, quando mesmo esses níveis aumentados de insulina2 não forem capazes de exercer corretamente a sua função, a glicose3 se acumula no sangue22, gerando hiperglicemia23 (diabetes tipo 210).
Quais são as características clínicas da resistência à insulina1?
A resistência à insulina1 é silenciosa e durante muito tempo pode não apresentar sintomas24. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 90% dos pacientes com resistência à insulina1 acabam sofrendo de diabetes tipo 210, no entanto, a resistência à insulina1 pode preceder o diabetes tipo 210 por 10 ou 15 anos.
Além disso, a resistência à insulina1 pode favorecer inúmeras outras condições, como a obesidade11, a hipertensão arterial25, o aumento da chance de algumas neoplasias26 da mama27 ou do intestino, a diminuição do bom colesterol13, o aumento dos triglicérides28 (gordura29 no sangue22), o aumento do ácido úrico, esteatose hepática30, síndrome16 dos ovários17 policísticos, marcadores inflamatórios elevados, disfunção endotelial e predisposição à trombose31.
Quando muito avançada, pode manifestar-se como acantose nigricans32, que são manchas amarronzadas localizadas principalmente na região do pescoço33.
Como o médico diagnostica a resistência à insulina1?
O padrão ouro para medir a resistência à insulina1 é a medida hiperinsulinêmica-euglicêmica, no sangue22. No entanto, como esta é uma técnica de pesquisa com aplicabilidade clínica limitada, há uma série de outras medidas substitutas, incluindo os testes HOMA-ir34 e HOMA-beta (HOMA = sigla em inglês para Modelo de Avaliação da Homeostase), que avaliam e resistência à insulina1 e a função das células5 beta do pâncreas21, além de teste de triglicerídeos séricos e razão triglicerídeos/HDL35. Há ainda várias medidas que avaliam a resistência à insulina1 com base na glicose3 sérica e/ou na resposta da insulina2 a um teste de glicose3.
Alguns sinais36 indiretos de resistência à insulina1 incluem uma cintura de mais de 101 cm em homens e 88 cm em mulheres; pressão arterial37 superior a 130/80 mmHg; glicemia38 em jejum acima de 100 mg/dL39; triglicerídeos em jejum acima de 150 mg/dL39; nível de HDL35 abaixo de 40 mg/dL39 em homens e 50 mg/dL39 em mulheres; e manchas escuras e aveludadas na pele40, chamadas acantose nigricans32.
Como o médico trata e como evolui a resistência à insulina1?
A resistência à insulina1 não só pode ser prevenida como também pode ser revertida. Em ambos os casos, é fundamental uma mudança no estilo de vida. A pessoa deve ter uma dieta saudável, com baixas calorias41, que a ajude a perder peso. Deve também praticar atividade física regular tentando melhorar sua massa muscular. Em alguns casos especiais, o médico poderá orientar sobre o uso de alguma medicação.
A progressão da resistência à insulina1 pode levar à síndrome metabólica42, à gordura29 hepática43 não alcoólica e ao diabetes mellitus44 tipo 2.
Como prevenir a resistência à insulina1?
Embora a pessoa não possa alterar alguns fatores de risco, como histórico familiar, idade ou etnia, pode alterar outros, relacionados à alimentação, atividade física e peso corporal. Essas mudanças no estilo de vida podem diminuir as chances de a pessoa desenvolver resistência à insulina1, pré-diabetes9 ou diabetes tipo 210.
Um estudo do National Institutes of Health, dos Estados Unidos, mostrou que a perda de apenas 5 a 7% do peso corporal inicial ajudou a reduzir significativamente a chance de desenvolver doenças cardíacas.
Veja também sobre "Intolerância à glicose3", "Como medir a glicose3 no sangue22" e "Hemoglobina glicosilada45".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NIH – National Institutes of Health, da PubMed e da Cleveland Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.